sábado, 19 de maio de 2018

O Ateísmo e as Suas Implicações Existenciais (Part 2)



Na publicação anterior procuramos mostrar que se Deus não existir, a vida não possui um sentido último [1]; neste momento, estaremos focando no segundo ponto que envolve as implicações existenciais do Ateísmo: "Se  Deus não existe, a vida não possui sentido, NEM VALOR, nem Propósito final"

Sem um Valor Último 

Richard Dawkins, um dos principais militantes contemporâneo daquilo que é chamado de Neo-Ateísmo, no seu livro "O rio que saía do Éden: Uma visão darwiniana da vida" após fazer uma avaliação do valor do ser humano, afirmou:  

"No final não há nenhum design, nenhum propósito nenhum mal, nenhum bem, nada mais do que uma insípida indiferença [...]"

Em um mundo sem Deus, quem pode dizer quais valores são certos e quais são errados? os valores morais são meras expressões do gosto pessoal ou subprodutos da evolução biológica ou do condicionamento social, nas palavras de Sartre, está é "a realidade nua e crua, a realidade sem valor da existência". Como muito bem afirma Willian L. Craig "Se Deus não existir, então não há um padrão objetivo do que seja certo ou errado"; logo, é impossível condenar a guerra, a opressão, os crimes ou o mal. Também não faz sentido alguém louvar a generosidade, ou o auto-sacrifício e nem o amor. Matar ou amar seria coisas moralmente equivalentes, pois em um universo sem Deus, como foi a conclusão de Dawkins "não há nenhum mal e bem"; logo, se Deus não existe, valores e deveres morais objetivos também não existem [2].
Convém salientarmos que tal argumento se origina das implicações existenciais da cosmovisão ateísta, já que em tão cosmovisão, os seres humanos são meros subprodutos acidentais da natureza, e uma vez que o seu "destino"  não tem qualquer relação final com o seu comportamento, você perfeitamente pode viver como bem entender, "Não se faz a menor diferença se você vive como um Stalin - ditador da antiga U.R.S.S que matou milhares de pessoas - ou como madre Teresa de Calcutá " (Willian L. Craig ). Devido ao carácter definitivo da morte [3], realmente não importa como se vive.

A Impossibilidade Prática 

A impossibilidade prática do ateísmo é algo irônico, principalmente em questões morais, pois vemos com frequência humanistas ateus afirmarem valores tradicionais como o amor e da irmandade entre os homens, e é aqui que ocorrem as inconsistências mais flagrantes to ateísmo-prático; é impossível defender o absurdo da vida [4] e uma ética de amor e valorização do próximo "Camus foi criticado justamente nesse ponto", Russell, indagado concernente as questões morais - o mesmo afirmava que não poderia viver como se os valores éticos fossem simplesmente uma questão de gosto pessoal - afirmou que não possuía uma resposta que conciliasse seu entendimento sobre valores e deveres morais com as implicações do Ateísmo, o absurdo da vida sem Deus. Sartre se encontrou no mesmo dilema, ao ponto de no seu ensaio "O Existencialismo é um humanismo" se esforçou em vão para fugir da contradição entre sua negação da existência de valores preestabelecidos por Deus e sua angustia de afirmar o valor dos seres humanos - foi esta angústia que fez Kant elaborar um argumento primoroso para a existência de Deus, levando em conta a consciência moral que o mesmo possuía "Duas coisas me enchem o espírito de admiração e de reverência ... o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim".

