domingo, 27 de maio de 2018

Os Pais da Igreja x Agostinho e Calvino


O Calvinismo e a História

Toda as tentativas de teólogos reformados de encontrar Pais da Igreja anteriores a Agostinho que tenham adotado uma linha calvinista é, como de se esperar, debalde. Alguns deles, mesmo assim, insistem em vender como bem-sucedidos seus resultados escandalosamente forçados, os quais foram, ignorados por especialistas, sendo populares apenas em alguns “guetos” calvinistas; vale salientar que o próprio Calvino, após uma tentativa fracassada de buscar apoio para a sua doutrina da mecânica da Salvação nos Pais da Igreja, alertou decepcionado que “todos os escritores eclesiásticos, exceto Agostinho”, lhe eram “contrários” (Institutas, II, 2, 9).


Agostinho e Calvino x Os Pais da Igreja

Como destaca o historiador e teólogo Jaroslav Pelican (1923-2006), um dos maiores especialistas no mundo em História da Igreja Antiga e Medieval, “Agostinho, foi muito 'além mesmo da tradição teológica ocidental, sem mencionar a oriental, ao postular uma doutrina da predestinação incluindo a da predestinação à condenação e da irresistibilidade da graça. Mesmo aqueles que se juntaram à oposição a Pelágio se negaram a concordar com a forma extrema assumida por essa doutrina da predestinação da graça” (PELIKAN, Jaroslav, A Tradicao Crista – Uma Historia do Desenvolvimento da Doutrina, Vol I, 2014, Sheed Publicações, Pag, 321); como assevera o historiador reformado Phillip Schaff (1819-1893), “o sistema agostiniano era desconhecido na era pré-nicenica” (SCHAFF, Phillip, History of the Christian Church, Vol III, 1997); o Teólogo alemão Bernhard Lohse (1928-1997), renomado professor de História da Igreja e de Teologia Histórica da Universidade de Hamburgo, enfatiza que “há um consenso generalizado entre os padres da igreja primitiva de que o homem é dotado de uma livre vontade e que nenhum pecado realmente pode impedi-lo de decidir-se pelo que é bom e evitar aquilo que é ruim” (LOHSE, Bernhard, A Fe Crista Atraves dos Tempos, 1972, Editora Sinodal, Pag, 111); O erudito britânico John Norman Davidson Kelly (1909-1997), em sua merecidamente louvada obra Early Christian Doctrine, recentemente republicada no Brasil com o nome Patrística: Origem e Desenvolvimento das Doutrinas Centrais da Fé Cristã, é ainda mais específico demonstrando o domínio total da visão sinergista nos escritos dos Pais Gregos “concordavam que a vontade do homem continua livre” e que “somos [totalmente] responsáveis por nossos atos”, e os Pais Latinos, em sua maioria, “mantiveram as verdades paralelas do livre-arbítrio do homem e de sua necessidade da ajuda de Deus”, com “uma ênfase cada vez maior nesta última”, manifestando “um senso mais profundo da dependência que o homem tem de Deus” (KELLY, J. N. D., Patristica – Origem e Desenvolvimento das Doutrinas Centrais da Fe Crista, 2015, Vida Nova, pp, 265 e 269). Em suma, nas palavras de Alister McGrath, “a tradição teológica pré-Agostinho é praticamente de uma única voz em asseverar a liberdade da vontade do homem”, isto é, o livre-arbítrio libertário (MCGRATH, Alister, Iustitia Dei: A History of the Christian Doctrine of Justification, 1998, Cambridge University Press, Pag, 20).


O Sinergismo nos Pais da Igreja


Os Pais da igreja eram todos eles sinergistas[1], sendo a maioria (principalmente o pais gregos) de linha semi-pelagiana[2], e os demais (principalmente os pais latinos), de uma linha que posteriormente seria denominado como Arminianismo. Tal afirmação toma como base a mecânica da Salvação aceitadas pelos mesmos. Tanto o semi pelagianismo quanto o arminianismo creem, nos seguintes aspectos referente a mecânica da salvação:

  •  Expiação Ilimitada – através da expiação de Cristo, é oferecido a todos os homens a possibilidade concreta de salvação para toda a humanidade 
  •  Eleição Condicional – a eleição para a salvação é condicional 
  •  Graça resistível – a graça divina pode ser resistida e que é possível um salvo em Cristo decair da graça e eventualmente se perder eternamente


Contudo, a única discordância entre os semi-pelagianos e arminianos é quanto ao initium fidei – início da fé. Enquanto os primeiros creem que a corrupção de Adão pelos seres humanos é parcial, podendo o ser humano, em alguns casos, vir a Deus sem uma ação preventiva da graça divina sobre a livre vontade humana, os arminianos creem que essa corrupção é total, no sentido de abranger completamente o ser humano, de maneira que este se encontra impossibilitado de vir a Cristo, exercendo sua livre vontade, a não ser que a graça divina o habilite antes, o atraindo para si. Portanto, tanto o semi-pelagiano quanto o arminiano creem na realidade do livre-arbítrio, só que o arminiano crê na necessidade de uma graça preveniente ou precedente de Deus para capacitar o livre-arbítrio humano para responder positivamente ao chamado divino, entretanto, o semi-pelagiano crê que não necessariamente o ser humano precisa de uma ação preventiva da graça para ter tal capacidade de resposta, pois Deus teria pela sua graça, preservado minimamente essa capacidade do homem após a sua queda

A crença em um livre-arbítrio preservado ou auxiliado por uma ação preveniente da graça divina é claríssima nos escritos dos Pais da Igreja pré-Agostinho. Nunca é visto uma espécie de calvinismo nesses primeiros 400 anos da história da Igreja – seja de forma implícita ou explícita; em todos os casos os pais da Igreja, irão falar entre uma cooperação entre a graça e a vontade homem no processo da Salvação, bem como uma possível resistibilidade à graça.

Além da ausência de posicionamentos calvinistas nos registros históricos desse período, o próprio fato de haver uma grande incidência de semi-pelagianismo nessa época reforça ainda mais a inexistência de uma visão calvinista nos primeiros séculos da história da Igreja;

Os dados históricos mostram uma abundância de casos de semi-pelagianismo, e estes, como sabemos, são exageros comuns apenas em contextos originalmente arminianos, onde esteja ocorrendo grande apelo ao livre-arbítrio como contraposição a ideais existente na época, e no caso, tais ideais advinham das heresias e religiões fatalistas pagas que negavam o livre-arbítrio. Portanto, nunca uma grande incidência de semi-pelagianos pode advir de um contexto onde originalmente reinava uma visão calvinista. Essa realidade lógica depõe ainda mais contra a falida tese de que a igreja primitiva detinha originalmente uma posição Calvinista.

