Conceituação
É Importante, já de imediato, apresentar ao leitor o significado da palavra Iminência. Em primeiro lugar, a mesma não deve ser confundida com o termo "imanente", pois, dentro de uma linguagem teológica, tal termo se refere a ideia de que "Deus não está apenas transcendente, muito acima de nós, mas que está sempre conosco e ativo em nosso favor"[1]. Em segundo lugar, a mesma palavra não deve ser confundida com "eminente", pois é "reservado normalmente para reis e pessoas de distinção notável"[2]. A palavra eminente é um título de honra.
O termo "iminência" é usado dentro de um contexto escatológico "para descrever a vinda de Jesus para a igreja, a experiência do arrebatamento e para declarar que esse evento é o próximo no programa profético de Deus"[3]. Gerald B. Stanton acentua que "o pensamento primário expresso pela palavra "iminente" é de algo importante que está prestes a acontecer e poderia acontecer em breve. Embora esse evento não precise ser imediato, nem necessariamente muito em breve, é o próximo evento e pode acontecer a qualquer momento"[4]. Observe que Stanton frisa que iminência não é sinônimo de imediatismo. Iminência é uma coisa, imediatismo é outra completamente distinta. Levando em consideração esta verdade Pentecost argumenta: "há uma distinção a ser observada entre uma volta iminente de Cristo e uma volta imediata de Cristo. Em nenhum lugar as Escrituras ensinam que sua volta seria imediata, mas ensinam com total coerência que tal volta poderia ser esperada a qualquer momento[5].
Se faz necessário realçar a diferença entre o termo impendente e iminência. O primeiro está ligado a um evento potencialmente perigoso ou negativo, "mas se um evento é carregado de esperança e alegre expectativa, nós o expressamos com a ideia de "iminência" e com o adjetivo de "iminente". Entre os crentes, essas palavras normalmente estão relacionadas à possível breve vinda de nosso Senhor Jesus Cristo para levar a igreja no acontecimento alegre e monumental chamado de arrebatamento.
O cerne da Doutrina
A doutrina da Iminência envolve três verdades. Em primeiro lugar, "embora ninguém saiba a hora da volta de Cristo, Ele pode voltar a qualquer momento e é possível que Ele volte hoje; em segundo lugar, "o arrebatamento é um evento sem sinais, não será anunciado e será inesperado para a maioria das pessoas"; por último, "mais nenhum evento claramente profetizado precisa ocorrer antes do arrebatamento, pois isso seria datar a hora da vinda de Cristo".
Quando entendemos todas essas verdades, fica nítido de que é impossível alguém crer na iminência do arrebatamento e ao mesmo tempo viver de estipulações ou marcações de datas de quando este evento irá ocorrer. Este comportamento não faz jus a um entendimento futurista concernente as profecias bíblicas, pois "de acordo com o futurismo pré-tribulacional a data do arrebatamento não é ligada, de qualquer maneira a qualquer evento terreno que possa servir como base para a datação"[6]. Portanto, o arrebatamento é um evento/acontecimento sem sinais. Devido a tal fato, Thomas Ice escreve:
"Os que são futuristas pré-tribulacionais tem que abandonar o método futurista para especularem sobre uma data para o arrebatamento. O sistema futurista impede a datação. É por isso que futuristas que tentam marcar a data se voltam para algum tipo de historicismo que iguala a presente era à tribulação. Se, porém, o indivíduo está trabalhando debaixo da lógica da abordagem historicista, o historicismo não sustenta a doutrina do arrebatamento pré-tribulacional. Ao operar com base em princípios historicistas, o futurista solapa a base do arrebatamento pré-tribulacional que está tentando datar"[7].
Essa é uma das principais diferenças entre o Arrebatamento da Igreja e a Segunda Vinda de Cristo[8], pois, conforme frisa Rhon Rodes, "O arrebatamento é um acontecimento que não requer sinal de alerta prévio – totalmente contrário da Segunda Vinda de Cristo, a qual será precedida de muitos eventos durante os sete anos da Tribulação (Ver Ap 4-18)[9]. No seu livro "Manual de Escatologia", Pentecost argumenta:
"Muitos sinais foram dados à nação de Israel, os quais precederiam a segunda vinda, a fim de que a nação vivesse em expectativa quando Sua volta se aproximasse. Apesar de Israel não saber o dia nem a hora em que o Senhor voltaria, saberia que sua redenção se aproximava pelo cumprimento desses sinais. Tais sinais nunca foram dados à igreja. A igreja tem a ordem de viver à luz da vinda iminente do Senhor para transladá-la à Sua presença (Jo 14.2,3; At 1.11; 1 Co 15.51,52; Fp 3.20; Cl 3.4; l Ts 1.10; l Tm 6.14; Tg 5.8; 2 Pe 3.3,4). Passagens como 1 Tessalonicenses 5.6, Tito 2.13 e Apocalipse 3.3 alertam o crente a aguardar o próprio Senhor, não aguardar sinais que antecederiam Seu retorno. É verdade que os acontecimentos da septuagésima semana lançarão um prenúncio antes do arrebatamento, mas a atenção do crente deve ser sempre dirigida para Cristo, nunca aos presságios"[10].