Assim sendo, uma coisa é declarar que tudo é permitido, outra coisa é se viver dessa forma, e de forma irônica, Camus, Russel, Freud,  Dawkins, Sartre, como também o próprio Nietzche perceberam isso - Nietzsche, que defendia a necessidade de ser viver além do bem e do mal, rompeu laços de amizade com o seu mentor, Richard Wagner, precisamente por discordar da visão antissemita do compositor e por seu notório nacionalismo. Conforme expressa Willian L. Craig:

"A grande verdade é que ninguém encontrará provavelmente um ateu que viva consistentemente seu próprio sistema de crenças, Pois um universo sem responsabilidade moral e destituído de valor é inimaginavelmente terrível"

Por tanto é em Deus  que encontramos o padrão de bondade e cuja as ordens se constituem em nossos deveres morais



Notas
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[1] https://lucasamaciel.blogspot.com.br/2018/05/o-ateismo-e-as-suas-implicacoes.html
[2] Dentro da Apologética Cristã existe o argumento que é chamado de "Argumento Moral", onde mostra que sem Deus não existiriam valores morais objetivos
[3] concepção Ateísta não concede escapatória a morte, e tira qualquer esperança do contrário.Este ponto é desenvolvido na publicação anterior, link se encontra na nota de número [1]
[4] Tal conceito é abordado na publicação anterior





terça-feira, 15 de maio de 2018

O Ateísmo e as suas implicações Existenciais (Part 1)




Jean-Pal Sartre, B. Russell, Albert Camus, Nietsche, Freud, Stewart C, Fiódor Dostoiévski, Richard Dawkins, H.G Wells, Steve Weinberg, C.S Lewis etc, foram Grandes Pensadores, Intelectuais e ateus, por alguma parte de sua vida ou por toda ela, que compreenderam as implicações do Ateísmo concernente a existência do Homem[1]. Devido a tão compreensão, alguns abandonaram a cosmovisão Ateísta - C.S Lewis é um grande Exemplo - e outros preferiram conciliar, numa tentativa desesperada e de forma contraditória - como veremos - tais implicações existenciais com as consequências  de tal cosmovisão. Como bem Frisou Willian L. Craig "Ninguém que conheça a fundo as implicações do ateísmo ousará dizer que tanto faz se Deus existe ou Não", e sabendo disso procuraremos de forma simples, mas não simplista, argumentar que se Deus não existir a vida é sem sentido, sem valor e também sem propósito[2]; conforme bem concluído por Filósofos Existencialistas Ateus, a vida sem Deus é Absurda, ou seja, se Deus não existe, logo, a vida é absurda. Como destacou  Willian L. Criag de forma precisa, "se Deus não existir, então, sentido, valor e propósito, são em ultima análise, meras ilusões humanas [...] consequentemente, absolutamente tudo será ilusão a despeito das crenças objetivas que possamos ter em contrário". 

A Vida é Absurda

As conclusões ateísta concernente a existência humana leva em consideração um fator primordial, como disse Sartre "Uma vez perdida a eternidade, não faz muita diferença se isso - a morte - demorar muitas horas ou muitos anos". Se Deus não existir,  o homem, como todos os demais organismos biológicos, como também o universo estão inevitavelmente fadados a morte. Sartre compreendeu de forma correta que sem a esperança da imortalidade, a vida humana caminha para a cova, a vida humana não passa de uma faísca na escuridão infinita, uma faísca que aparece, emite uma trêmula chama e se extingue. Consequentemente todo mundo deve ficar face a face com "a ameaça do não ser". Embora eu saiba que existo, que estou vivo, também sei que um dia não mais existirei, deixarei de existir, morrerei; logo, o que nos resta é apenas simplesmente aceitar tal fato. a concepção Ateísta não concede escapatória a morte, e tira qualquer esperança do contrário, devido a isso a consequência é que a própria vida se torna algo absurdo, pois não possui nenhum sentido, nem valor nem propósito. Referente a isto, estaremos analisando cada um dos pontos supracitados 


A Existência Humana não possui um Sentido Último

Bertrand Russell, um dos maiores Filósofos existencialista, afirmou que Não possuímos nenhuma alternativa concernente a existência, a não ser a opção de construir a nossa vida sobre "a firme fundação do mais obstinado e inflexível desespero", Camus, um filósofo francês argumentou "devemos reconhecer com honestidade o absurdo da vida [...]". Baseado nas concepção Ateísta e consequentemente os desdobramentos que surge de tal cosmovisão surge duas perguntas?

