O cerne da Doutrina
sexta-feira, 30 de abril de 2021
A Doutrina da Iminência do Arrebatamento
sábado, 24 de abril de 2021
Fé e Obras na Teologia de Tiago
Em Defesa de uma Fé Verdadeira
- Em primeiro lugar, a obediência deve acompanhar, necessariamente, o ouvir a palavra (Tiago 1.22)
- Em segundo lugar, Palavras de nada servem sem ações em um contexto na qual se faz de suma importância expressar ambas (Tg 2.15-16)
- Por fim, a fé desacompanhada de obras é morta (Tg 2.14-17)
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[3] Ibid., p. 591.
quarta-feira, 31 de março de 2021
Uma Justificação Cristã da Filosofia (Part 2)
- Enquadrar um tema
- Resolver problemas
- Aprender a pesar evidências e eliminar os fatores irrelevantes
- Aperfeiçoar a capacidade de observar as distinções importantes em vez de confundi-las
Além disso, a disciplina do Estudo também auxilia no desenvolvimento de certas virtudes e valores:
- O desejo pela verdade
- A honestidade com os dados
- A abertura à crítica
- A auto reflexão
- A habilidade para se relacionar não defensivamente com aqueles que são de opinião contrária.
Levando em consideração tudo o que fora dito, o estudo em si mesmo é uma disciplina espiritual, e o simples ato de estudar pode mudar o eu. Obviamente que a disciplina do estudo não é exclusividade da Filosofia, contudo, conforme escreve Willian L. Craig, “ A filosofia está entre os mais dos rigorosos Campos do conhecimento, e a sua abordagem e conteúdo são tão centrais a vida, tão próximos a religião e fundamentalmente a outros Campos de investigação, que a disciplina do estudo filosófico pode ajudar o indivíduo que busca a verdade em qualquer outra área da vida ou da pesquisa Universitária”, portanto, a filosofia poderá facilitar a disciplina espiritual do estudo.
A filosofia e a Integração
Conforme conceitua Willian L Craig, integrar significa “misturar ou formar um todo”. A disciplina da filosofia é absolutamente essencial para a tarefa da integração. É importante frisarmos que a integração ocorre justamente “quando as convicções teológicas do indivíduo, principalmente baseadas nas Escrituras, estão misturadas e unidas a proposições julgadas como racionais por outras fontes, dentro de uma cosmovisão coerente e intelectualmente adequada”. Atualmente, entre muitos cristãos, a filosofia é vista com desdém e preconceito, fora o fato de muitos a terem como intrinsicamente hostil a fé cristã; entretanto, grandes homens na história da Igreja a tinha por primazia, como por exemplo: Justino Mártir, Agostinho, Anselmo, Tomás de Aquino, Calvino, Armínio, Jonathan Edwards, John Wesley, Francis Schaeffer, Carl Henry etc. Curioso é notar que William Wilberforce, homem de profunda devoção a Deus e de extrema Paixão pelo ministério prático, considerava o valor da filosofia e da apologética até mesmo para o ensino das Crianças na Igreja: “Numa idade em que sobra infidelidade, observamos os crentes instruindo suas crianças cuidadosamente nos princípios da fé que eles professam? Ou suprimindo suas crianças de argumentos para a defesa daquela fé?”. De acordo com Willian L. Craig, a necessidade da integração ocorre ao menos de três modos:
“Em primeiro lugar, a comunidade cristã precisa ir a todas as áreas do conhecimento para formar uma cosmovisão Cristã integrada e consistente com as escrituras. Segundo, uma pessoa atinge a maturidade à medida que se torna um ser integrado, não fragmentado, e uma das maneiras de se tornar uma pessoa integrada é possuir os vários aspectos da vida intelectual harmonizado[...]. Por fim, quando o Evangelho se confronta com uma nova cultura, a teologia Cristã deve se relacionar com ela de tal maneira que seja, ao mesmo tempo, sensível à cultura e fiel as Escrituras. Essa tarefa incluirá questões de valor, conhecimento e formas de pensar, e tais matérias envolvem essencialmente o esclarecimento e o comentário filosóficos”
Essas são algumas das razões pelas
quais a Igreja sempre considerou a filosofia necessária; C.S Lewis argumentou
que não estar apto para encontrar o inimigo no terreno dele era “ser ignorante
e ingênuo”, e tal deficiência geraria problemas práticos, pois, segundo ele, “seria
jogar ao chão nossas armas e atrair nossos irmãos iletrados que não tem, abaixo
de Deus, qualquer defesa contra os ataques intelectuais do pagão, exceto nós. A
boa filosofia deve existir, se não por outra razão, porque a filosofia ruim
precisa ser contestada”.
