sexta-feira, 26 de abril de 2019

O Cerne do Arminianismo é o Livre-Arbítrio?




O Cerne do Arminianismo

Alguns críticos do sistema soteriológico Arminiano alegam que o âmago de tal sistema é o livre-arbítrio, logo, na visão de tais críticos, o sistema arminiano começa e é controlado pela crença na liberdade da vontade humana. Mesmos estudiosos sérios que deveriam perceber esta falácia acabam caindo em tal espantalho, como por exemplo: Rick Ritchie, Kim Riddlebarger, Robert Peterson e Michael Williams.

O princípio da construção da doutrina Arminiana de hipótese alguma pertence ao liberber arbiterconforme Roger Olson: 
"este alto posto pertence a visão arminiana do caráter de Deus conforme discernido de uma leitura sinótica da Escritura, usando a revelação de Deus em jesus Cristo como o controle hermenêutico [...] O arminianismo inicia com a bondade de Deus e termina ao afirmar o livre-arbítrio"
O Carácter e a Bondade de Deus


O "Livre-arbítrio" faz parte da Teologia Arminiana pois o mesmo é encontrado por toda Bíblia, Como afirma Olson: "O livre-arbítrio é resultado da bondade e a bondade está embasada na revelação divina". Ao contrário do que e dito por alguns pseudos-intelectuais, estudiosos e Teólogos Calvinistas, Armínio na elaboração de sua soteriologia não a iniciou com o livre-arbítrio, mas sim com o compromisso com a bondade de Deus; "Sua teologia é cristocêntrica; Jesus Cristo é a nossa melhor pista para o caráter de Deus, e nele Deus é revelado como compassível, misericordioso, amável e justo". William Witt, erudito em Armínio, está correto ao afirmar:

"A maior preocupação de Armínio era evitar fazer de Deus o autor do pecado" Colocando sem rodeios, para Armínio, Deus não poderia preordenar ou causar direta ou indiretamente o pecado e o mal mesmo que ele quisesse (o que ele não faria), pois isso faria de Deus o autor do pecado. E a natureza boa e justa de Deus exige que ele deseje a salvação de todo ser humano. Tal visão é totalmente consistente com a Escritura (1 Tm 2.4; 2 Pe 3.9).

Armínio Escrevendo a Perkins e a Francisco Gomaro, ele não apelou a liberdade humana para critica-los, sendo eles defensores da Teologia Soteriológica de Calvino, mas apelou ao Carácter de Deus. Discutindo sobre queda do Homem sendo contrário a visão de Perkins - ele atribuía a Queda à deserção de Deus, da parte dos homens, de maneira voluntária, e, entretanto, também defendia que a Queda fora preordenada e tornada certa por Deus, que retirou a graça suficiente de Adão e Eva. - Ele escreveu: 

"eu pergunto se o homem poderia ter desejado não ser abandonado. Se você disser que ele poderia, então ele não pecou necessariamente, mas livremente. Mas se você disser que ele não poderia então a culpa recai sobre Deus. [...] nenhuma criatura racional foi criada por Deus com esta intenção, para que sejam condenados... pois isto seria injusto".

Conforme Roger Olson salienta: 

"Isto é crucial para o argumento de Armínio contra aqueles que dizem que a Queda aconteceu necessariamente por decreto de Deus e que Deus a desejou e a tornou certa. Então, Deus não é como é revelado ser em Jesus Cristo, nem é perfeitamente bom. Então a culpa recai sobre Deus. Há um lado obscuro em Deus".

O cuidado de Armínio em Zelar e proteger o carácter de Deus na formulação da sua Soteriologia o levou a reafirmar que "[se todas as coisas sucedem necessariamente por decretos divinos, incluindo a Queda] nós deduzimos... que Deus, de fato, peca... [qu]e Deus é o único pecador... [qu]e o pecado não é pecado" ele conclui ressaltando: "Esta doutrina é repugnante à natureza de Deus" e injuriosa à glória de Deus".


Conclusão

Levando em consideração consequência Lógicas e últimas, tanto o supralapsarianismo como infralapsarianismo - as duas principais vertentes do "Calvinismo" na época de Armínio - lida com as mesmas objeções ao fazer Deus preordenar a Queda, nos levando a mesma Conclusão: ele - Deus - é o "autor do pecado/mal". Em todos os seus escritos contra o calvinismo e a favor do livre-arbítrio, Armínio apelou à natureza e ao caráter de Deus. Ele tinha consciência que os calvinistas negavam que Deus é o autor do pecado ou que fosse, de alguma maneira, manchado pela culpa do pecado, mas ele insistia que esta é, todavia, uma inferência feita a partir do que eles acreditam. A primazia dada ao carácter de Deus e a sua bondade é o cerne do Arminianismo e sempre faz parte da retórica dos principais teólogos arminianos, como por exemplo: Simão Episcópio, Philip Limborch, João Wesley, Richard Watson, William Burton Pope, John Miley, Clark Pinnock, Fritz Guy, William G. MacDonald etc.






 Bibliografia
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Teologia Arminiana; Mitos e Realidades - Roger Olson



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