Statements dos Pais da Igreja

Será citado[3] neste momento várias declarações e documentos dos Pais da Igreja pré-agostinho e alguns que chegaram a ser contemporâneo do mesmo sobre a realidade do Livre-Arbítrio (Dentro da duas cosmovisões citadas anteriormente), Eleição condicional, Expiação Ilimitada, Presciência (Em seu sentido original), Resistibilidade da Graça etc. Todas as citações seguirá uma sequência cronológica e não pelos assuntos supracitados.

Clemente de Roma

“Agora, pois, como seja certo que tudo é por ele visto e ouvido, temamos e abandonemos os execráveis desejos de más obras, a fim de sermos protegidos por sua misericórdia nos juízos vindouros. Porque para 'onde algum de nós poderá fugir de sua poderosa mão?' Que mundo acolherá os que deserdam de Deus?” (Clemente de Roma [35-97], 1 Coríntios, XXVIII, 1 e 2).

“Olhemos fielmente para o sangue de Cristo e vejamos qual precioso esse sangue é para Deus, que tendo sido derramado por nossa salvação, conquistou para todo o mundo a Graça do Arrependimento” (Clemente de Roma, 1 Coríntios, VII)

Didaquê

“Vigiai sobre a vossa vida; não deixai que vossas lâmpadas se apaguem, nem afrouxai vossos cintos. Ao contrário, estai preparados porque não sabeis a hora em que virá o Senhor. Reuni-vos frequentemente, procurando o que convém a vossas almas; por que de nada vos servirá o todo o tempo a vossa fé se não fordes perfeitos no último momento” (Didaquê [Primeiro Século] XVI, 1 E 2)

Epístola de Barnabé

“Portanto, eis que temos sido remodelados, como novamente Ele diz em outro profeta: 'Eis, diz o Senhor, que vou tirar destes', isto é, daqueles a quem o Espírito do senhor previu, 'os seus corações de pedra, e eu vou colocar corações de carne dentro deles', porque Ele era para ser manifestado em carne, e para peregrinar entre nós. Pois, meu irmãos, a morada do nosso coração é um templo consagrado ao Senhor” (Epístola de Barnabé [Segundo Século], VI)

Pastor de Hermas

“'Que você possa contemplar 'acrescentou', a grande misericórdia do Senhor, que é grande e glorioso, e deu Seu Espírito para aqueles que são dignos de arrependimento'. Disse Eu: 'Por que, então, senhor não fez Ele com que todos se arrependessem?'. Ele respondeu: 'Para aqueles que cujos corações Ele viu que se tornariam puros e obedientes a Ele, deu o poder de se arrependerem de todo o coração. Mas para aqueles cujo engano e maldade Ele percebeu, e viu que tinham a intenção de arrepender-se hipocritamente, ele não concedeu o arrependimento, para que não profanassem novamente o seu nome'” (O Pastor de Hermas [Segundo Século], Livro III, 8, VI).

Epístola a Diagneto

“Como Salvador O enviou, e com vocação para persuadir, não para compelir-nos; porque violência não tem lugar no caráter de Deus” (Epístola a Diogneto [120 d.C.], Exórdio, VII).

Policarpo

“Mas aquele que ressuscitou dentre os mortos nos ressuscitará também, se fizermos a sua vontade, e caminharmos e seus mandamentos e amarmos o que Ele amou, mantendo-nos afastados de toda Injustiça” (Policarpo [100-150], Filipenses, II).


Justino Mártir


“Deus, no desejo de que homens e anjos seguissem sua vontade, resolveu criá-los livres para praticar a retidão. Se a Palavra de Deus prediz que alguns anjos e homens certamente serão punidos, isso é porque ela sabia de antemão que eles seriam imutavelmente ímpios, mas não porque Deus os Criou Assim. De forma que quem quiser arrepender-se, pode obter misericórdia” (Justino Mártir [100-165], Diálogos, CXLI)

“Mas agora Ele nos persuade e nos conduz à fé para que sigamos o que lhe é grato por escolha, através das potências racionais com as quais Ele mesmo nos presenteou” (Justino Mártir, Apologia Primeira, XI, 4)

“Do que dissemos anteriormente, ninguém deve tirar a conclusão de que afirmamos que tudo o que acontece, acontece por necessidade do destino, pelo fato que afirmamos que os acontecimentos foram conhecidos de antemão. Por isso, resolveremos também essa dificuldade. Nós aprendemos dos profetas e afirmamos que esta é a verdade: os castigos e tormentos, assim como as boas recompensas, são dadas a cada um conforme as suas obras. Se não fosses assim, se tudo acontecesse por destino, não haveria absolutamente livre-arbítrio. Com efeito, se já está determinado que seja bom e o outro bom, nem aquele merece elogio, nem este vitupério. Se o Gênero humano não tem poder de fugir, por livre determinação, do que é vergonhoso e escolher o belo, ele não é irresponsável de nenhuma ação que faça. Mas que o homem é virtuoso e peca por livre escolha, podemos demonstrar pelo seguinte argumento: Vemos que o mesmo sujeito passa de um contrário a outro. Ora, se estivesse determinado ser mau ou bom, não seria capaz de coisas contrárias, nem mudaria com tanta frequência. Na realidade, nem se poderia dizer que uns são bons e outros maus, desde o momento que afirmamos que o destino é a causa de bons e maus, e que realiza coisas contrárias a si mesmo, ou que se deveria tomar como verdade o que já anteriormente insinuamos, isto é, que a virtude e maldade são puras palavras, e que só por opinião se tem algo como bom ou mau. Isso, como demonstra a verdadeira razão, é o cúmulo da impiedade e da iniquidade. Afirmamos ser destino ineludível que aqueles que escolheram o bem terão digna recompensa e os que escolheram o contrário, terão igualmente digno castigo. Com efeito, Deus não fez o homem com as outras criaturas. Por exemplo: árvores ou quadrúpedes, que nada podem fazer por determinação. Nesse caso, não seria digno de recompensa e elogio, pois não teriam escolhido o bem por si mesmo, mas nascido já bom; nem, por ter sido mau, seria castigado justamente, pois não o seria livremente, mas por não ter podido ser algo diferente do que foi” (Justino Mártir, Apologia Primeira, XLIII)