Se todas as pessoas deixam de existir quando morre, então, que sentido último há em viver?

Será que faz alguma diferença no final ter ou não sequer existido? 

Na cosmovisão ateísta é impossível encontrar um sentido e importância ultima em acontecimentos vividos, gerados ou influenciados, pois não possui a mínima importância; a humanidade não tem mais sentido do que qualquer outro ser biológico, pois todos necessariamente estão se encaminhando para  o não ser - A morte. Não Obstante, a mera duração de existência não faz com que a existência tenha um sentido, o homem precisa mais do que apenas imortalidade para sua vida fazer sentido. Se Deus não existir, mesmo que vivêssemos para sempre, ainda assim viveríamos uma vida sem um sentido último; Willian L. Craig desenvolvendo este ponto no seu livro "Em Aguarda" ele afirma:
"As contribuições de um cientista para o avanço do conhecimento humano, as pesquisas para aliviar a dor e diminuir o sofrimento, os esforços diplomáticos para garantir a paz mundial, os sacrifícios feitos por pessoas de bem, em todo o mundo, para melhorar a sorte da raça humana - tudo isso resultaria em nada"
Craig conclui esclarecendo o seguinte:
"E este é o horror do homem moderno: Por ele acabar em nada, ele nada é"
Este horror é chamado por Paul Tillich de "Ameaça do não ser". A ideia que possuímos que um dia não mais existiremos, deixaremos de existir, morreremos, é algo atordoante e ameaçador: pensar que a pessoa que chamo de "mim mesmo" deixará de existir, e não mais será". Sentido não há para a existência humana e consequentemente para nada que envolver o viver humano - Se Deus não existir, essa é a realidade.

O interessante é que muitos ateus procuram criar um sentido para a própria vida, contrariando os seus próprios pressupostos, e consequentemente Isso é completamente inconsistente, pois não há consistência em dizer que a vida é absolutamente ABSURDA e, depois dizer que se pode criar um sentido para a sua própria vida.O universo ou a existência não passa a possuir sentido pelo simples fato de eu lhe atribuir um sentido, tal proposta é um exercício para enganar-se a si mesmo. O problema central concernente a proposta de criar um sentido subjetivo da vida está no fato de ser impossível viver de forma consistente e ao mesmo tempo ser feliz dentro da estrutura de uma cosmovisão como a Ateísta. Se alguém vive consistentemente dentro dela, não será feliz, pois alegará que a VIDA É ABSURDA; se for feliz, é por não viver de forma consistente segundo ao que acredita. Alguém que Não acredita em Deus constantemente estará buscando maneiras para obter sentido, valor e propósito para a sua vida, algo que não é encontrado fora de Deus. logo, sem Deus, o ser humano e o universo são totalmente destituídos de sentido.



Notas 
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[1] Todos o conteúdo deste texto fora realizado com base no livro "Em guarda" - Willian L. Criag
[2] Pretendemos abordar em outras duas publicações os pontos: a falta de valor e propósito da existência humana se Deus não Existir.





