quinta-feira, 5 de abril de 2018

Disciplina na Igreja - Como Disciplinar (Part 2)



Segundo Russel Sheed, o privilégio de participar da restauração de um Cristão apanhado em pecado não deverá ser dado a qualquer membro da comunidade na qual tal culpado pertence, antes “Somente os irmãos reconhecidamente espirituais devem envolver-se [...] e isso com “espírito de humildade” e cautela (Gl 6.1)[22]; Shedd continua afirmando “ Está proibido de tentar disciplinar quem não manifesta o furto do Espírito Santo [...]”[23]. Entretanto, convém salientarmos que o perdão sempre deve ser oferecido ao culpado para o bem-estar da Igreja, consequentemente barreiras serão levantadas contra as ciladas do diabo na vida do culpado “uma Igreja unida pode refletir a glória do Senhor que habita na igreja, mas uma igreja dividida, com mancha e rugas [...] nada consegue refletir além de sua carnalidade”[24].

Estudo do Caso: Disciplina de Pedro

Pedro experimentou também a graciosa disciplina restauradora do Mestre. Jesus Cristo, inicialmente, buscou despertar no coração de Pedro a autoconsciência de sua fraqueza – a disciplina exerce um papel fundamental no que diz respeito ao despertamento da sensibilidade de o Cristão a respeito de sua fraqueza carnal. No capítulo 22 do evangelho escrito pelo médico Lucas, Cristo  informa a Pedro sobre o pecado que o mesmo cometeria contra ele  – Jesus ao ver a possibilidade da fé de Pedro desfalecer intercedeu pelo seu discípulo – entretanto o mesmo não tirou proveito algum da advertência de Cristo, não obstante, o seu arrependimento posteriormente foi sincero “Pedro, então, saindo dali, chorou amargamente” (Lc 22. 62); devido a tal arrependimento “a autorização divina para apascentar os ‘cordeiros’ e ‘ovelhas’ do Senhor [...] confirma a eliminação de culpa”[25]. Convém salientar que Pedro não precisou de um grande período de tempo para ser admitido a comunhão, pelo contrário, segundo Sheed “ no período máximo de 50 dias, o apóstolo, que cairá tão profundamente, voltou a receber a incumbência do Senhor para pregar a primeira mensagem evangelística da Igreja Primitiva [...]”[26].

Estudo do Caso: Disciplina de Judas

Os fatos que cercam a história de Judas e a sua Traição possui algumas curiosidades extremamente marcantes; um leitor que possua uma visão errônea sobre o carácter e o tratar de Cristo para com Judas poderá interpretar Jesus, e identifica-lo, como tolerante ao pecado – Cristo sempre soube que Judas era um “diabo (Gr. Diabolos, Jo 6.70) ”. Entretanto, “[...] no caso de Judas, o Mestre revela, no campo da disciplina, que a atitude prioritária que o disciplinador deve demonstrar é ter uma espirito acolhedor, paciente e amoroso. Deus seguramente corta o ramo que não dá fruto, mas apenas após inúmeras oportunidades concedidas”[27].

Estudo do Caso: Lucas 15

Nas parábolas que se encontram no capítulo supracitado, encontraremos de forma nítida e contagiante a expressão da atitude de Jesus com respeito aos fracos e falhos – Cristo demonstra mansidão e bondade. Tal texto “sugere uma atitude de humildade, tolerância e aceitação”[28].
O ensinamento por de trás da parábola da ovelha perdida, mostra-nos que a “preocupação prioritária do Senhor será ir em busca do cristão – fora do abrigo – e devolvê-lo ao rebanho. Portanto o nosso coração deve sentir preocupação e tristeza cada vez que vemos um membro afastar-se, por outro lado, grande alegria e conforto deverá ser gerado em nosso coração ao ver a sua volta. A segunda história – A dracma perdida – transmite o mesmo ensinamento e aplicação. A terceira história de forma muita mais sublime mostra-nos o desejo de Deus revelado em 2Pe 3.9 “Que ninguém se perca”; de forma maravilhosa tal parábola – O Filho pródigo – focaliza a benignidade do pai” [...] o pai estende as mão para abraçar o caçula, ainda sujo e mal cheiroso, porque sentia os “sentimentos profundo ou compaixão [...] que Deus sente por todo filho seu” (Acréscimo nosso)[29].

Estudo do Caso: Mateus 18

O texto que se encontro em Mateus 18.15-20 especifica de forma clara os passos necessários a serem tomados no exercício da disciplina. Segundo tal texto, a disciplina se torna necessária apenas quando há algum pecado cometido, se caso o crente culpado não aceitar a exortação para que se arrependa, haverá necessidade que seja realizada uma confrontação por duas ou mais testemunhas, “para que a acusação seja confirmada”[30] – tal confrontação seria uma exposição de posições diante de um grupo [x] que representa a comunidade a qual pertence o culpado. Na última instância, o culpado deverá ser ouvido pela igreja “O supremo tribunal no plano disciplinador de Deus”[31]. Por fim, se caso o culpado continuar deliberadamente a rejeição dos conselhos, o tal deverá ser considerado “Gentio” e “Publicado”, ou seja, um descrente.