“Aqueles que foram conhecidos de antemão [Por Deus] que seriam injustos, sejam homens ou anjos, não são feitos maus por culpa de Deus, mas cada um por sua própria Culpa” (Justino Mártir, Diálogo com Trifão, CXL)

Taciano

“Viva para Deus, e apreendendo-o, coloque de lado sua velha natureza. Não fomos criados para morrer, mas morremos por nossa própria falha. Nosso Livre-Arbítrio nos destruiu, nós que fomos livres nos tornamos escravos; fomos vendidos pelo pecado. Nada de mal foi criado por Deus; nós próprios manifestamos impiedade; mas nós, que a temos manifestado, somos capazes de rejeitá-la novamente (Taciano, o Sírio [120-180], Cartas, XI)

Teófilo de Antioquia

“Deus fez o homem livre, e esse poder sobre si mesmo […] Deus lhe concede como um dom por filantropia e compaixão, quando o homem lhe obedece. Pois como o homem, desobedecendo, atraiu morte sobre si mesmo, assim, obedecendo à vontade de Deus, aquele que deseja é capaz de obter para si mesmo a vida Eterna” (Teófilo de Antioquia [120?-186], Livro a Autólico, I, 27)

Irineu de Lião


“A expressão: 'Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos […] mas vocês não quiseram' ilustra bem a antiga lei da liberdade do homem, porque DEUS o fez livre desde o início, com vontade e alma para consentir nos desejos de Deus sem ser coagido por ele. Deus não faz violência, e o bom conselho o assiste sempre, por isso dá o bom conselho a todos, mas também dá ao homem, o poder de escolha, como o tinha dado aos anjos, que são seres racionais, par que os que obedecem recebam justamente o bem, dado por Deus e guardado para eles. […] SE não dependesse de nós o fazer e o não fazer, por qual motivo o apóstolo, e bem antes dele o Senhor, nos aconselhariam a fazer coisa e anos abster de outras? Sendo, porém, o homem livre na sua vontade, desde o princípio, e livre é Deus, à semelhança do qual foi feito, foi-lhe dado, desde sempre, o conselho de se ater ao bem, o que se realiza pela obediência a Deus” (Irineu de Lião [130-202], Contra as Heresias, IV, 37, 1 e 4).

“Por isso dizia aquele presbítero: não devemos nos sentir orgulhosos nem reprovar os antigos; ao contrário, devemos temer; não ocorra que, depois de conhecermos a Cristo, façamos aquilo que não agrada a Deus e, consequentemente, já não sejam perdoados os nossos pecados, nos excluindo do seu Reino. Paulo disse a este propósito: 'Se não perdoou os ramos naturais, tampouco te perdoará, pois sois oliveira silvestre enxertada nos ramos da oliveira e recebes da sua seiva” (Ireneu de Lião, Contra as Heresias, IV, 27, 2)

“O Senhor, pois, nos remiu através de seu sangue, dando sua vida em favor da nossa vida, sua carne por nossa carne. Derramou o Espírito do Pai par que fosse possível a comunhão de Deus e do homem. Trouxe Deus aos homens mediando o Espírito, e levou os homens a Deus mediante sua encarnação” (Ireneu de Lião, Contra as Heresias, V, 1, 2).

Atenógaras de Atenas

“Justamente como homens possuem liberdade de escolha assim como virtude e defeito (porque você não honraria tanto o bom quando puniria o mau, a menos que o defeito e a virtude estivesse em seu próprio poder, e alguns são diligentes nos assuntos confiados a eles, e outro são infiéis), assim são os anjos” (Atenágoras de Atenas [133-190], Apelo em favor dos Cristãos, XXIV)

Clemente de Alexandria

“Mas nós, que temos ouvido pelas Escrituras que a escolha auto-determinadora e a recusa foram dadas pelo Senhor ao ser humano, descansamos no critério infalível da fé, manifestando um espírito desejoso, visto que escolhemos a vida e cremos em Deus através de sua voz” (Clemente de Alexandria [150-215], Stromata II, 4)

“Cristo livremente traz […] Salvação a toda a raça humana” (Clemente de Alexandria, Pedagogo, XI)

Bardesano, o Sírio

“Como é que Deus não nos fez de modo que não pecássemos e não incorrêssemos na condenação? Se o ser humano fosse feito assim, não teria pertencido a si mesmo, mas seria instrumento daquele que o moveu. […] E como, nesse navio, que outra pessoa dirige: onde o louva e a culpa residem na mão do músico ou do piloto, […] eles sendo somente instrumentos feitos para uso daquele em que está a habilidade? Mas Deus, em sua benignidade, escolheu fazer assim o ser humano; pela liberdade ele o exaltou acima de muitas de suas criaturas” (Bardesano, o Sírio [154-222], encontrado em fragmentos)

Tertuliano

“Acho, então, que o ser humano foi feito livre por Deus, senhor de sua própria vontade e poder, indicando a presença da imagem de Deus e a semelhança com ele […] você verá que, quando ele coloca diante do ser humano o bem e o mal, a vida e a morte, o curso total da disciplina está disposto em preceitos pelos quais Deus chama o ser humano do pecado, ameaça e exorta-o; e isso em nenhuma outra base senão pelo fato de o ser humano ser livre, com vontade ou para obediência ou para resistência […] Portanto, tanto a bondade quanto o propósito de Deus são revelados no dom da liberdade dado ao ser humano por Sua vontade” (Tertuliano [160-220], Contra Marcião, II, 5)

Orígenes de Alexandria


“Ora, deve ser conhecido que os santos apóstolos, na pregação da fé de Cristo, pronunciaram-se com a maior clareza sobre certos pontos que eles criam ser necessários para todo mundo (…) Isso também é claramente definido no ensino da Igreja de que cada alma racional é dotada de livre-arbítrio e volição” (Orígenes de Alexandria [185-253], Sobre os Princípios, Prefácio).