sábado, 5 de maio de 2018

Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons); O início de Tudo


O mormonismo atual possui mais de oito milhões de membros e cerca 43 mil missionários em tempo integral espalhados pelo mundo, os mórmons são também conhecidos como Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias; entretanto, como frisa muito bem Ezequias Soares no seu Livro Manual de Apologética Cristã:
"Embora seus adeptos afirmem que são cristãos, seu cristianismo é estranho ao Novo Testamento, suas crenças se identificam mais com o paganismo e o ocultismo. O livro A Grande Apostasia, da autoria de James E. Talmage, proeminente líder mórmon, diz o seguinte: "A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias declara-se, pelo seu nome, distinta da Igreja Primitiva estabelecida por Cristo e seus apóstolos" (p.34). Com essa declaração os mórmons estão afirmando que professam outro cristianismo, outro evangelho e um outro Jesus"
Convém salientar que Todo o conteúdo desse "artigo" visa corroborar a afirmação de Ezequias Soares, destacando que de maneira alguma o mormonismo juntamente com os seus adeptos devem ser considerados como Cristãos, pelo contrário, devem ser considerados como uma Seita Cristã. Não obstante, de modo incansável e persistente, o Mormonismo por meio dos seus adeptos estão cada vez mais fazendo prosélitos dentro do cristianismo, arrastando pessoas despercebidas para as malhas de sua igreja, e este fato nos levou a criar este breve "artigo" sobre o Mormonismo.

Pretendemos, se assim Deus permitir, realizar 3 publicações sobre o Mormonismo, Realizando uma confrontação Histórica, Bíblica  e Teológica a tal Seita -  Nesse "artigo" estaremos tratando sobre  aspectos históricos do mormonismo.


Fundador do Mormonismo 

 Joseph Smith

O fundador do mormonismo nasceu em Sharon, Estado de Vermont, nos Estados Unidos, em 23 de dezembro de 1805. Joseph Smith Jr. era filho de Joseph Smith e Lucy Smith. Segundo vários estudiosos, seu pai era um homem místico e, ocupava grande parte do tempo à procura de tesouros escondidos, sua mãe era também mística e supersticiosa.  Sua família mudou-se para Manchester, Nova Iorque, quando ele tinha aproximadamente 14 anos de idade, Joseph Smith por muito tempo juntamente com o seu pai continuou sendo caçador de Tesouros.


A Primeira Visão de Joseph Smith


Joseph Smith tinha mais ou menos dez anos de idade quando, com seus pais, mudou-se para Palmyra, no Condado de Ontário (atual Wayne), no Estado de Nova Iorque. Quatro anos após, mudou- se novamente, agora para Manchester, também no Condado de Ontário. Foi criado na ignorância, pobreza e superstição. Ainda moço decepcionou-se com as igrejas que conhecera - A versão oficial do mormonismo é que Joseph Smith Jr. andava muito preocupado por causa de "uma agitação anormal sobre questões religiosas" que se generalizou envolvendo todas as "seitas", citando nominalmente os metodistas, presbiterianos e batistas (Pérola cle Grande Valor — PGV, Joseph Smith 2.5) - por causa disso queria saber qual era verdadeira igreja. Foi nesse tempo que diz ter recebido a sua primeira visão, Joseph Smith declarou que Deus, o Pai, em forma de pessoa humana, e Jesus Cristo apareceram a ele em 1820, e ele perguntou-lhes: "Qual de todas as seitas é a verdadeira, a fim de saber a qual unir-me? Foi-me respondido que não me unisse a nenhuma delas, porque todas estavam erradas, que todos os seus credos eram uma abominação à sua vista"  [...] "Eles se chegam a mim com os seus lábios, mas seus corações estão longe de mim; eles ensinam mandamentos dos homens como doutrina, tendo aparência de santidade, mas negando o meu poder"(PGV — Pérola de Grande Valor , Joseph Smith, 2.5, 10-11, 15-20; O Testemunho do Profeta Joseph Smith, p. 4).


A Segunda Visão de Joseph Smith

Joseph Smith recendo a visita do "anjo" Moroni / Smith traduzindo o conteúdo das placas