Notas
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Todo o conteúdo textual dessa postagem se trata de um resumo do Livro "Disciplina na Igreja - Russel P. Shedd". Tal resumo foi apresentado para a conclusão da cadeira de administração eclesiástica do curso de Bacharel em Teologia, Pela Escola Teológica das Assembleias de Deus - ESTEADEB
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terça-feira, 3 de abril de 2018

Disciplina Na Igreja - Termos Chaves Para a Disciplina Segundo o Novo Testamento (Part 1)



A disciplina é de suma importância para a comunidade Cristã, pois trata-se de um assunto que infelizmente em algumas igrejas é dado pouco caso, e em outras é aplicada de forma excessiva [1]. Concordamos que o princípio teológico e prático da disciplina sendo compreendido, ensinado e aplicado de forma correta resultará em “igrejas mais fortes e maduras”[2]; devido a isto se faz importante o estudo com afinco sobre tal tema, tendo em vista que em determinados momentos “os filhos de Deus muitas vezes falam, pensam e agem como filhos de adão e até do diabo”[3]. Convém salientarmos que “ninguém acredita [...] que a participação na comunidade dos santos garanta que o filho adotivo passe a ser parecido com o Filho Eterno ou que se comporte como o Pai” – entre os vários títulos que descrevem a igreja, podemos identificar os termos “ a família de Deus e Filhos de Deus” – consequentemente evitar a disciplina ou banaliza-la acarretará em diluição e destruição da Igreja. Não obstante ao que concerne a disciplina eclesiástica “Tudo deve ser feito com decência e ordem” (1 Co 14.40); como afirmou de forma maravilhosa Leonardo Tuggy “[...] A anarquia resulta da negligência da disciplina e o domínio papal do seu abuso”[4].

A definição de disciplina eclesiástica segundo o renomado autor e teólogo Russel P. Sheed corresponde a “Todos os meios e medidas pelos quais a Igreja busca sua santificação e boa ordem e que são necessários para a edificação espiritual e eliminação de tudo o que ameaça o bem-estar da igreja[5].


Termos Chaves para a disciplina segundo o Novo Testamento


Disciplina

A palavra Disciplina “[...] tem sua ideia original, como indica a raiz no grego, na prática da antiguidade de um aluno seguir um mestre ou pensador [...] na mesma linha de pensamento, a disciplina, então, visa uma pessoa em conformidade com o caráter e com a mente do mestre”[6]; logo, tal palavra “evoca em nós o quadro de um mestre seguido por discípulos seus que prestam muita atenção ao que ele diz e que têm o desejo profundo de imita-lo (1Co 11.1; Fp 3,12-14)”[7], tal desejo pode ser simplificado da seguinte maneira: “ tudo o que o mestre é, devo ser”. A disciplina cumpre o papel de informar e corrigir os discípulos que possuam entendimentos errados que julgam caracterizar o seu mestre.

Ensino

Não possui serventia discutir ou aplicar a disciplina na igreja se não foi de forma precedente comunicado toda a vontade do nosso Senhor. “O que a Igreja sabe, crê e vive servirá de base essencial para disciplinar o membro que não sabe, não crê e não vive de acordo com a vontade de seu mestre”[8]. O Ensino é essencial para que seja esperado a obediência, por isso Jesus passou horas ensinando e instruindo. O Apóstolo Paulo seguindo o exemplo de Cristo afirmou “Por que não deixei de vos anunciar todo o propósito de Deus” (At 20.27); este propósito é relatado na Epístola escrita pelo Apóstolo Paulo aos Efésios “ para a santificar purificando-a com a lavagem da água pela palavra. Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 2. 26-27). Por tanto entendemos que o Ensino possui uma importância Singular (2 Tm 2.2).

Exortação

Exortar significa “Exercer influência sobre a vontade e as decisões de outrem com o intuído de conduzi-lo a um padrão de comportamento geralmente aceito, encorajando-o a observar determinadas instruções [...]”[9], é de suma importância frisamos que o ministério de exortação é exercido pelo Espírito Santo, entretanto não se restringe apenas a ele, nem tão pouco limitado a função pastoral ou líder de ensino “cada Cristão que avança no conhecimento em Cristo deve ter o privilégio de exortar o novo na fé”[10]. A Exortação é um dos dons que constam em Romanos 12.6-8 “[...] quem encoraja [exorta], use o dom para isso”. O Escritor aos Hebreus não limita este ministério a pessoa do Espírito Santo ou a algum grupo [X], nem muito menos a alguma pessoa [Y], pelo contrário, o mesmo escreve “[...] animemo-nos [exortando] uns aos outros” (Hb 10.24b). “A exortação praticada na Igreja de maneira Bíblica resolveria grande maioria dos problemas antes deles eclodirem”[11]. Não obstante “o apelo da Exortação deve esclarecer a grandeza do amor estendido ao pecador, para, em seguida, persuadi-lo a desejar a transformação de vida que Deus exige, reconhecendo e querendo fazer a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”[12].

