sexta-feira, 26 de abril de 2019

O Cerne do Arminianismo é o Livre-Arbítrio?




O Cerne do Arminianismo

Alguns críticos do sistema soteriológico Arminiano alegam que o âmago de tal sistema é o livre-arbítrio, logo, na visão de tais críticos, o sistema arminiano começa e é controlado pela crença na liberdade da vontade humana. Mesmos estudiosos sérios que deveriam perceber esta falácia acabam caindo em tal espantalho, como por exemplo: Rick Ritchie, Kim Riddlebarger, Robert Peterson e Michael Williams.

O princípio da construção da doutrina Arminiana de hipótese alguma pertence ao liberber arbiterconforme Roger Olson: 
"este alto posto pertence a visão arminiana do caráter de Deus conforme discernido de uma leitura sinótica da Escritura, usando a revelação de Deus em jesus Cristo como o controle hermenêutico [...] O arminianismo inicia com a bondade de Deus e termina ao afirmar o livre-arbítrio"
O Carácter e a Bondade de Deus


O "Livre-arbítrio" faz parte da Teologia Arminiana pois o mesmo é encontrado por toda Bíblia, Como afirma Olson: "O livre-arbítrio é resultado da bondade e a bondade está embasada na revelação divina". Ao contrário do que e dito por alguns pseudos-intelectuais, estudiosos e Teólogos Calvinistas, Armínio na elaboração de sua soteriologia não a iniciou com o livre-arbítrio, mas sim com o compromisso com a bondade de Deus; "Sua teologia é cristocêntrica; Jesus Cristo é a nossa melhor pista para o caráter de Deus, e nele Deus é revelado como compassível, misericordioso, amável e justo". William Witt, erudito em Armínio, está correto ao afirmar:

"A maior preocupação de Armínio era evitar fazer de Deus o autor do pecado" Colocando sem rodeios, para Armínio, Deus não poderia preordenar ou causar direta ou indiretamente o pecado e o mal mesmo que ele quisesse (o que ele não faria), pois isso faria de Deus o autor do pecado. E a natureza boa e justa de Deus exige que ele deseje a salvação de todo ser humano. Tal visão é totalmente consistente com a Escritura (1 Tm 2.4; 2 Pe 3.9).

Armínio Escrevendo a Perkins e a Francisco Gomaro, ele não apelou a liberdade humana para critica-los, sendo eles defensores da Teologia Soteriológica de Calvino, mas apelou ao Carácter de Deus. Discutindo sobre queda do Homem sendo contrário a visão de Perkins - ele atribuía a Queda à deserção de Deus, da parte dos homens, de maneira voluntária, e, entretanto, também defendia que a Queda fora preordenada e tornada certa por Deus, que retirou a graça suficiente de Adão e Eva. - Ele escreveu: 

"eu pergunto se o homem poderia ter desejado não ser abandonado. Se você disser que ele poderia, então ele não pecou necessariamente, mas livremente. Mas se você disser que ele não poderia então a culpa recai sobre Deus. [...] nenhuma criatura racional foi criada por Deus com esta intenção, para que sejam condenados... pois isto seria injusto".

Conforme Roger Olson salienta: 

"Isto é crucial para o argumento de Armínio contra aqueles que dizem que a Queda aconteceu necessariamente por decreto de Deus e que Deus a desejou e a tornou certa. Então, Deus não é como é revelado ser em Jesus Cristo, nem é perfeitamente bom. Então a culpa recai sobre Deus. Há um lado obscuro em Deus".

O cuidado de Armínio em Zelar e proteger o carácter de Deus na formulação da sua Soteriologia o levou a reafirmar que "[se todas as coisas sucedem necessariamente por decretos divinos, incluindo a Queda] nós deduzimos... que Deus, de fato, peca... [qu]e Deus é o único pecador... [qu]e o pecado não é pecado" ele conclui ressaltando: "Esta doutrina é repugnante à natureza de Deus" e injuriosa à glória de Deus".