De acordo com a relato do próprio Smith, apareceu-lhe o "anjo" Moroni, que, segundo fez crer, havia vivido naquela mesma região há uns 1400 anos. Mórmon, o pai de Moroni, um profeta, havia gravado a história do seu povo em placas de ouro Quando estavam a ponto de serem exterminados por seus inimigos, Moroni teria enterrado essas placas ao pé de um monte próximo do local onde hoje é Palmyra. Nessa visão, Moroni teria indicado a Joseph Smith o lugar onde as placas foram escondidas - Em setembro de 1827, ao fazer uma escavação, de acordo com as instruções dadas pelo anjo, Smith desenterrou as placas de ouro escritas em hieróglifos do "egípcio reformado" (um idioma inexistente) - Desde que o rapaz não tinha condições de ler esse "egípcio", as placas estavam acompanhadas de Urim e Tumim (os mesmos de Ex 28.30), instrumentos (pedra, óculos) milagrosos  com as quais Joseph Smith poderia decifrar e traduzir os dizeres dessas placas, que também era a plenitude do evangelho eterno - segundo Moroni (Id. Ibidem, 2.33-35 - acréscimo nosso). Depois de conseguir as placas de ouro e as lentes, Smith, sentado por trás de uma cortina, teria ditado a um amigo a tradução do que estava escrito nas placas. Depois devolveu as placas e as lentes a Moroni. Uma vez traduzida, a obra foi publicada pela primeira vez em 1829, recebendo o título de O Livro de Mórmon. 

Moroni indicando a localização das placas  a Smith

"Ele colocava sua "pedra de vidente" dentro do chapéu e enfiava seu rosto nele, e milagrosamente as letras "egípcias" se convertiam em inglês. Joseph Smith passava
então a ditar o texto para um dos escreventes com os quais trabalhava, e o resultado veio a ser o Livro de Mórmon"


Outras Visões de Joseph Smith


Em maio de 1829 alega que recebeu, juntamente com Oliver Cowdery, outra visão. João Batista apareceu numa nuvem impondo sobre eles as mãos, conferindo o sacerdócio de Arão. Depois os dois se batizaram um ao outro e um ao outro se ordenaram (PGV, Joseph Smith 2.66-75). Pouco depois disso, alega que receberam a visita de João, Pedro e Tiago que lhes conferiram o sacerdócio de Melquisedeque e autoridade para imposição de mãos transmitindo o dom do Espírito Santo.


Fundação da Igreja Mórmon


No dia 6 de abril de 1830, Joseph Smith e cinco outras pessoas reuniram-se para organizar a "Igreja de Cristo", depois o nome foi mudado para "Igreja dos Santos dos Últimos Dias", e finalmente, em 1834, passou a ser chamada de "Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias". Sob a liderança de Joseph Smith, ela começou em Fayette, Nova Iorque, moveu-se para Kirtland, Ohio, depois para Independence, Missouri, e finalmente, para Nauvoo, Illinois. - Smith e seus seguidores sofriam não poucas perseguições, razão por que eram levados a peregrinar de um a outro ponto da América, procurando onde estabelecer uma colônia e fundar o reino de Deus. Encontraram a escolhida em Illinois, onde erigiram a cidade de Nauvoo. Desde da fundação da "Igreja" dos Santos dos Últimos Dias, ficou estabelecido como um princípio doutrinário que esta era a única igreja verdadeira, e que fora dela não havia outro meio de salvação para o homem.Uma série de "revelações" de Joseph Smith foi desenvolvendo a doutrina dessa igreja, transformando-a, através dos anos, numa forma de politeísmo.



Fontes
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Desmascarando As Seitas -  Natanael Rinaldi e Paulo Romeiro
Heresiologia  - Raimundo Ferreira de Oliveira
Seitas e Heresias - Raimundo de Oliveira
Heresiologia - IBADEP
Manual de Apologética Cristã - Ezequias Soares





sábado, 28 de abril de 2018

Breve considerações sobre o Aborto




O que vem a ser o aborto? A palavra aborto vem do latim, abortum, do verbo abortare, com o significado de “pôr-se o sol, desaparecer no horizonte e, daí, morrer, perecer”. Segundo o Grande Dicionário de Medicina, aborto “é a expulsão espontânea ou provocada do feto antes do sexto mês de gestação, isto é, antes que o feto possa sobreviver fora do organismo materno...”.