“Quando Deus se comprometeu no inicio criar o mundo, como nada que vem a ser o é sem uma causa, cada uma das coisas que haveriam de existir foram apresentadas à sua mente. Ele viu no que resultaria quando cada uma dessa coisas fossem produzidas; e quando o resultado fosse completado, o que mais iria acompanhar; e o que mais seria resultada dessas coisas quando elas fossem acontecer; e assim por diante até a conclusão da sequência de eventos, Ele sabia o que seria, sem ser totalmente a cuasa do que bem a ser de cada uma das coisas que Ele sabia que aconteceriam” (Orígenes de Alexandria, Comentários sobre Gênesis, Livro III, 6)

“Há de fato, inúmeras passagens nas Escrituras que estabelecem com extrema clareza a existência da liberdade da vontade” (Orígenes de Alexandria, Sobre os Princípios, III, 1)

Hipólito de Portus

“O homem possui a capacidade de autodeterminação, na medida que ele é capaz de querer e não querer, e é dotado com o poder de fazer as duas coisas” (Hipólito de Portus [Terceiros Século] Refutação de Todas as Heresias)

Metódio de Olimpos

“Ora, aqueles que decidem que o ser humano não possui livre-arbítrio, e afirma que ele é gonvernado penas necessidade invitáveis do destino […] são culpados de impiedade par com o próprio Deus, fazendo-o ser a causa e o autor dos males humanos” (Metódio de Olimpos [250-311], O Banquede das Dez Virgens, XVI. Lembrando que Metódio escreveu ainda uma obra inteira em defesa do livre-arbítrio do homem, intitulada Concernente ao Livre-Arbítrio)

Arnóbia de Sica

“Mais ainda, meu oponente diz que, se Deus é poderoso, misericordioso, desejando salvar-nos, que mude as nossas disposições e nos force a confiar em suas promessas. Isso, então, é violência, não é amabilidade nem generosidade do Deus supremo, mas um luta vã e pueril na busca da Obtenção do domínio. Pois o que seria tão injusto como forçar homens que são relutantes e indignos, reverter suas inclinações; imprimir forçadamente em suas mentes o que eles não estão desejando receber?” (Arnóbio de Sica [250?-330], Contra os Pagãos, Livro II, 65)

Eusébio de Cesareia

“O conhecimento não é a causa do que tenham ocorrido. As coisas não ocorrem porque Deus sabe. Quando as coisas estão para ocorre, Deus o sabe” (Eusébio de Cesareia [265-339], Preparação par ao Evangelho, IV 11)

“Era necessário que o Cordeiro de Deus fosse oferecido pelo outros cordeiros cuja natureza Ele assumiu e por toda a raça humana” (Eusébio de Cesareia, Demonstração do Evangelho, Prefácio, X) 

Atanásio de Alexandria


“Todos os homens estavam sujeitos à corrupção da morte. Substituindo a todos nós, o Verbo tomou um corpo semelhante ao nosso, entregando a si mesmo à morte por nós todos, como um sacrifício a seu Pai. (...) dessa maneira, morrendo todos nEle, poder ser abolida a lei universal da mortalidade humana. A exigência da morte foi satisfeita no corpo do Senhor, e devorante, deixa de atingir os homens feito semelhantes a Cristo. Aos homens que se haviam entregue à corrupção foi restituída a incorrupção e, mediante a apropriação do corpo de Cristo e de Sua Ressurreição, os homens são redivivos da morte” (Atanásio de Alexandria [296-373], Da encarnação, VIII)

“O Filho de Deus veio ao mundo [...] remir todos os homens [...] sofrendo em seu corpo em favor de todos os homens” (Atanásio de Alexandria, Sermão contra os Arianos)

“Portanto, desejando ajudar os homens, ele o Verbo habitou com os homens tomando forma de homem, tomando para si mesmo um corpo semelhante ao dos outros homens. Através das coisas sensoriais, isto é, mediante as ações de seu corpo, ele os ensinou que os que estavam privados de reconhece-lo, mediante a sua orientação e providência universais, podem por meio das ações do corpo reconhecer a palavra de Deus encarnada e através dEle vir ao conhecimento do Pai” (Atanásio de Alexandria, da Encarnação, XVI)

Cirilo de Jerusalém


“Não há um tipo de alma pecando por natureza e outro de alma praticando Justiça por natureza; ambas agem por escolha, a substância da alma sendo de uma espécie somente e igualmente em tudo” (Cirilo de Jerusalém [313-386], Leituras, IV)

“A alma é autogovernada: e embora o demônio possa sugerir, ele não tem o poder de obrigar a vontade. Ele lhe pinta o pensamento da fornicação: mas você pode rejeitá-lo se quiser. Pois se você fosse fornicador por necessidade, por que razão Deus preparou o inferno? Se você fosse praticante da justiça por natureza, e não pela vontade, por que preparou Deus coroas de glória inefável – cortês;amável ? A ovelha é afável, mas ela nunca foi coroada por sua afabilidade; visto que sua qualidade de ser afável lhe pertence por natureza, não por escolha” (Cirilo de Jerusalém, Leituras IV)

“Sois feitos participantes de uma videira santa: se permaneces na videira, crescerás como um cacho frutífero; porém, se não permaneces, serás consumido pelo fogo [...] Por isso, não desprezes a graça de Deus: Guardai-a piedosamente quando a receberdes” (Cirilo de Jerusalém, Cataquese, I, 4)

“Não maravilha se o mundo todo foi resgatado, porque Ele não foi apenas um homem, mas o Unigênito Filho de Deus” (Cirilo de Jerusalém, Cataquese, XIII, 2) 

Basílio Magno 

“Eles, então, que foram selados pelo Espírito até o dia da redenção e preservaram puros e intactos os primeiros frutos que receberam do Espírito ouvirão as palavras: ‘Muito bem, servos bons! Como fostes fiéis no mínimo, tomais o governo de muitas coisas’. Da mesma forma, os que ofenderam o Espírito Santo pela maldade de seus caminhos, ou não forjaram para si o que ELE lhes deu, serão privados do que receberam e sua graça será dada a outros; ou conforme um dos evangelistas, serão totalmente cortados em pedações, cujo significado é ser separado do Espírito” (Basílio Magno [329-379], Sobre o Espírito Santo, XVI, 40)

“Mas uma coisa foi encontrada que era equivalente a todos os homens, [...] o santo e precioso sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual foi derramado por nós todos” (Basílio Magno, Sobre Salmos 49, VII, 8, seção 4)

Gregório de Nazianzo

“...os detratores de tudo o que é louvável entenebrecedores da luz, inculturados em relação à sabedoria, por quem Cristo morreu em vão” (Gregório de Nazianzo [329-389], Sermão 45, Segundo sermão da Páscoa, XXVI)

