O Dispensacionalismo é um sistema
teológico pós-Reforma, embora muitas de suas ideias estejam ligadas com a
igreja primitiva, o Dispensacionalismo é uma teologia relativamente nova,
começando a ser sistematizada em meados do século 19. Por incrível que se possa
imaginar, a teologia da Aliança se assemelha em tal aspecto, já que a mesma
começou a tomar forma no século 16. Não obstante, Sabendo que o
Dispensacionalismo é um sistema teológico que oferece explicações detalhadas
sobre Eclesiologia e Escatologia[1], “Algumas ideias Chaves associadas ao
dispensacionalismo, tais como pré-milenismo, a esperança para uma restauração
nacional para Israel e mesmo o pré-tribulacionismo, também foram mantidas em
séculos anteriores. O surgimento do dispensacionalismo está inserido em um
contexto de histórico-Teológico de grande expectativa em relação à nação de
Israel, que até mesmo teólogos estavam promovendo". William C Watson, na sua
obra, “Dispensacionalism before Darby”, conforme escreve Vlach: “Documenta de
maneira conclusiva uma forte esperança Apocalíptica, similar ao
dispensacionalismo, que existia entre importantes teólogos Ingleses no século
17 e 18”.
Mesmo não sendo o primeiro a defender muitas das ideias que ele promoveu, Darby, um dos ministros do Irmãos de Plymouth, é considerado o “Pai do Dispensacionalismo”. Enquanto esteve no Trinity College, em Dublin (1819), baseado em seu estudo de Isaías 32, Darby começou a crer numa futura salvação e restauração da nação de Israel; “Darby concluiu que Israel, numa futura dispensação, usufruiria de bençãos terrenas que seriam diferentes das bençãos celestiais que a igreja experimentaria. Ele observou uma clara diferença entre Israel e a igreja. Darby também passou a crer em um arrebatamento da igreja "a qualquer momento", que seria seguido pela 70ª semana de Daniel, quando Israel novamente estaria no estágio central do plano de Deus. Darby cria que após esse período haveria o reino milenar, quando Deus cumprirá suas promessas incondicionais com Israel". Darby, em seu próprio testemunho, afirmou que a sua teologia dispensacionalista fora totalmente formada em 1833. Contudo, Paul Enns, em sua obra, “The moody Handbook of theology”, escreveu que “Darby não adiantou o esquema do dispensacionalismo em nada mais do que cada dispensação faz, colocando o homem sob algumas condições; o homem tem alguma responsabilidade diante de Deus. Darby Também observou que cada dispensação combina em fracasso”; e, portanto, essas seriam as verdadeiras contribuições de Darby ao “sistema dispensacionalista” sem contar o fato dele identificar sete destas dispensações.
O Dispensacionalismo se popularizou devido a no mínimo quatro razões, sendo elas:
- A influência exercida pelos irmãos de Plymouth
- As conferências Bíblicas nos Estados Unidos
- Bíblia de Estudo Scofield
- Aberturas de Seminários
A influência exercida pelos irmãos de Plymouth
Após Darby, sendo um ministro dos Irmãos de Plymouth, sistematizar o dispensacionalismo, tal teologia tomou forma nos Irmãos no início do século 19, na Grã-Bretanha. E a todo historiador do Cristianismo, é inegável o fato que os Irmãos exerceram uma grande influência no protestantismo evangélico, sobretudo, em vários ministros nos E.U.A, como por exemplo: D. L. Moody, James Brookes, J.R Graves, A. J. Gordon e C. I. Scofield.
As conferências Bíblicas nos Estados Unidos
No ano de 1870 se deu várias conferências Bíblicas nos E.U.A e tais conferências, mesmo não sendo realizadas para promover o dispensacionalismo, ajudaram em sua propagação. As conferências do Niágara (1870 - início de 1900) é um grande exemplo disso, pois, devido ao fato do dispensacionalismo ter sido por várias vezes discutido ali, muitos dos participantes passaram a ter contado com a Teologia dispensacionalista pela primeira vez. Por outro lado, as Conferências Bíblicas e proféticas americanas (1978-1914), promoveram a teologia do dispensacionalismo. As conferências resultaram na criação de vários institutos que ensinavam a teologia dispensacionalista, sendo alguns deles: The Nyack Bible Institue (1882), The Boston Missionary Training School (1889) e o The Moody Biblie Institute (1889).
Bíblia de Estudo Scofield
Scofield, conforme supracitado, teve influências dos Irmãos Plymouth, e além disso, ele foi um dos participantes da conferência do Niágara. E após tal conferência, o mesmo produziu a Bíblia de Estudo de Scofield em 1909. Comentando sobre, Vlach Escreve: “Essa Bíblia de referência tornou-se um significativo distribuidor da teologia dispensacionalista e colocou uma Bíblia com notas de especialistas nas mãos de muitos. Até mesmo os críticos do dispensacionalismo ainda se referem a Bíblia de Estudo Scofield como o portador padrão das crenças dispensacionalistas”. Curioso é notar que após 35 anos do seu lançamento, a Bíblia de Estudo Scofield já tinha ultrapassado a marca de duas milhões de cópias vendidas.
Aberturas de Seminários
Logo Após o término da Primeira
Guerra Mundial, várias escolas Bíblicas dispensacionalistas foram fundadas,
sendo lideradas por um dos seminários teológicos mais conhecido no mundo atualmente, o
Dallas Theological Seminary (1924). E neste período o dispensacionalismo foi
promovido em moldes mais acadêmicos e formais.
Algo que torna o dispensacionalismo tão distinto, é a razão de tal sistema não possuir um credo ou confissão que congele o seu desenvolvimento ao longo da história. Em sua Obra, “Dispensacionalismo Progressivo”, acertadamente Blaising realçou que “o dispensacionalismo não tem sido uma tradição estática”. Através de autoanálise e exames, o dispensacionalismo muitas vezes revisou a si mesmo, e assim como ocorreu com outros sistemas teológicos, o dispensacionalismo viu mudanças e desenvolvimentos. Dessarte, atualmente podemos destacar quatro corretes/variações dentro do Dispensacionalismo, sendo elas:
Dispensacionalismo Clássico/Tradicional: J. N. Darby, Scofield, Lewis Sperry Chaffer
Dispensacionalismo Revisado/Modificado: John Walvoord, Dwight Pentecost, Charles Ryrie, Charles Feinberg
Dispensacionalimo Integrativo: Michael Vlach
Dispensacionalismo Progressivo: Craig
Blaising, Darrel Bock, Robert L. Saucy
[1] “A preocupação primária do
Dispensacionalismo é com a eclesiologia e escatologia, enfatizando a aplicação
da hermenêutica histórico-gramatical a todas as passagens da Escritura contidas
tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento. Faz necessário afirmar que
é intrínseco ao Dispensacionalismo uma distinção entre Israel e a Igreja como
também uma futura salvação e restauração da nação de Israel num futuro reino
terreno sob o governo de Jesus Cristo; sendo, portanto, o Messias, a base para
um reino mundial que trará bênçãos a todas as nações” https://lucasamaciel.blogspot.com/2020/08/mitos-sobre-o-dispensacionalismo-part-1.html
Dedicatória:
Dedico todo o conteúdo deste "Artigo" ao meu caro amigo e irmão em Cristo, Melk Damaceno. Ao me perguntar sobre a origem do dispensacionalismo, criou-se em mim o desejo de esvrever sobre o assunto.

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