Educação

A educação tem o alvo exato de tornar os filhos obedientes ao Pai. Deus é o nosso Pai espiritual que disciplina (Hb 12.7-10b, 11) seus filhos (v 5). Destarte “É importante reconhecer, conforme esclarece a Palavra, que Deus sabe bem melhor do que qualquer Pai humano qual seria o meio mais eficaz de corrigir os seus filhos – Acréscimo nosso”[13]. A atitude dos filhos deve ser de temor/reverência “ Filho meu, não desprezes a disciplina do Senhor [...]” (Hb 12.5a). O propósito de Deus é claro quanto a aplicação da disciplina “proporcionar maturidade/crescimento moral e espiritual”. Deus aplica a sua disciplina devido ao seu amor e com amor; a pesar que “ os filhos genuínos que não aceitam a transformação suave suscitada pelas Sagradas Escrituras – Deus não age sempre independente, mas faz de seus servos portados da palavra, “corrigindo com mansidão os que resistem" – devem estar prontos para meios mais desagradáveis”[14].

Admoestação e Advertência

A admoestação e a advertência implica um sentido de maior urgência – “um anúncio de um perigo que deve ser evitado”[15] – "não escrevo essas coisas para vos envergonhar, mas para vos advertir, como a meus filhos amados" (1Co 4.14).
Paulo ele aconselha dois passos a serem tomados após advertências terem sidos rejeitadas: Um brando e outro mais severo.

1: Se envergonhe (2 Ts 3.14)
Nesse caso é oferecido a esperança do arrependimento. “Para o primeiro, a desassociação, ou seja, evitar contato e comunhão, mas sempre tendo consciência de que se trata de um “irmão”[16]

2: Perverteu-se [...] condenou-se a si mesmo (1 Tt 3.11)
O segundo caso carece de qualquer sinal de vida. “[...] Tendo em vista a atitude opositora e partidária do pecador, este deve ser considerado indigno do nome “irmão”[17].

Entretanto será necessário a sabedoria de Deus para que possamos distinguir um caso do outro.

Repreensão e Convicção

Sem a ação convencedora e profunda do Espírito Santo (Jo 16.8-11), a condução do pecador ao arrependimento é impossível. Não obstante o “'persuadir' cabe ao homem; quebrantar o coração, ao Espírito de Deus”[18]. A repreensão deve ser exercida por todos os membros de uma igreja local com o intuído de convencer os pecados dos seus erros; “pastores e membros da igreja devem estar preparados para convencer os pecadores de seus erros”[19], entretanto, se for necessário, a repreensão deve continuar até que haja mudança. “O motivo para tentar levar pecadores dentro da igreja ao arrependimento é para que todos os demais tenham temor" (1Tm 5.20).
Paulo escrevendo aos Efésios incumbiu toda aquela comunidade cristã a reprovar (Gr; elenxete) as obras das trevas (Ef 5.11), na perícope seguinte ele solicita que os membros daquela comunidade venham a condenar (Gr; elenxomena) o pecado (Ef 5.13), sabendo que o instrumento é a palavra de Deus “Toda a Escritura [...] é util [...] para repreensão [...]” porque ela é inspirada por Deus (2Tm 3.16). Precisamos entender que a repreensão de Deus deve gerar em nós um sentimento de alegria e regozijo, pois ele “repreende” e “disciplina” a todos os que ele ama; “isto promove arrependimento nesta vida antes de que seja tarde”[20].

Correção

As escrituras são imprescindíveis para a correção, “Toda a Escritura é inspirada por Deus, é útil [...] para corrigir [...]” (2Tm 3.16). O propósito de Deus na correção encontra-se na perícope seguinte “Por ela o homem de Deus se torna perfeito – perfeitamente habilitado –, capacitado para toda boa obra” (v 17). “para que um erro seja corrigido, serão necessárias as Sagradas Escrituras, para que, em seguida, se mostre como é possível corresponder à vontade perfeita do Senhor – Acréscimo nosso” [21].