A filosofia e a Comunidade Cristã
Na obra, Kingdom and Community: The Social World of Early, John G. Gager afirmou que a presença dos Filósofos e Apologistas dentro da Igreja teve uma grande parcela na elevação da autoconfiança da comunidade cristã, pois a Igreja primitiva sofreu com o preconceito intelectual e cultural por parte dos Romanos e Gregos. Tal preconceito gerou alguns problemas quanto a coesão interna da Igreja e por incrível que se possa parecer, a coragem para evangelizar os incrédulos. E foram justamente estes homens que mostraram que a comunidade cristã era tão intelectual e culturalmente rica quanto a cultura pagã[1]. Logo, a disciplina da filosofia pode elevar a ousadia e a auto-imagem da comunidade cristã. Willian L. Craig salienta:
“É sabido que um grupo, especialmente um grupo minoritário, será vigoroso e ativo somente se estiver de bem consigo mesmo quando se comparar os de Fora. Além disso, haverá mais tolerância em vista das Diferenças internas do grupo e, assim, mais Harmonia, sempre que a comunidade se sentir confortável em relação aos outros [...] Devido a própria natureza da filosofia – suas áreas de estudo, sua importância em Responder questões fundamentais, as quais ela levanta e responde, e sua relação com a teologia –, o potencial dessa disciplina para aumentar a auto-estima da comunidade crente é enorme”.
Portanto, é nítido que historicamente a filosofia tem sido a principal disciplina a auxiliar a igreja na sua relação intelectual e cultural com os incrédulos, não necessariamente para mudar a imagem dos últimos em relação aos primeiros, mas que essa imagem não seja interiorizada por eles.
"Se os apologistas persuadiram ou não os críticos pagãos a rever sua visão a respeito dos crentes como tolos analfabetos, o certo é que eles tiveram sucesso em fazer incidir sobre o grupo como um todo uma imagem favorável de si mesmo como a corporificação da verdadeira sabedoria e devoção - John G. Gager"
[1] A obra, “Patrística; Padres
Apologistas, Paulos.”, evidencia esse fato.
Dedicatória
Dedico esta série a alguns amigos meus - preservarei seus nomes por puro constrangimento pessoal - que sendo ignaros desprezam a filosofia.
segunda-feira, 29 de março de 2021
Dispensacionalismo; Origem, Propagação e Variações
O Dispensacionalismo é um sistema
teológico pós-Reforma, embora muitas de suas ideias estejam ligadas com a
igreja primitiva, o Dispensacionalismo é uma teologia relativamente nova,
começando a ser sistematizada em meados do século 19. Por incrível que se possa
imaginar, a teologia da Aliança se assemelha em tal aspecto, já que a mesma
começou a tomar forma no século 16. Não obstante, Sabendo que o
Dispensacionalismo é um sistema teológico que oferece explicações detalhadas
sobre Eclesiologia e Escatologia[1], “Algumas ideias Chaves associadas ao
dispensacionalismo, tais como pré-milenismo, a esperança para uma restauração
nacional para Israel e mesmo o pré-tribulacionismo, também foram mantidas em
séculos anteriores. O surgimento do dispensacionalismo está inserido em um
contexto de histórico-Teológico de grande expectativa em relação à nação de
Israel, que até mesmo teólogos estavam promovendo". William C Watson, na sua
obra, “Dispensacionalism before Darby”, conforme escreve Vlach: “Documenta de
maneira conclusiva uma forte esperança Apocalíptica, similar ao
dispensacionalismo, que existia entre importantes teólogos Ingleses no século
17 e 18”.
Mesmo não sendo o primeiro a defender muitas das ideias que ele promoveu, Darby, um dos ministros do Irmãos de Plymouth, é considerado o “Pai do Dispensacionalismo”. Enquanto esteve no Trinity College, em Dublin (1819), baseado em seu estudo de Isaías 32, Darby começou a crer numa futura salvação e restauração da nação de Israel; “Darby concluiu que Israel, numa futura dispensação, usufruiria de bençãos terrenas que seriam diferentes das bençãos celestiais que a igreja experimentaria. Ele observou uma clara diferença entre Israel e a igreja. Darby também passou a crer em um arrebatamento da igreja "a qualquer momento", que seria seguido pela 70ª semana de Daniel, quando Israel novamente estaria no estágio central do plano de Deus. Darby cria que após esse período haveria o reino milenar, quando Deus cumprirá suas promessas incondicionais com Israel". Darby, em seu próprio testemunho, afirmou que a sua teologia dispensacionalista fora totalmente formada em 1833. Contudo, Paul Enns, em sua obra, “The moody Handbook of theology”, escreveu que “Darby não adiantou o esquema do dispensacionalismo em nada mais do que cada dispensação faz, colocando o homem sob algumas condições; o homem tem alguma responsabilidade diante de Deus. Darby Também observou que cada dispensação combina em fracasso”; e, portanto, essas seriam as verdadeiras contribuições de Darby ao “sistema dispensacionalista” sem contar o fato dele identificar sete destas dispensações.