Conclusão

Levando em consideração consequência Lógicas e últimas, tanto o supralapsarianismo como infralapsarianismo - as duas principais vertentes do "Calvinismo" na época de Armínio - lida com as mesmas objeções ao fazer Deus preordenar a Queda, nos levando a mesma Conclusão: ele - Deus - é o "autor do pecado/mal". Em todos os seus escritos contra o calvinismo e a favor do livre-arbítrio, Armínio apelou à natureza e ao caráter de Deus. Ele tinha consciência que os calvinistas negavam que Deus é o autor do pecado ou que fosse, de alguma maneira, manchado pela culpa do pecado, mas ele insistia que esta é, todavia, uma inferência feita a partir do que eles acreditam. A primazia dada ao carácter de Deus e a sua bondade é o cerne do Arminianismo e sempre faz parte da retórica dos principais teólogos arminianos, como por exemplo: Simão Episcópio, Philip Limborch, João Wesley, Richard Watson, William Burton Pope, John Miley, Clark Pinnock, Fritz Guy, William G. MacDonald etc.






 Bibliografia
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Teologia Arminiana; Mitos e Realidades - Roger Olson



quinta-feira, 25 de abril de 2019

A Cognoscibilidade de Deus



Conceituação:

A palavra cognoscibilidade se origina da palavra em latin: cognoscibĭle "Característica ou particularidade do que é cognoscível; que se pode conhecer". Afirmar a existência de um Deus ou de um ser transcendente necessariamente não implica na possibilidade real de conhecê-lo, como também do quanto de tal "Deus" pode ser conhecido. Na cosmovisão Deísta, por exemplo, a existência de um "Deus" é defendida em detrimento a quaisquer visão contrária, mas intrínseco a tal cosmovisão, a possibilidade de conhecer tal "Deus" de forma pessoal é negada veementemente. 

Podemos Conhecer algo Sobre Deus? Podemos Conhecê-lo?

Dentro da Cosmovisão teológica-Filosófica Cristã a possibilidade de conhecermos a Deus em toda a sua totalidade é negada, entretanto, é afirmada por outro lado, que podemos conhecê-lo verdadeiramente. Tais proposições não são excludentes, e mesmo que sejam entendidas inicialmente como contraditórias, não as são. Neste momento estaremos abordando estes dois Pontos elencados 
  1. Jamais conheceremos Deus plenamente
  2. Entretanto, podemos conhecê-lo verdadeiramente.

 Jamais Conheceremos a Deus plenamente


As Sagradas Escrituras nos revela que Deus ele é infinito e nós somos finitos - em outras palavras, Criaturas.  Em Salmos 145:3 o Salmista ele ressalta  "a grandeza - de Deus - que não tem limites", no Salmos 147:5 ele deixa claro a impossibilidade de medir o seu entendimento "é  impossível medir o seu entendimento". O Apóstolo Paulo escrevendo a igreja de Corintos reafirma essa incompreensibilidade de Deus Escrevendo: 

O Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as coisas mais profundas de Deus [...]
ninguém conhece as coisas de Deus, a não ser o Espírito de Deus (1Co 2:10-11).
Escrevendo aos romanos e se utilizando de uma doxologia ele canta:

Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos (Rm 11:33).
Como afirma Wayne Grudem: "Esses versículos nos permitem levar nosso entendimento da incompreensibilidade de Deus um passo adiante. Não somente é verdadeiro que jamais podemos entender Deus plenamente; é também verdadeiro que nunca poderemos entender plenamente qualquer simples coisa a respeito de Deus:
  1. Sua grandeza
  2. Seu entendimento
  3. Seu conhecimento
  4. Suas riquezas
  5. Sua sabedoria
  6. Seus juízos
  7. Seus caminhos"
Ele continua:

"Todos eles estão além de nossa capacidade de entender plenamente [...] Não poderemos nunca conhecer os atributos de Deus de modo completo ou exaustivo"


Podemos Conhecê-lo Verdadeiramente


Embora a compreensão, entendimento e conhecimento exaustivo - Completo - da pessoa/Ser de Deus segundo as escrituras é impossível, podemos sim! conhecer aquilo que corresponde a realidade sobre a pessoa/Ser de Deus. As Escrituras afirmam: 
  1. Que Deus é amor
  2. Que Deus é Luz
  3. Que Deus é Espírito
  4. Que Deus é Justo
      (etc)