“O Sacrifício de Cristo é uma expiação imperecível pelo mundo inteiro” (Gregório de Nazianzo, Sermão 2 para Páscoa)

Gregório de Nissa

“Sendo à imagem e semelhança [...] do Poder que governa todas as coisas, o ser humano manteve também na questão do Livre-Arbítrio esta semelhança a ele cuja vontade domina tudo” (Gregório de Nissa [330-395], Sobre a Virgindade, XVII)

Ambrósio de Milão


“Por isso o Apóstolo Diz: ‘os que dantes conheceu, também os predestinou’ (Rm 8.29). Ele não os predestinou-os antes de os conhecer, mas Ele predestinou à recompensa aqueles cujos méritos de antemão ele conheceu” (Ambrósio de Milão [337-397], Sobre a Fé, Livro V, 6, 82)

“Este místico Sol da Justiça foi levantado por Todos, veio para todos; Cristo padeceu por todos e Ressuscitou por Todos. Mas se alguém não crê em Cristo, está privando a si mesmo desde benefício universal [...] Cristo veio para salvação de todos, Ele empreendeu a redenção para todos, na mesma medida em que Ele trouxe um remédio pelo qual todos pudessem escapar, apesar de haver alguns [...] que não desejam ser curados” (Ambrósio de Milão, Sobre Salmos 118, Sermão VIII)

“Apesar de Cristo ter padecido por todos, Ele padeceu especialmente por nós” (Ambrósio de Milão [337-397], Sobre a Fé, Livro V, 6, 82)

João Crisóstomo

“Porquanto Deus, pôs em nosso poder o bem e o mal, deu-nos o livre-arbítrio da escolha, e quando não queremos não nos força, quando, porém, queremos, nos abraça” (João Crisóstomo, Homilia sobre a Traição de Judas, 1,3).

“Para respondermos a todos que insistem em perguntar ‘Como podemos ser salvos sem contribuir com nada nessa Salvação?’, Paulo nos mostra que, de fato, temos uma grade dose de contribuição nela: entramos com a nossa fé!” (João Crisóstomo [347-407], Homílias em Efésios).

Cirilo de Alexandria

“Tal qual uma pena utilizada para escrever ou uma flecha que precisa de um agente que dela faça uso, também a graça de Deus tem a necessidade de corações crente” (Cirilo de Alexandria [375-444], Leituras Catequéticas, 1, 1)

“A morte de uma carte é suficiente para o resgate de todas a raça humana, porque aquela pertenceu ao Logos, O Unigênito de Deus Pai” (Cirilo de Alexandria, Sermão sobre a “Recta Fide”, II, 7)

“A parte de Deus é derramar graça, mas a vossa é aceita-la e guardá-la” (Cirilo de Alexandria, Leituras Catequéticas, 1,1)

Ambrosiaster

“Esses são chamados de acordo com a promessa são aqueles que Deus sabia que seriam verdadeiros crentes no futuro, pois eles antes mesmo de crerem já eram conhecidos [Por Deus]. [...] Da mesma forma, [Deus] condenou faraó pelo Seu pre-conhecimento, pois sabia que este não se concertaria [...]” (Ambrosiaster 370 d.C.], Comentário às Treze Epístolas de São Paulo, ao comentar Romanos 8.28 e 9.14)

Teodoreto de Cirro

“Quando o cabeça da raça [adão] foi condenado, toda a raça foi condenada com ele; e então, quando o Salvador destruiu a maldição, a natureza humana ganhou liberdade” (Teodoreto de Cirro, Diálogos, III)

“Aqueles Cuja intenção Deus previu, Ele predestinou desde o princípio. Aqueles que predestinou, Ele chamou e justificou pelo Batismo. Os que foram justificados, Ele glorificou, chamando-os filhos. [...] Que ninguém figa que a presciência de Deus foi a causa unilateral dessas coisas. Não foi sua presciência que justificou as pessoas, mas Deus sabia o que aconteceria, porque Ele é Deus” (Teodoreto de Cirro [393-466], Interpretação de Romanos, trecho onde comentar romanos 8.30)”

Jerônimo 

“[...] Adão não pecou porque Deus sabia que ele faria assim, mas Deus, justamente pelo fato de ser Deus, sabia de antemão o que Adão faria pela sua livre-escolha” (Jerônimo [347-426] Contra os Pelagianos, Livro III, 6)







Notas
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[1] O termo sinergia, significa um conjunto de ações ou esforços simultâneos associados em prol de um mesmo fim, e que sugere implicitamente uma cooperação de formas mais ou menos equivalentes ou complementares para atingir um objetivo comum. Contudo; uma coisa que nenhum Pai da Igreja, teólogo arminiano ou semipelagiano defenderia – ontem ou hoje – é que a resposta cooperativa do homem ao chamado divino para Salvação é mais ou menos equivalente a de Deus no processo – entretanto, em detrimento a visão semi-pelagianista, os arminianos afirmam de forma mais clara e contundente que a salvação é uma obra totalmente divina; o ser humano tem apenas uma pequena participação – possibilitada por Deus – de carácter mais passivo do que ativo no processo inicial de sua Salvação; na fase inicial, só confia, aceita e se submete, e mesmo, depois de salvo, quando precisará se também ativo, “operando” a sua salvação com “temor e tremor” (Fp 2.12), isso só lhe será possível devido a sua nova natureza em Cristo gerada em seu ser pelo Espírito Santo, não se esquecendo do fato de que, ele precisará também continuamente do auxílio da graça divina, caso contrário a sua santificação e perseverança seriam impossíveis (Fp 2.13)


[2] O termo “semi-pelagiano”é extremamente impróprio, e fortemente pejorativo, Inúmeros especialistas asseveram o uso equivocado do termo “semi-pelagianismo” para se referir ao cassianismo e ao pensamento da maioria dos Pais da Igreja Pré-Agostinho, pois os chamados semi-pelagianos queriam ser qualquer coisa, menos “meios-pelagianos”. Seria mais correto chamá-los de “semi-agostinianos”, pois os tais se apoiaram na doutrina da graça e do pecado original de Agostinho – rejeitando explicitamente os pensamentos de Pelágio, Cassiano por exemplo, classificou-o como herético – contudo, não desejaram seguir toda a doutrina pregada por Agostinho devido as suas consequências. (O autor, Silas Daniel, no seu Livro "Arminianismo, A mecânica da Salvação" nas página 45-47, realiza citações diretas de mais de 18 obras acadêmicas, de diferentes autores, que corrobora com tal afirmação supracitada)