O Dispensacionalismo se popularizou devido a no mínimo quatro razões, sendo elas:
- A influência exercida pelos irmãos de Plymouth
- As conferências Bíblicas nos Estados Unidos
- Bíblia de Estudo Scofield
- Aberturas de Seminários
A influência exercida pelos irmãos de Plymouth
Após Darby, sendo um ministro dos Irmãos de Plymouth, sistematizar o dispensacionalismo, tal teologia tomou forma nos Irmãos no início do século 19, na Grã-Bretanha. E a todo historiador do Cristianismo, é inegável o fato que os Irmãos exerceram uma grande influência no protestantismo evangélico, sobretudo, em vários ministros nos E.U.A, como por exemplo: D. L. Moody, James Brookes, J.R Graves, A. J. Gordon e C. I. Scofield.
As conferências Bíblicas nos Estados Unidos
No ano de 1870 se deu várias conferências Bíblicas nos E.U.A e tais conferências, mesmo não sendo realizadas para promover o dispensacionalismo, ajudaram em sua propagação. As conferências do Niágara (1870 - início de 1900) é um grande exemplo disso, pois, devido ao fato do dispensacionalismo ter sido por várias vezes discutido ali, muitos dos participantes passaram a ter contado com a Teologia dispensacionalista pela primeira vez. Por outro lado, as Conferências Bíblicas e proféticas americanas (1978-1914), promoveram a teologia do dispensacionalismo. As conferências resultaram na criação de vários institutos que ensinavam a teologia dispensacionalista, sendo alguns deles: The Nyack Bible Institue (1882), The Boston Missionary Training School (1889) e o The Moody Biblie Institute (1889).
Bíblia de Estudo Scofield
Scofield, conforme supracitado, teve influências dos Irmãos Plymouth, e além disso, ele foi um dos participantes da conferência do Niágara. E após tal conferência, o mesmo produziu a Bíblia de Estudo de Scofield em 1909. Comentando sobre, Vlach Escreve: “Essa Bíblia de referência tornou-se um significativo distribuidor da teologia dispensacionalista e colocou uma Bíblia com notas de especialistas nas mãos de muitos. Até mesmo os críticos do dispensacionalismo ainda se referem a Bíblia de Estudo Scofield como o portador padrão das crenças dispensacionalistas”. Curioso é notar que após 35 anos do seu lançamento, a Bíblia de Estudo Scofield já tinha ultrapassado a marca de duas milhões de cópias vendidas.
Aberturas de Seminários
Logo Após o término da Primeira
Guerra Mundial, várias escolas Bíblicas dispensacionalistas foram fundadas,
sendo lideradas por um dos seminários teológicos mais conhecido no mundo atualmente, o
Dallas Theological Seminary (1924). E neste período o dispensacionalismo foi
promovido em moldes mais acadêmicos e formais.
Algo que torna o dispensacionalismo tão distinto, é a razão de tal sistema não possuir um credo ou confissão que congele o seu desenvolvimento ao longo da história. Em sua Obra, “Dispensacionalismo Progressivo”, acertadamente Blaising realçou que “o dispensacionalismo não tem sido uma tradição estática”. Através de autoanálise e exames, o dispensacionalismo muitas vezes revisou a si mesmo, e assim como ocorreu com outros sistemas teológicos, o dispensacionalismo viu mudanças e desenvolvimentos. Dessarte, atualmente podemos destacar quatro corretes/variações dentro do Dispensacionalismo, sendo elas:
Dispensacionalismo Clássico/Tradicional: J. N. Darby, Scofield, Lewis Sperry Chaffer
Dispensacionalismo Revisado/Modificado: John Walvoord, Dwight Pentecost, Charles Ryrie, Charles Feinberg
Dispensacionalimo Integrativo: Michael Vlach
Dispensacionalismo Progressivo: Craig
Blaising, Darrel Bock, Robert L. Saucy
[1] “A preocupação primária do
Dispensacionalismo é com a eclesiologia e escatologia, enfatizando a aplicação
da hermenêutica histórico-gramatical a todas as passagens da Escritura contidas
tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento. Faz necessário afirmar que
é intrínseco ao Dispensacionalismo uma distinção entre Israel e a Igreja como
também uma futura salvação e restauração da nação de Israel num futuro reino
terreno sob o governo de Jesus Cristo; sendo, portanto, o Messias, a base para
um reino mundial que trará bênçãos a todas as nações” https://lucasamaciel.blogspot.com/2020/08/mitos-sobre-o-dispensacionalismo-part-1.html
Dedicatória:
Dedico todo o conteúdo deste "Artigo" ao meu caro amigo e irmão em Cristo, Melk Damaceno. Ao me perguntar sobre a origem do dispensacionalismo, criou-se em mim o desejo de esvrever sobre o assunto.