Os eventos Atuais
Ao leitor, muito do que fora discutido e exposto até o prezado momento quanto a doutrina da iminência do arrebatamento pode ser algo "novo". Isso se dá ao fato de que por muitos anos Mateus 24-25 – principalmente – e outras passagens foram interpretadas como tendo um conteúdo profético que necessariamente precederia o arrebatamento da Igreja, entretanto, o "sermão profético" é dirigido aos discípulos de Cristo após os mesmos fazerem três perguntas centradas na Tribulação, logo, conforme Staton, e outros inúmeros teólogos pré-tribulacionistas, "A passagem,[...] é judaica e se relaciona a um contexto muito judaico. Por essa razão, nem a igreja nem o arrebatamento são mencionados [..][11]. Contudo, como ficaria o nosso entendimento concernente ao período presente? Em primeiro lugar, um bom intérprete deve manter o futuro no futuro. Devemos ter o cuidado para jamais misturar o futuro com o presente. Não obstante, obviamente que os eventos atuais possuem uma significância futura e sem dúvidas alguma se relacionam. A grande questão é esta: "qual seria uma visão coerente a respeito deste assunto"?!
De acordo com Thomas Ice, devemos afirmar que todo o cenário está sendo preparado para o grandioso programa escatológico do nosso Deus. A bíblia apresenta inúmeros eventos, atos, e nações que estão/estarão envolvidas com a "grande tribulação", e, com base nisso, podemos perceber claramente a "preparação divina para os setes anos finais das setentas semanas de Daniel". John F. Walvoord comenta:
"Não há base Bíblica para que se marquem datas para a volta do Senhor ou o fim do mundo... À medida que os estudiosos da Bíblia observam princípios corretos de interpretação, estão ficando cada vez mais cônscios de uma notável correspondência entre a tendência obvia dos eventos mundiais e o que a Bíblia predisse há séculos" (Armageddon, oil and the Middle East Crisis).
Portanto, "no cenário mundial contemporâneo há muitas indicações que levam a conclusão de que o fim desta era pode logo vir sobre nós. [...] nunca antes na história do mundo houve tal confluência de evidências significativas da preparação do fim" (John F. Walvoord; Israel in Prophecy). Isto posto, Thomas Ice Conclui: "alguns desdobramentos históricos que serve como preparação do cenário já estão lançando sua sombra sobre nossos dias. Incluem a apostasia religiosa, os preparativos para o Império Romano revivido na Europa, o Retorno de Israel à sua terra, o renascimento de antigos Inimigos de Israel como Iraque (a Babilônia) e o surgimento da Rússia como poder militar (a invasão de Gogue e Magogue) – todos eles como preparativos para eventos da Tribulação. Antes, porém, que a cortina seja erguida, a igreja subirá aos ares no arrebatamento"[12].
Notas_________________________________________________________
[1] Ice, Thomas; Danny, Timothy (Org); Quando a Trombeta Soar. pág, 214.
[2] Ibid.
[3] Ibid.
[4] Ibid.
[5] Pentecost, J. Dwight; Manual de Escatologia. pág, 234.
[6] Ice, Thomas; Danny, Timothy (Org); Quando a Trombeta Soar. pág, 18.
[7] Ibid., pág, 19.
[8] Entre os defensores do pré-tribulacionismo existem divergências quanto a relação do arrebatamento da igreja e a segunda vinda de Cristo. Alguns entendem o arrebatamento da Igreja como uma "primeira fase" do retorno de Cristo; outros, entendem como dois eventos completamente distintos. Particularmente, compreendo o arrebatamento como um evento totalmente distinto da segunda vinda de Cristo, assim sendo, faço coro com o segundo grupo. Em sua obra, Pentecost faz referência à 17 distinções entre o arrebatamento e a segunda vinda de Cristo. Ele conclui escrevendo: "Essas e outras contraposições que poderiam ser apresentadas apoiam a alegação de que se trata de dois planos diferentes que não podem ser unificados num só." (Pentecost, J. Dwight; Manual de Escatologia. pág, 268).
[9] Rhodes, Ron; A Cronologia do Fim dos Tempos. pág, 64.
[10] Pentecost, J. Dwight; Manual de Escatologia. pág, 261-262.
[11] Ice, Thomas; Danny, Timothy (Org); Quando a Trombeta Soar. pág, 239.
[12] Ibid., 25.
Dedicatória:
Ao meu amigo e irmão, Luiz Antônio.