[3] Todas as Citações foram retiradas do Livro, "Arminianismo - A mecânica da Salvação" -  Silas Daniel



sábado, 19 de maio de 2018

O Ateísmo e as Suas Implicações Existenciais (Part 2)



Na publicação anterior procuramos mostrar que se Deus não existir, a vida não possui um sentido último [1]; neste momento, estaremos focando no segundo ponto que envolve as implicações existenciais do Ateísmo: "Se  Deus não existe, a vida não possui sentido, NEM VALOR, nem Propósito final"

Sem um Valor Último 

Richard Dawkins, um dos principais militantes contemporâneo daquilo que é chamado de Neo-Ateísmo, no seu livro "O rio que saía do Éden: Uma visão darwiniana da vida" após fazer uma avaliação do valor do ser humano, afirmou:  

"No final não há nenhum design, nenhum propósito nenhum mal, nenhum bem, nada mais do que uma insípida indiferença [...]"

Em um mundo sem Deus, quem pode dizer quais valores são certos e quais são errados? os valores morais são meras expressões do gosto pessoal ou subprodutos da evolução biológica ou do condicionamento social, nas palavras de Sartre, está é "a realidade nua e crua, a realidade sem valor da existência". Como muito bem afirma Willian L. Craig "Se Deus não existir, então não há um padrão objetivo do que seja certo ou errado"; logo, é impossível condenar a guerra, a opressão, os crimes ou o mal. Também não faz sentido alguém louvar a generosidade, ou o auto-sacrifício e nem o amor. Matar ou amar seria coisas moralmente equivalentes, pois em um universo sem Deus, como foi a conclusão de Dawkins "não há nenhum mal e bem"; logo, se Deus não existe, valores e deveres morais objetivos também não existem [2].
Convém salientarmos que tal argumento se origina das implicações existenciais da cosmovisão ateísta, já que em tão cosmovisão, os seres humanos são meros subprodutos acidentais da natureza, e uma vez que o seu "destino"  não tem qualquer relação final com o seu comportamento, você perfeitamente pode viver como bem entender, "Não se faz a menor diferença se você vive como um Stalin - ditador da antiga U.R.S.S que matou milhares de pessoas - ou como madre Teresa de Calcutá " (Willian L. Craig ). Devido ao carácter definitivo da morte [3], realmente não importa como se vive.

A Impossibilidade Prática 

A impossibilidade prática do ateísmo é algo irônico, principalmente em questões morais, pois vemos com frequência humanistas ateus afirmarem valores tradicionais como o amor e da irmandade entre os homens, e é aqui que ocorrem as inconsistências mais flagrantes to ateísmo-prático; é impossível defender o absurdo da vida [4] e uma ética de amor e valorização do próximo "Camus foi criticado justamente nesse ponto", Russell, indagado concernente as questões morais - o mesmo afirmava que não poderia viver como se os valores éticos fossem simplesmente uma questão de gosto pessoal - afirmou que não possuía uma resposta que conciliasse seu entendimento sobre valores e deveres morais com as implicações do Ateísmo, o absurdo da vida sem Deus. Sartre se encontrou no mesmo dilema, ao ponto de no seu ensaio "O Existencialismo é um humanismo" se esforçou em vão para fugir da contradição entre sua negação da existência de valores preestabelecidos por Deus e sua angustia de afirmar o valor dos seres humanos - foi esta angústia que fez Kant elaborar um argumento primoroso para a existência de Deus, levando em conta a consciência moral que o mesmo possuía "Duas coisas me enchem o espírito de admiração e de reverência ... o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim".

Assim sendo, uma coisa é declarar que tudo é permitido, outra coisa é se viver dessa forma, e de forma irônica, Camus, Russel, Freud,  Dawkins, Sartre, como também o próprio Nietzche perceberam isso - Nietzsche, que defendia a necessidade de ser viver além do bem e do mal, rompeu laços de amizade com o seu mentor, Richard Wagner, precisamente por discordar da visão antissemita do compositor e por seu notório nacionalismo. Conforme expressa Willian L. Craig:

"A grande verdade é que ninguém encontrará provavelmente um ateu que viva consistentemente seu próprio sistema de crenças, Pois um universo sem responsabilidade moral e destituído de valor é inimaginavelmente terrível"

Por tanto é em Deus  que encontramos o padrão de bondade e cuja as ordens se constituem em nossos deveres morais



Notas
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[1] https://lucasamaciel.blogspot.com.br/2018/05/o-ateismo-e-as-suas-implicacoes.html
[2] Dentro da Apologética Cristã existe o argumento que é chamado de "Argumento Moral", onde mostra que sem Deus não existiriam valores morais objetivos
[3] concepção Ateísta não concede escapatória a morte, e tira qualquer esperança do contrário.Este ponto é desenvolvido na publicação anterior, link se encontra na nota de número [1]
[4] Tal conceito é abordado na publicação anterior





terça-feira, 15 de maio de 2018

O Ateísmo e as suas implicações Existenciais (Part 1)




Jean-Pal Sartre, B. Russell, Albert Camus, Nietsche, Freud, Stewart C, Fiódor Dostoiévski, Richard Dawkins, H.G Wells, Steve Weinberg, C.S Lewis etc, foram Grandes Pensadores, Intelectuais e ateus, por alguma parte de sua vida ou por toda ela, que compreenderam as implicações do Ateísmo concernente a existência do Homem[1]. Devido a tão compreensão, alguns abandonaram a cosmovisão Ateísta - C.S Lewis é um grande Exemplo - e outros preferiram conciliar, numa tentativa desesperada e de forma contraditória - como veremos - tais implicações existenciais com as consequências  de tal cosmovisão. Como bem Frisou Willian L. Craig "Ninguém que conheça a fundo as implicações do ateísmo ousará dizer que tanto faz se Deus existe ou Não", e sabendo disso procuraremos de forma simples, mas não simplista, argumentar que se Deus não existir a vida é sem sentido, sem valor e também sem propósito[2]; conforme bem concluído por Filósofos Existencialistas Ateus, a vida sem Deus é Absurda, ou seja, se Deus não existe, logo, a vida é absurda. Como destacou  Willian L. Criag de forma precisa, "se Deus não existir, então, sentido, valor e propósito, são em ultima análise, meras ilusões humanas [...] consequentemente, absolutamente tudo será ilusão a despeito das crenças objetivas que possamos ter em contrário". 