Nesta publicação trabalharemos com a questão: O aborto é algo moralmente aceitável ou não? Tal questão  é uma pergunta que cerca toda a sociedade contemporânea e por isso estaremos tratando sobre tal assunto.

Em meio aos vários argumentos contrários e a favor do aborto, há duas questões centrais que dependendo da resposta determinará  a avaliação concernente ao tema*.

(Q 1) Os seres humanos possuem valor moral intrínseco? 

(Q 2) O feto em Desenvolvimento é um ser humano?

Focando nestas duas preocupações centrais estaremos desenvolvendo uma argumentação contrária a prática do aborto e consequentemente apontando a imoralidade de tal ação.


(Q 1) Os seres humanos possuem valor moral intrínseco?


Uma coisa/Objeto [X] possuirá valor intrínseco ou extrínseco, ou seja,  valor em si mesmo ou fora de si. Um dinheiro por exemplo possui valor extrínseco - fora de si - pois ele é um meio útil de comércio para os seres humanos; torna-se valioso para nós em virtude dos fins que ele ajuda a alcançar, contudo em si mesmo o dinheiro é sem valor. Ele é apenas papel! Por outro lado, o ser humano possuem valor moral intrínseco, pois ele é um fim em si mesmo, em vez de ser um meio para algum fim, as pessoas não são valiosas meramente como meio para algum fim; antes as pessoas são fins em si mesmas, por isso agostinho afirmou "Essa é a razão pela qual nós deveríamos amar pessoas e usar coisas, e não vice-versa".

"As pessoas têm direitos inerentes - em si mesmas - justamente devido ao fato delas serem seres humanos, independente de sua raça, classe, religião, casta ou [FAIXA ETÁRIA]. [...] Todos os homens recebem direitos inalienáveis - que não se pode nem se consegue vender; que não pode ser cedido - tais como direito à vida, liberdade e à busca da felicidade" (Acréscimo Nosso).

Logo, qualquer pessoa reconhecerá que os seres humanos possuem valor intrínseco; as pessoas que usam pessoas e amam coisas têm dotado uma postura profundamente imoral - anti ética -  visto que deixam de reconhecer o valor inerente e a dignidade de outras pessoas. 


 (Q 2) O feto em Desenvolvimento é um ser humano?


A outra grande questão é a seguinte: "O feto em desenvolvimento é um ser humano?, se sim, ele também será dotado de valor e consequentemente possuirá direito humano inerente, incluindo o direito a vida"

Willian L. Craig responde a tal questão com um incisivo SIM! e afirma " [...] é inegável em termos científicos e médicos, que o feto é, em cada estágio de seu desenvolvimento, um ser humano".

Convém salientarmos, antes de desenvolvermos este ponto, que o esperma nem o óvulo sozinhos constituem um ser humano

1: Cada um é geneticamente incompleto pois possuem uma metade dos cromossomos necessários para gerar um ser humano

2: O esperma isolado não se desenvolve, morrendo em poucos dias

3: O óvulo não fertilizado é expelido no ciclo mensal da mulher

Todavia quando eles se unem, combinam-se numa única célula viva para formar um indivíduo singular. A partir do momento da concepção, já existe um organismo vivo que é um ser humano geneticamente completo. Já em tal momento, o indivíduo é homem ou mulher, dependendo do recebimento ou não dos cromossomos X ou Y, vido do esperma. O desenvolvimento posterior dos órgãos sexuais e de outras características secundárias  é apenas uma evidência da sexualidade que este ali desde o princípio. O fato é que "QUALQUER TENTATIVA DE TRAÇAR UMA LINHA E DECLARAR UM SER COMO 'NÃO HUMANO' ANTES DESSE PONTO, MAS 'HUMANO' EM TAL PONTO É TOTALMENTE ARBITRÁRIA E SEM FUNDAMENTO BIOLÓGICO"; Logo, seja um "pequenino"[1], ou um recém-nascido, um adolescente ou um adulto ele é, em  cada período, um ser humano nos diferentes estágios do seu desenvolvimento. 