Com base nas Escrituras temos o conhecimento verdadeiro sobre Deus, ainda que o conhecimento exaustivo seja inverosímel. Algumas pessoas chegam a afirmar que não podemos dizer que conhecemos Deus propriamente, apenas alguns fatos ou ações, contudo as Sagradas Escrituras nos asseguram que não apenas fatos ou ações de Deus podemos conhecer, entender ou compreender (Parcialmente), mas que o próprio Deus conhecemos e que o mesmo pode ser conhecido (Jr 9:23-24; Jo 17:3; Hb 8:11;Gl 4.9; Fp 3:10; 1 Jo 2.3;; 4:8). Na primeira carta da João está Escrito: 

"E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro" (1 Jo 5:20) 

Na mesma epístola ele escreve:

"Filhinhos, eu lhes escrevi porque vocês conhecem o pai" (1Jo 2:14)

 Conclusão

Duas verdades podemos extrair sobre a cognoscibilidade de Deus segundo Wayne Grudem:

Em primeiro lugar:

"a doutrina da incompreensibilidade de Deus tem uma aplicação muito positiva para a nossa vida. Ela significa que nunca seremos capazes de conhecer "demais" a respeito de Deus, pois nunca poderemos exaurir as coisas que temos de aprender dele e, dessa forma, nunca - incluindo a eternidade - nos cansaremos de ter prazer na descoberta infindável da sua excelência e da grandeza de suas obras" (Acréscimo Nosso)

 Em Segunda lugar: 

"O fato de que realmente conhecemos Deus é posteriormente demonstrado pela percepção de que a riqueza da vida Cristã inclui o relacionamento pessoal com Deus [...] temos o privilégio muito maior que o de simplesmente conhecer fatos a respeito de Deus. Falamos com Deus em oração, e ele nos fala por meio da sua palavra. Comungamos com ele em sua presença, catamos louvores a ele e estamos conscientes de que ele pessoalmente habita  entre nós e dentro de nós (1Co 3:16) [...]". (Acréscimo Nosso)






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Bibliografia:
Manual de Doutrinas Cristãs - Wayne Grudem

Sites Visitados:



Dedico esta postagem a Lidiane Quérolin 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O Sinergismo e a Depravação Total na Soteriologia Arminiana





Durante os primeiros 400 anos da História do Cristianismo, podemos afirmar com extrema convicção, pelos escritos dos Pais da Igreja, que a posição adotada pelos cristãos acerca da mecânica da Salvação, foi, na maioria dos casos, o que posteriormente seria classificado, no final do século 16, como semi-pelagianismo; e nos demais casos, o que seria chamado posteriormente de arminianismo*;em outras palavras, o entendimento de todos os Pais da Igreja Pré-Agostinho em relação à mecânica da salvação era o que posteriormente seria designado, exageradamente, no final do século 16, como“sinergismo”.[1]

O Sinergismo e a Depravação Total na Soteriologia Arminiana

A expressão “exageradamente” fora aplicada anteriormente porque o termo sinergia, significa um conjunto de ações ou esforços simultâneos associados em prol de um mesmo fim, e que sugere implicitamente uma cooperação de formas mais ou menos equivalentes ou complementares para atingir um objetivo comum. Contudo; uma coisa que nenhum Pai da Igreja, teólogo arminiano ou semipelagiano defenderia – ontem ou hoje – é que a resposta cooperativa do homem ao chamado divino para Salvação é mais ou menos equivalente a de Deus no processo – entretanto, em detrimento a visão semi-pelagianista, os arminianos afirmam de forma mais clara e contundente que a salvação é uma obra totalmente divina. [2] Tomando com base as Sagradas Escrituras, os arminianos assevera que Deus não apenas propiciou a Salvação, mas também capacitou o livre-arbítrio do homem para entender as questões espirituais possibilitando-o a responder ao chamado divino. Por tal motivo nenhum homem pode vangloria-se, pois até mesmo a sua capacidade de responder foi dada por Deus; portanto, sem a ação divina, o homem não poderia ser salvo de forma alguma, pois ele, além de não poder prover a salvação para sim mesmo, não poderia responder de forma alguma ao chamado divino por ela. Logo, a salvação é propiciada por Deus.[3] Assim sendo, o ser humano tem apenas uma pequena participação – possibilitada por Deus – de carácter mais passivo do que ativo no processo inicial de sua Salvação; na fase inicial, só confia, aceita e se submete, e mesmo, depois de salvo, quando precisará se também ativo, “operando” a sua salvação com “temor e tremor” (Fp 2.12), isso só lhe será possível devido a sua nova natureza em Cristo gerada em seu ser pelo Espírito Santo, não se esquecendo do fato de que, ele precisará também continuamente do auxílio da graça divina, caso contrário a sua santificação e perseverança seriam impossíveis (Fp 2.13).[4] Entretanto, o Semi-Pelagiano em detrimento ao arminiano afirmará que Salvação fora propiciada por Deus. O ser humano apenas recebe aquilo que de graça foi feito por Deus em seu favor, e que jamais poderia realizar por si só; contudo, ele recebe tal salvação porque Deus, pela sua misericórdia preservou o seu livre-arbítrio, possuindo capacidade por si só de responder positivamente ao chamado divino.[5] Portanto, a diferença entre os semi-pelagianos e arminianos encontra-se no campo do entendimento da Depravação Total herdada pelo homem. [6]

