- Enquadrar um tema
- Resolver problemas
- Aprender a pesar evidências e eliminar os fatores irrelevantes
- Aperfeiçoar a capacidade de observar as distinções importantes em vez de confundi-las
Além disso, a disciplina do Estudo também auxilia no desenvolvimento de certas virtudes e valores:
- O desejo pela verdade
- A honestidade com os dados
- A abertura à crítica
- A auto reflexão
- A habilidade para se relacionar não defensivamente com aqueles que são de opinião contrária.
Levando em consideração tudo o que fora dito, o estudo em si mesmo é uma disciplina espiritual, e o simples ato de estudar pode mudar o eu. Obviamente que a disciplina do estudo não é exclusividade da Filosofia, contudo, conforme escreve Willian L. Craig, “ A filosofia está entre os mais dos rigorosos Campos do conhecimento, e a sua abordagem e conteúdo são tão centrais a vida, tão próximos a religião e fundamentalmente a outros Campos de investigação, que a disciplina do estudo filosófico pode ajudar o indivíduo que busca a verdade em qualquer outra área da vida ou da pesquisa Universitária”, portanto, a filosofia poderá facilitar a disciplina espiritual do estudo.
A filosofia e a Integração
Conforme conceitua Willian L Craig, integrar significa “misturar ou formar um todo”. A disciplina da filosofia é absolutamente essencial para a tarefa da integração. É importante frisarmos que a integração ocorre justamente “quando as convicções teológicas do indivíduo, principalmente baseadas nas Escrituras, estão misturadas e unidas a proposições julgadas como racionais por outras fontes, dentro de uma cosmovisão coerente e intelectualmente adequada”. Atualmente, entre muitos cristãos, a filosofia é vista com desdém e preconceito, fora o fato de muitos a terem como intrinsicamente hostil a fé cristã; entretanto, grandes homens na história da Igreja a tinha por primazia, como por exemplo: Justino Mártir, Agostinho, Anselmo, Tomás de Aquino, Calvino, Armínio, Jonathan Edwards, John Wesley, Francis Schaeffer, Carl Henry etc. Curioso é notar que William Wilberforce, homem de profunda devoção a Deus e de extrema Paixão pelo ministério prático, considerava o valor da filosofia e da apologética até mesmo para o ensino das Crianças na Igreja: “Numa idade em que sobra infidelidade, observamos os crentes instruindo suas crianças cuidadosamente nos princípios da fé que eles professam? Ou suprimindo suas crianças de argumentos para a defesa daquela fé?”. De acordo com Willian L. Craig, a necessidade da integração ocorre ao menos de três modos:
“Em primeiro lugar, a comunidade cristã precisa ir a todas as áreas do conhecimento para formar uma cosmovisão Cristã integrada e consistente com as escrituras. Segundo, uma pessoa atinge a maturidade à medida que se torna um ser integrado, não fragmentado, e uma das maneiras de se tornar uma pessoa integrada é possuir os vários aspectos da vida intelectual harmonizado[...]. Por fim, quando o Evangelho se confronta com uma nova cultura, a teologia Cristã deve se relacionar com ela de tal maneira que seja, ao mesmo tempo, sensível à cultura e fiel as Escrituras. Essa tarefa incluirá questões de valor, conhecimento e formas de pensar, e tais matérias envolvem essencialmente o esclarecimento e o comentário filosóficos”
Essas são algumas das razões pelas
quais a Igreja sempre considerou a filosofia necessária; C.S Lewis argumentou
que não estar apto para encontrar o inimigo no terreno dele era “ser ignorante
e ingênuo”, e tal deficiência geraria problemas práticos, pois, segundo ele, “seria
jogar ao chão nossas armas e atrair nossos irmãos iletrados que não tem, abaixo
de Deus, qualquer defesa contra os ataques intelectuais do pagão, exceto nós. A
boa filosofia deve existir, se não por outra razão, porque a filosofia ruim
precisa ser contestada”.
A filosofia e a Comunidade Cristã
Na obra, Kingdom and Community: The Social World of Early, John G. Gager afirmou que a presença dos Filósofos e Apologistas dentro da Igreja teve uma grande parcela na elevação da autoconfiança da comunidade cristã, pois a Igreja primitiva sofreu com o preconceito intelectual e cultural por parte dos Romanos e Gregos. Tal preconceito gerou alguns problemas quanto a coesão interna da Igreja e por incrível que se possa parecer, a coragem para evangelizar os incrédulos. E foram justamente estes homens que mostraram que a comunidade cristã era tão intelectual e culturalmente rica quanto a cultura pagã[1]. Logo, a disciplina da filosofia pode elevar a ousadia e a auto-imagem da comunidade cristã. Willian L. Craig salienta:
“É sabido que um grupo, especialmente um grupo minoritário, será vigoroso e ativo somente se estiver de bem consigo mesmo quando se comparar os de Fora. Além disso, haverá mais tolerância em vista das Diferenças internas do grupo e, assim, mais Harmonia, sempre que a comunidade se sentir confortável em relação aos outros [...] Devido a própria natureza da filosofia – suas áreas de estudo, sua importância em Responder questões fundamentais, as quais ela levanta e responde, e sua relação com a teologia –, o potencial dessa disciplina para aumentar a auto-estima da comunidade crente é enorme”.
Portanto, é nítido que historicamente a filosofia tem sido a principal disciplina a auxiliar a igreja na sua relação intelectual e cultural com os incrédulos, não necessariamente para mudar a imagem dos últimos em relação aos primeiros, mas que essa imagem não seja interiorizada por eles.
"Se os apologistas persuadiram ou não os críticos pagãos a rever sua visão a respeito dos crentes como tolos analfabetos, o certo é que eles tiveram sucesso em fazer incidir sobre o grupo como um todo uma imagem favorável de si mesmo como a corporificação da verdadeira sabedoria e devoção - John G. Gager"
[1] A obra, “Patrística; Padres
Apologistas, Paulos.”, evidencia esse fato.
Dedicatória
Dedico esta série a alguns amigos meus - preservarei seus nomes por puro constrangimento pessoal - que sendo ignaros desprezam a filosofia.