"[...] desde a concepção até a velhice, temos os vários estágios de desenvolvimento da vida de um ser humano [...] é inegável que o feto é  desenvolvimento de um ser humano"

Portanto aqueles que negam que o pequenino no ventre é um ser humano confundem SER HUMANO com EXISTIR (ser) EM ALGUM ESTÁGIO POSTERIOR DO DESENVOLVIMENTO, ou seja, CONFUNDEM O SER HUMANO COM O ESTÁGIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO. Willian L Craig afirma algo curioso sobre a afirmação leviana e falaciosa que pode ser usada como argumento daqueles que são a favor do aborto que um embrião por não ser um bebê, ele não é um ser humano, e portanto, o aborto é moralmente aceitável  "nesse raciocínio, Craig afirma, poderíamos, com igual justiça, dizer que, por uma criança não ser um adulto, ela não é um ser humano; ou por um bebê não ser uma criança, ele não é um ser humano [...] é completamente arbitrário remover um estágio, afirmando que o feto não é um ser humano por não se encontra em um estágio posterior". É importante frisarmos que o desenvolvimento desse indivíduo, que se dá a partir do momento da concepção, é completo, contínuo e ininterrupto.

Uma outra falácia usada por aqueles que defendem o aborto é o argumento que o feto não pode ser chamado de pessoa, ser humano talvez, mas de pessoa jamais, pois não desenvolveu a sua auto-consciência - o seu Eu. Tal argumentação é uma falácia pois falha em distinguir entre SER UMA PESSOA e FUNCIONAR COMO UMA PESSOA. Alguém que esteja dormindo ou estado de coma, não possui  auto-consciência consequentemente não funciona como pessoa, mais continua sendo uma pessoa; os bebês são pessoas com potencial, e não pessoas em potencial, os bebês no útero são pessoas, que, no tempo certo, começarão a funcionar como indivíduos auto-conscientes. O fato interessante é que tal argumento está sendo usado por muitos para validar o infanticídio, pois alegam que durante a fase inicial da vida, uma criança não é uma pessoa - já que não desenvolveu a sua auto-consciência - , desse modo poderá ser morta sem culpabilidade ao causador de tal ação[2]

Concluímos portanto que o aborto é a matança de bebês, logo, o aborto seria uma forma de homicídio, e contra tais ataques o feto inocente e indefeso tem todo direito à proteção da lei. Não é uma questão de gênero e sim uma questão ética: Alguém tem direito de tirar a vida de uma vida humana inocente? Tentar justificar o aborto com base no que a mulher pode fazer e no que ela quer fazer com o seu próprio corpo é apenas uma ignorância politicamente correta[3]; Não é uma questão política ou religiosa (somente), mas sim uma questão filosófica e científica de carácter ético.





Dedicatória 

Dedico a Rebeccah Alves, devido ao seu apoio para a elaboração de tal texto




Notas 
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* Todo o conteúdo deste texto fora realizado com base no Livro "Apologética para questões Difíceis da Vida" - Willian L Craig.
[1] Feto é uma palavra latina referente a pequenino
[2] O tempo necessário para um recém-nascido desenvolver a sua consciência pode varia de 1 a 2 anos.
[3] Segundo Willian L Craig "A ideia de que um  feto em desenvolvimento é parte do corpo da mulher é tão biologicamente ignorante que eu a chamaria de medieval [...] O feto nunca é uma parte do corpo da mãe, mas um ser vivo biologicamente distinto e completo que está, de fato, "conectado" à mãe como um sistema de apoio à vida. Dizer que um feto é parte do corpo de uma mulher é dizer que uma pessoa com alguma mecanismo de manutenção da vida é parte do pulmão artificial ou do equipamento intravenoso"