A depravação total para os semi-pelagianos é Parcial, diferentemente da visão defendida pelos arminianos, que seria uma depravação Total. [7] Para os semi-pelagianos o livre-arbítrio paras as coisas de Deus fora preservado por Ele, possibilitando ao homem responder o chamado divino cooperando com a graça. Para os arminianos o livre-arbítrio fora comprometido após a queda, de maneira que para o homem responder ao chamado divino é necessário que Deus restaure o livre-arbítrio do homem para as coisas espirituais.[8]
Portanto, principalmente na visão arminiana, não há uma cooperação de forças mais ou menos equivalentes ou complementares para atingir o objetivo comum. Portanto, o termo sinergismo fora aplicada incorretamente para designar a Mecânica da Salvação defendida pelos teólogos semipelagianos e arminianos. Tal termo – sinergismo – fora utilizado pelos Luteranos monergistas radicais no final do século 16 para designar pejorativamente os luteranos filipistas [9] com o intuito e propósito claro de exagerar a posição adversária e desacreditá-la.[10] Para piorar, o termo “semi-pelagiano”[11] - igualmente impróprio, além de fortemente pejorativo – foi em tal período, juntamente com o termo “sinergismo”, utilizado para designar a posição dos antigos Cassianistas opositores de agostinho – de hipótese alguma poderiam ser chamados de semipelagianos, pois nem Agostinho os via dessa forma [12] – como também a posição Não-Cassiana dos Luteranos Arminianos.[13] Devido a isto – Termos aplicados pejorativamente a Mecânica Arminiana – grandes Teólogos arminianos como J. Mattew, E.Picirilli, F. Leroy Forline, Jeremy A. Evans, Mark Ellis, William der Boer, Richards Cross, Arthur Skevington Wood – como também o Teólogo Calvinista Gregory Graybill [14] – preferem chamar o “sinergismo” arminano de “Monergismo Condicional ou Monergismo com resistibilidade a Graça”, o qual definem como uma “recepção passiva do mérito ao invés de uma ativa obra cooperativa que ganharia mérito”, pois trata-se de uma “relação na qual a vontade e obra de Deus dentro do homem são bem-vindas numa atitude de confiança e submissão”.[15]

Apesar disso, o Teólogo Arminiano Roger Olson, continua mantendo o termo impróprio “sinergismo” para designar o arminianismo; contudo, o mesmo faz duas distinções sobre o significado e aplicação deste termo, sendo elas:

1. Sinergismo Herético ou Humanista:

Neste sinergismo o pecado original é negando e “as habilidades humanas morais e naturais são elevadas” para que a pessoa possa ter uma vida espiritual completa”. (Pelagianismo) ou então, o pecado original é suavizado para que o homem possa ter a habilidade de, “mesmo em seu estado caído, iniciar a salvação ao exercer uma boa vontade para com Deus. (Semi-Pelagianismo)

2. Sinergismo Evangélico:

Já o sinergismo evangélico “afirma a preveniência da graça para que todo ser humano exerça
uma boa vontade para com Deus (Arminianismo)[16]; Não esqueçamos que todas essas especificação decorrem do fato de que o termo “sinergismo” – se tomado em seu sentido estritamente literal, que sugere implicitamente uma relação “fifty-fifty” (50% a 50%) – se torna extremamente impróprio para designar o Arminianismo, e mesmo se caso for utilizado, o seu sentido precisa ser diferenciado, como faz Olson.[17]