A Vida é Absurda

As conclusões ateísta concernente a existência humana leva em consideração um fator primordial, como disse Sartre "Uma vez perdida a eternidade, não faz muita diferença se isso - a morte - demorar muitas horas ou muitos anos". Se Deus não existir,  o homem, como todos os demais organismos biológicos, como também o universo estão inevitavelmente fadados a morte. Sartre compreendeu de forma correta que sem a esperança da imortalidade, a vida humana caminha para a cova, a vida humana não passa de uma faísca na escuridão infinita, uma faísca que aparece, emite uma trêmula chama e se extingue. Consequentemente todo mundo deve ficar face a face com "a ameaça do não ser". Embora eu saiba que existo, que estou vivo, também sei que um dia não mais existirei, deixarei de existir, morrerei; logo, o que nos resta é apenas simplesmente aceitar tal fato. a concepção Ateísta não concede escapatória a morte, e tira qualquer esperança do contrário, devido a isso a consequência é que a própria vida se torna algo absurdo, pois não possui nenhum sentido, nem valor nem propósito. Referente a isto, estaremos analisando cada um dos pontos supracitados 


A Existência Humana não possui um Sentido Último

Bertrand Russell, um dos maiores Filósofos existencialista, afirmou que Não possuímos nenhuma alternativa concernente a existência, a não ser a opção de construir a nossa vida sobre "a firme fundação do mais obstinado e inflexível desespero", Camus, um filósofo francês argumentou "devemos reconhecer com honestidade o absurdo da vida [...]". Baseado nas concepção Ateísta e consequentemente os desdobramentos que surge de tal cosmovisão surge duas perguntas?

Se todas as pessoas deixam de existir quando morre, então, que sentido último há em viver?

Será que faz alguma diferença no final ter ou não sequer existido? 

Na cosmovisão ateísta é impossível encontrar um sentido e importância ultima em acontecimentos vividos, gerados ou influenciados, pois não possui a mínima importância; a humanidade não tem mais sentido do que qualquer outro ser biológico, pois todos necessariamente estão se encaminhando para  o não ser - A morte. Não Obstante, a mera duração de existência não faz com que a existência tenha um sentido, o homem precisa mais do que apenas imortalidade para sua vida fazer sentido. Se Deus não existir, mesmo que vivêssemos para sempre, ainda assim viveríamos uma vida sem um sentido último; Willian L. Craig desenvolvendo este ponto no seu livro "Em Aguarda" ele afirma:
"As contribuições de um cientista para o avanço do conhecimento humano, as pesquisas para aliviar a dor e diminuir o sofrimento, os esforços diplomáticos para garantir a paz mundial, os sacrifícios feitos por pessoas de bem, em todo o mundo, para melhorar a sorte da raça humana - tudo isso resultaria em nada"
Craig conclui esclarecendo o seguinte:
"E este é o horror do homem moderno: Por ele acabar em nada, ele nada é"
Este horror é chamado por Paul Tillich de "Ameaça do não ser". A ideia que possuímos que um dia não mais existiremos, deixaremos de existir, morreremos, é algo atordoante e ameaçador: pensar que a pessoa que chamo de "mim mesmo" deixará de existir, e não mais será". Sentido não há para a existência humana e consequentemente para nada que envolver o viver humano - Se Deus não existir, essa é a realidade.

O interessante é que muitos ateus procuram criar um sentido para a própria vida, contrariando os seus próprios pressupostos, e consequentemente Isso é completamente inconsistente, pois não há consistência em dizer que a vida é absolutamente ABSURDA e, depois dizer que se pode criar um sentido para a sua própria vida.O universo ou a existência não passa a possuir sentido pelo simples fato de eu lhe atribuir um sentido, tal proposta é um exercício para enganar-se a si mesmo. O problema central concernente a proposta de criar um sentido subjetivo da vida está no fato de ser impossível viver de forma consistente e ao mesmo tempo ser feliz dentro da estrutura de uma cosmovisão como a Ateísta. Se alguém vive consistentemente dentro dela, não será feliz, pois alegará que a VIDA É ABSURDA; se for feliz, é por não viver de forma consistente segundo ao que acredita. Alguém que Não acredita em Deus constantemente estará buscando maneiras para obter sentido, valor e propósito para a sua vida, algo que não é encontrado fora de Deus. logo, sem Deus, o ser humano e o universo são totalmente destituídos de sentido.



Notas 
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[1] Todos o conteúdo deste texto fora realizado com base no livro "Em guarda" - Willian L. Criag
[2] Pretendemos abordar em outras duas publicações os pontos: a falta de valor e propósito da existência humana se Deus não Existir.





sábado, 5 de maio de 2018

Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons); O início de Tudo


O mormonismo atual possui mais de oito milhões de membros e cerca 43 mil missionários em tempo integral espalhados pelo mundo, os mórmons são também conhecidos como Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias; entretanto, como frisa muito bem Ezequias Soares no seu Livro Manual de Apologética Cristã:
"Embora seus adeptos afirmem que são cristãos, seu cristianismo é estranho ao Novo Testamento, suas crenças se identificam mais com o paganismo e o ocultismo. O livro A Grande Apostasia, da autoria de James E. Talmage, proeminente líder mórmon, diz o seguinte: "A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias declara-se, pelo seu nome, distinta da Igreja Primitiva estabelecida por Cristo e seus apóstolos" (p.34). Com essa declaração os mórmons estão afirmando que professam outro cristianismo, outro evangelho e um outro Jesus"
Convém salientar que Todo o conteúdo desse "artigo" visa corroborar a afirmação de Ezequias Soares, destacando que de maneira alguma o mormonismo juntamente com os seus adeptos devem ser considerados como Cristãos, pelo contrário, devem ser considerados como uma Seita Cristã. Não obstante, de modo incansável e persistente, o Mormonismo por meio dos seus adeptos estão cada vez mais fazendo prosélitos dentro do cristianismo, arrastando pessoas despercebidas para as malhas de sua igreja, e este fato nos levou a criar este breve "artigo" sobre o Mormonismo.

Pretendemos, se assim Deus permitir, realizar 3 publicações sobre o Mormonismo, Realizando uma confrontação Histórica, Bíblica  e Teológica a tal Seita -  Nesse "artigo" estaremos tratando sobre  aspectos históricos do mormonismo.


