segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Introdução a Pneumatologia - A Divindade do Espírito Santo (Part 2)





Como poderemos saber que o Espírito Santo é Deus? Esta é uma que pergunta está explícita no Catecismo Maior de Westminter (1648). Poderemos extrair deste documento a seguinte resposta para a questão levantada, “basta olharmos para as Escrituras[...]”.

Geralmente, coloca-se o Espírito Santo como a terceira pessoa da trindade, acredito que por tal motivo o estudo sobre Espírito Santo, muitas vezes é desprezado. A expressão “terceira pessoa”, jamais deverá sair do cunho didático, pois “as três pessoas compartilham da mesma glória, do mesmo poder, compartilham o mesmo nome, Deus, e os mesmos atributos” (FERREIRA, 2015, pg. 56). Basílio de Cesareia, por exemplo, era extremamente contrário a esta enumeração, e podemos compreender o motivo. Para quem não domina a trindade, esse tipo de enumeração, torna-a possuidora de uma estrutura hierárquica entre as pessoas, logo, a sujeição de alguma para com a outra seria algo necessário, e isto é heterodoxo. Vale ressaltar que esse modo de pensar e tal “didática”, surgiu na realidade do explicar sobre as manifestações temporal da trindade. Gregório Nazianzeno detalhou esta revelação da pedagogia da “condescendência” divina da seguinte forma:


"O Antigo Testamento proclamava manifestamente o Pai, mas obscuramente o Filho. O Novo manifestou o Filho, mas fez entrever a divindade do Espírito. Agora o Espírito tem direito a cidadania entre nós e os concede uma visão mais clara de si mesmo. Com efeito, não era prudente, Quando ainda não se confessava a divindade do Pai, proclamar abertamente o Filho e, quando a divindade do ainda não admitida, acrescentar o Espírito Santo como um peso suplementar, para usarmos uma expressão um tanto ousada... É por meio de avanços e de progressões “de glória em glória” que a luz da Trindade resplandecerá em claridades mais brilhantes (NAZIANZENO, apud FERREIRA, 2015, pg. 211)"
Neste momento estaremos analisado os principais argumentos concernente a Divindade do Espírito Santo


Espírito Santo é chamado Deus e Senhor

Em At 5.3,4 o Espírito Santo é chamado Deus, vejamos:

Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. (Grifo nosso) 



Já em 2 Co 3.18, encontramos o seguinte, “E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito. Paulo citando Is 6.8,9. disse: "Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaias dizendo: Vai a este povo” (cf. At 28.25,26). Com isso Paulo identificou o Espírito Santo com Deus.

Atributos divinos são-lhe facultados

· Santidade (Jo 14.26; Is 63.10)

· Onipresença e imensidão (Sl 139.7-10; Jr 23.24)

· Onipotência (Lc 1.35; Rm 15.19)

· Onisciência (Is 40.13,14; Rm 11.34; 1Co 2.10-11; Jo 16.13; 2Pe 1.21)

· Eternidade (Hb 9.14; Gn 1.2)

· Glória (1Pe 4.14)

Realiza obras divinas

  Criação (Gn 1.2,3; Jó 33.4; Sl 33.6)

· Preserva e Governa (Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30)

· Regenera (Jo 3.5,6; Tt 3.5)

· Revela os eventos futuros (Lc 2.26; Jo 16.13; At 11.28; 1Tm 4.1)

· Ressurreição (Rm 8.11; 1Pe 3.18)

· Governa a Igreja (At 15.28; At 13.2; 20.28)

· Santifica (2Ts 2.13; 1Pe 1.2)

· Milagres (Mt 12.28)

· Iluminação (Ef 1.17,18)

· Confere Dons (1Co 12.4-11)

É adorado


Há inúmeras passagens que são claras sobre a identificação de que o Espírito Santo que proferiu a Escritura é Deus. Contudo, os trechos mais claros podem ser encontrados em At 1.6 que diz: “Homens irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus” e At 4.25,25 “E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há; Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs?

 É colocado em igualdade como pai e filho


“Quando o nome de Deus se junta com o do Filho e do Espírito Santo, assume o caráter de perfeição e de plenitude (Mt 28.19); trata-se de pensamento trinitariano ainda que falte aqui uma formulação trinitariana precisa “ BIETENHANHARD, apud MAIA, 2014, pg.471).

A igualdade entre as pessoas da trindade é confirmada em passagens que as ordens de citação de tais pessoas variam, como por exemplo em Romanos 1.21-22 e 2 Coríntios .13.13: O Filho é mencionado em primeiro lugar, depois o Pai, depois o Espírito Santo; 1 Pedro 1.2: O Pai é mencionado em primeiro lugar, depois o Espírito Santo, depois o Filho; Judas 20-21: O Espírito Santo é mencionado em primeiro lugar, depois o Pai, depois o Filho. Portanto, a divindade do Espírito Santo é clara na Bíblia.

Peca-se contra o Espírito Santo


Este é o argumento mais forte concernente a Divindade do Espírito ao nosso pensar. Em Mateus 12.31.32 está escrito: 

“e, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro”

A passagem é clara quanto a gravidade do ato de blasfemar contra o Espírito; “a imperdoabilidade deste pecado – a blasfêmia – envolve o fato dele ser Deus. Se o Espírito fosse uma força, não se pecaria contra ele; se por outro lado fosse apenas um ser pessoal finito, o pecado contra ele não seria imperdoável” (MAIA, 2014, pg. 473 – acréscimo nosso)
O substantivo βλασφημία, visto por duas vezes nos versículos citados anteriormente, origina-se do verbo βλασφημέω que tem o sentido de “injuriar”, “difamar”, “insultar”, “caluniar”, “maldizer”; tal verbo é formado por duas palavras, βλάψις derivada de βλάπω: “injuriar”, “prejudicar” e Φημί: “falar”, “afirmar”, “dar a entender”, “anunciar”. Como certa vez escreveu Calvino “A blasfêmia é um ato cometido por homens que deliberadamente guerreiam contra Deus. Essa é uma espantosa perversidade e uma monstruosa temeridade”. 





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