Notas
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* Texto Publicado faz parte de um Resumo realizado do Livro: Arminianismo; A Mecânica da Salvação - Silas Daniel
1 Pag, 17
2 Pag, 17
3 Pag, 18
4 Pag, 18
5 Pag, 18
6 Pag, 19
7 Pag, 19
8 Pag, 19
9 (Filipistas) tal nome foi aplicado a luteranos seguidores de Felipe Melanchthon. Teólogo   Luterano Arminiano
10 Pag, 19
11 (Semi-Pelagiano) O termo fora utilizado pelo Calvinista rígido Teodoro de Beza em 1556 para se referir à doutrina católica romana esposada em seus dias. Inicialmente Beza nem pensou em aplicá-lo aos seguidores de Melanchton. Foi os Luteranos anti-arminianos que começaram a usar injustamente esse termo para se referir ao pensamento melanchthoniano, o que depois cairia no gosto Calvinista também.
12 Inúmeros especialistas asseveram o uso equivocado do termo “semi-pelagianismo” para se referir ao cassianismo e ao pessamento da maioria dos Pais da Igreja Pré-Agostinho, pois os chamados semi-pelagianos queriam ser qualquer coisa, menos “meios-pelagianos”. Seria mais correto chamá-los de “semi-agostinianos”, pois os tais se apoiaram na doutrina da graça e do pecado original de Agostinho – rejeitando explicitamente os pensamentos de Pelágio. Cassiano, por exemplo, classificou-o como herético – contudo, não desejaram seguir toda a doutrina pregada por Agostinho devido as suas consequências. (O autor, Silas Daniel, nas página 45-47, cita conteúdos de mais de 18 obras, de diferentes autores, que corrobora com tal afirmação supracitada)
13 Pag, 19
14 O autor, Silas Daniel, estará trazendo informações adicionais sobre cada Teólogo Citado; como por exemplo: formações acadêmicas e ocupações profissionais na areá da Teologia. Para obter tais informações, aconselho humildemente ao leitor
que adquira o respectivo Livro.
15 Pag, 20
16 Pag, 21
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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Introdução a Pneumatologia - A Divindade do Espírito Santo (Part 2)





Como poderemos saber que o Espírito Santo é Deus? Esta é uma que pergunta está explícita no Catecismo Maior de Westminter (1648). Poderemos extrair deste documento a seguinte resposta para a questão levantada, “basta olharmos para as Escrituras[...]”.

Geralmente, coloca-se o Espírito Santo como a terceira pessoa da trindade, acredito que por tal motivo o estudo sobre Espírito Santo, muitas vezes é desprezado. A expressão “terceira pessoa”, jamais deverá sair do cunho didático, pois “as três pessoas compartilham da mesma glória, do mesmo poder, compartilham o mesmo nome, Deus, e os mesmos atributos” (FERREIRA, 2015, pg. 56). Basílio de Cesareia, por exemplo, era extremamente contrário a esta enumeração, e podemos compreender o motivo. Para quem não domina a trindade, esse tipo de enumeração, torna-a possuidora de uma estrutura hierárquica entre as pessoas, logo, a sujeição de alguma para com a outra seria algo necessário, e isto é heterodoxo. Vale ressaltar que esse modo de pensar e tal “didática”, surgiu na realidade do explicar sobre as manifestações temporal da trindade. Gregório Nazianzeno detalhou esta revelação da pedagogia da “condescendência” divina da seguinte forma:


"O Antigo Testamento proclamava manifestamente o Pai, mas obscuramente o Filho. O Novo manifestou o Filho, mas fez entrever a divindade do Espírito. Agora o Espírito tem direito a cidadania entre nós e os concede uma visão mais clara de si mesmo. Com efeito, não era prudente, Quando ainda não se confessava a divindade do Pai, proclamar abertamente o Filho e, quando a divindade do ainda não admitida, acrescentar o Espírito Santo como um peso suplementar, para usarmos uma expressão um tanto ousada... É por meio de avanços e de progressões “de glória em glória” que a luz da Trindade resplandecerá em claridades mais brilhantes (NAZIANZENO, apud FERREIRA, 2015, pg. 211)"
Neste momento estaremos analisado os principais argumentos concernente a Divindade do Espírito Santo