Fundador do Mormonismo 

 Joseph Smith

O fundador do mormonismo nasceu em Sharon, Estado de Vermont, nos Estados Unidos, em 23 de dezembro de 1805. Joseph Smith Jr. era filho de Joseph Smith e Lucy Smith. Segundo vários estudiosos, seu pai era um homem místico e, ocupava grande parte do tempo à procura de tesouros escondidos, sua mãe era também mística e supersticiosa.  Sua família mudou-se para Manchester, Nova Iorque, quando ele tinha aproximadamente 14 anos de idade, Joseph Smith por muito tempo juntamente com o seu pai continuou sendo caçador de Tesouros.


A Primeira Visão de Joseph Smith


Joseph Smith tinha mais ou menos dez anos de idade quando, com seus pais, mudou-se para Palmyra, no Condado de Ontário (atual Wayne), no Estado de Nova Iorque. Quatro anos após, mudou- se novamente, agora para Manchester, também no Condado de Ontário. Foi criado na ignorância, pobreza e superstição. Ainda moço decepcionou-se com as igrejas que conhecera - A versão oficial do mormonismo é que Joseph Smith Jr. andava muito preocupado por causa de "uma agitação anormal sobre questões religiosas" que se generalizou envolvendo todas as "seitas", citando nominalmente os metodistas, presbiterianos e batistas (Pérola cle Grande Valor — PGV, Joseph Smith 2.5) - por causa disso queria saber qual era verdadeira igreja. Foi nesse tempo que diz ter recebido a sua primeira visão, Joseph Smith declarou que Deus, o Pai, em forma de pessoa humana, e Jesus Cristo apareceram a ele em 1820, e ele perguntou-lhes: "Qual de todas as seitas é a verdadeira, a fim de saber a qual unir-me? Foi-me respondido que não me unisse a nenhuma delas, porque todas estavam erradas, que todos os seus credos eram uma abominação à sua vista"  [...] "Eles se chegam a mim com os seus lábios, mas seus corações estão longe de mim; eles ensinam mandamentos dos homens como doutrina, tendo aparência de santidade, mas negando o meu poder"(PGV — Pérola de Grande Valor , Joseph Smith, 2.5, 10-11, 15-20; O Testemunho do Profeta Joseph Smith, p. 4).


A Segunda Visão de Joseph Smith

Joseph Smith recendo a visita do "anjo" Moroni / Smith traduzindo o conteúdo das placas

De acordo com a relato do próprio Smith, apareceu-lhe o "anjo" Moroni, que, segundo fez crer, havia vivido naquela mesma região há uns 1400 anos. Mórmon, o pai de Moroni, um profeta, havia gravado a história do seu povo em placas de ouro Quando estavam a ponto de serem exterminados por seus inimigos, Moroni teria enterrado essas placas ao pé de um monte próximo do local onde hoje é Palmyra. Nessa visão, Moroni teria indicado a Joseph Smith o lugar onde as placas foram escondidas - Em setembro de 1827, ao fazer uma escavação, de acordo com as instruções dadas pelo anjo, Smith desenterrou as placas de ouro escritas em hieróglifos do "egípcio reformado" (um idioma inexistente) - Desde que o rapaz não tinha condições de ler esse "egípcio", as placas estavam acompanhadas de Urim e Tumim (os mesmos de Ex 28.30), instrumentos (pedra, óculos) milagrosos  com as quais Joseph Smith poderia decifrar e traduzir os dizeres dessas placas, que também era a plenitude do evangelho eterno - segundo Moroni (Id. Ibidem, 2.33-35 - acréscimo nosso). Depois de conseguir as placas de ouro e as lentes, Smith, sentado por trás de uma cortina, teria ditado a um amigo a tradução do que estava escrito nas placas. Depois devolveu as placas e as lentes a Moroni. Uma vez traduzida, a obra foi publicada pela primeira vez em 1829, recebendo o título de O Livro de Mórmon. 

Moroni indicando a localização das placas  a Smith

"Ele colocava sua "pedra de vidente" dentro do chapéu e enfiava seu rosto nele, e milagrosamente as letras "egípcias" se convertiam em inglês. Joseph Smith passava
então a ditar o texto para um dos escreventes com os quais trabalhava, e o resultado veio a ser o Livro de Mórmon"


Outras Visões de Joseph Smith


Em maio de 1829 alega que recebeu, juntamente com Oliver Cowdery, outra visão. João Batista apareceu numa nuvem impondo sobre eles as mãos, conferindo o sacerdócio de Arão. Depois os dois se batizaram um ao outro e um ao outro se ordenaram (PGV, Joseph Smith 2.66-75). Pouco depois disso, alega que receberam a visita de João, Pedro e Tiago que lhes conferiram o sacerdócio de Melquisedeque e autoridade para imposição de mãos transmitindo o dom do Espírito Santo.


Fundação da Igreja Mórmon


No dia 6 de abril de 1830, Joseph Smith e cinco outras pessoas reuniram-se para organizar a "Igreja de Cristo", depois o nome foi mudado para "Igreja dos Santos dos Últimos Dias", e finalmente, em 1834, passou a ser chamada de "Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias". Sob a liderança de Joseph Smith, ela começou em Fayette, Nova Iorque, moveu-se para Kirtland, Ohio, depois para Independence, Missouri, e finalmente, para Nauvoo, Illinois. - Smith e seus seguidores sofriam não poucas perseguições, razão por que eram levados a peregrinar de um a outro ponto da América, procurando onde estabelecer uma colônia e fundar o reino de Deus. Encontraram a escolhida em Illinois, onde erigiram a cidade de Nauvoo. Desde da fundação da "Igreja" dos Santos dos Últimos Dias, ficou estabelecido como um princípio doutrinário que esta era a única igreja verdadeira, e que fora dela não havia outro meio de salvação para o homem.Uma série de "revelações" de Joseph Smith foi desenvolvendo a doutrina dessa igreja, transformando-a, através dos anos, numa forma de politeísmo.



Fontes
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Desmascarando As Seitas -  Natanael Rinaldi e Paulo Romeiro
Heresiologia  - Raimundo Ferreira de Oliveira
Seitas e Heresias - Raimundo de Oliveira
Heresiologia - IBADEP
Manual de Apologética Cristã - Ezequias Soares