Espírito Santo é chamado Deus e Senhor

Em At 5.3,4 o Espírito Santo é chamado Deus, vejamos:

Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. (Grifo nosso) 



Já em 2 Co 3.18, encontramos o seguinte, “E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito. Paulo citando Is 6.8,9. disse: "Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaias dizendo: Vai a este povo” (cf. At 28.25,26). Com isso Paulo identificou o Espírito Santo com Deus.

Atributos divinos são-lhe facultados

· Santidade (Jo 14.26; Is 63.10)

· Onipresença e imensidão (Sl 139.7-10; Jr 23.24)

· Onipotência (Lc 1.35; Rm 15.19)

· Onisciência (Is 40.13,14; Rm 11.34; 1Co 2.10-11; Jo 16.13; 2Pe 1.21)

· Eternidade (Hb 9.14; Gn 1.2)

· Glória (1Pe 4.14)

Realiza obras divinas

  Criação (Gn 1.2,3; Jó 33.4; Sl 33.6)

· Preserva e Governa (Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30)

· Regenera (Jo 3.5,6; Tt 3.5)

· Revela os eventos futuros (Lc 2.26; Jo 16.13; At 11.28; 1Tm 4.1)

· Ressurreição (Rm 8.11; 1Pe 3.18)

· Governa a Igreja (At 15.28; At 13.2; 20.28)

· Santifica (2Ts 2.13; 1Pe 1.2)

· Milagres (Mt 12.28)

· Iluminação (Ef 1.17,18)

· Confere Dons (1Co 12.4-11)

É adorado


Há inúmeras passagens que são claras sobre a identificação de que o Espírito Santo que proferiu a Escritura é Deus. Contudo, os trechos mais claros podem ser encontrados em At 1.6 que diz: “Homens irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus” e At 4.25,25 “E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há; Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs?

 É colocado em igualdade como pai e filho


“Quando o nome de Deus se junta com o do Filho e do Espírito Santo, assume o caráter de perfeição e de plenitude (Mt 28.19); trata-se de pensamento trinitariano ainda que falte aqui uma formulação trinitariana precisa “ BIETENHANHARD, apud MAIA, 2014, pg.471).

A igualdade entre as pessoas da trindade é confirmada em passagens que as ordens de citação de tais pessoas variam, como por exemplo em Romanos 1.21-22 e 2 Coríntios .13.13: O Filho é mencionado em primeiro lugar, depois o Pai, depois o Espírito Santo; 1 Pedro 1.2: O Pai é mencionado em primeiro lugar, depois o Espírito Santo, depois o Filho; Judas 20-21: O Espírito Santo é mencionado em primeiro lugar, depois o Pai, depois o Filho. Portanto, a divindade do Espírito Santo é clara na Bíblia.

Peca-se contra o Espírito Santo


Este é o argumento mais forte concernente a Divindade do Espírito ao nosso pensar. Em Mateus 12.31.32 está escrito: 

“e, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro”

A passagem é clara quanto a gravidade do ato de blasfemar contra o Espírito; “a imperdoabilidade deste pecado – a blasfêmia – envolve o fato dele ser Deus. Se o Espírito fosse uma força, não se pecaria contra ele; se por outro lado fosse apenas um ser pessoal finito, o pecado contra ele não seria imperdoável” (MAIA, 2014, pg. 473 – acréscimo nosso)
O substantivo βλασφημία, visto por duas vezes nos versículos citados anteriormente, origina-se do verbo βλασφημέω que tem o sentido de “injuriar”, “difamar”, “insultar”, “caluniar”, “maldizer”; tal verbo é formado por duas palavras, βλάψις derivada de βλάπω: “injuriar”, “prejudicar” e Φημί: “falar”, “afirmar”, “dar a entender”, “anunciar”. Como certa vez escreveu Calvino “A blasfêmia é um ato cometido por homens que deliberadamente guerreiam contra Deus. Essa é uma espantosa perversidade e uma monstruosa temeridade”.