NOTAS
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* Todo o conteúdo textual dessa postagem se trata de um resumo do Livro "Disciplina na Igreja - Russel P. Shedd". Tal resumo foi apresentado para a conclusão da cadeira de administração eclesiástica do curso de Bacharel em Teologia, Pela Escola Teológica das Assembleias de Deus - ESTEADEB
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segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Os Fariseus - Uma abordagem Histórica






A Origem dos Fariseus

Os Fariseus surgiram do Antigo Partido dos hassidim – eram homens valorosos de Israel, cada um deles apegado a Lei (I Macabeus 2:42), que desejavam o direito de obedecê-la em sua terra natal, entretanto não estavam interessados em restabelecer um estado político Judaico para alcançar esse fim; contudo, auxiliaram os Macabeus em suas guerras contra os governantes helenistas no período Interbíblico (166 – 143 a.C) no tempo de João Hicarno. Era a “Seita” de maior influência e de adeptos nos dias do Novo Testamento

Um Estilo de Vida

A Palavra Fariseu deriva-se do verbo Hb, parash, “separar”. Os fariseus (Hb, פרושי "prushim"; Gr, ϕαρισαῖος) “separados”, eram os separatistas, ou puritanos do judaísmo que se afastavam de todas as más associações, e que procuravam prestar completa obediência a todos os preceitos da Lei oral ou Escrita; os tais eram conhecidos pela comunidade Judaica como "aqueles que se separaram" do resto da população comum para se consagrar ao estudo da Torá e das suas tradições. Todavia, sua separação não envolvia um ascetismo, já que julgavam ser importante o ensino à população das escrituras e das tradições; os mesmos tinham como os seus principais adversários, os Saduceus.

A Influência Farisaica 

Os Fariseus exerciam uma grande influência sobre a comunidade Judaica, segundo o maior historiador Judeu, Flávio Josefo, quando o povo enfrentava uma decisão importante, eles se apoiavam na opinião dos Fariseus de preferência à do Rei ou à do Sumo Sacerdote (Antiguidades, Livro XII, Cap. X, Sec 5), devido a tal prestígio os fariseus eram escolhidos para os altos postos do Governo, incluindo o sinédri–  o supremo tribunal dos Judeus – eles estavam intimamente ligados à liderança das sinagogas, ao seu culto e escolas. "O número de perushim na época era de pouco mais de seis mil pessoas" (Antigüidades Judaicas 17, 2, 4; § 42). Quase todos provinham de famílias de artífices e mercadores da classe média, entretanto, segundo Ezequias Soares, entre os Fariseus existiam aqueles que provinham de famílias camponesas (Soares; Ezequias, Manual de Apologética, 329 pag.) Muitos dentre os "perushim" tinham a profissão de sofer (escriba), ou seja, a pessoa responsável pela transmissão escrita dos manuscritos do A.T e da interpretação dos mesmos. Duas escolas de interpretação religiosa se desenvolveram no seio dos perushim e se tornaram famosas: a escola de Hillel e a escola de Shammai. A escola de Hillel era considerada mais "liberal" na sua interpretação da Lei, enquanto a de Shamai era mais "estrita".

A Moralidade Farisaica em Tempos Obscuros

Kaufman Kohler, no seu livro "Jewis Encyclopedia [Enciclopédia Judaica]", apresenta uma lista de certos tipos de fariseus que poderiam ser facilmente identificados na comunidade Judaica, sendo eles:

1. O Fariseu que fazia ostentação de sua boas obras diante dos homens com uma insígnia no ombro
2. O Fariseu que pedia a qualquer pessoa que esperasse por ele enquanto realizava uma boa ação
3. O Fariseu que feria a si próprio ao ir de encontro a uma parede, porque fechava os olhos para evitar ver uma mulher 
4. O Fariseu que andava com a cabeça pendente para não ver tentações sedutoras

Entretanto, o próprio autor afirma que havia Fariseus que como jó, eram verdadeiramente retos e temente a Deus; Merril C. Tenney concorda com tal afirmação de Kohler, reconhecendo também que "havia muitos outros entre eles que eram verdadeiramente homens virtuosos e bons. Nem todos eram hipócritas"¹.  Através das Sagradas Escrituras podemos citar alguns exemplo de Fariseus piedosos, sendo eles: Nicodemos, Jose Arimatéia, o próprio Saulo de Tarso, como também o seu tutor, Gamaliel. Vale salientar que  os Fariseus possuíam elevados padrões de moralidade, e "de todas as "Seitas" do judaísmo, só o farisaísmo sobreviveu. Tornou-se o fundamento do judaísmo ortodoxo moderno, que segue o modelo da moralidade, do cerimonialismo e do legalismo farisaico" (Tenney; Merril C., O Novo Testamento; Sua Origem e Análise, 438 pag.).


Fundamentação Teológica dos Fariseus

A Teologia dos Fariseus baseava-se no cânon completo do Antigo Testamento, em detrimento ao seu principal grupo opositor, os Saduceus, que baseavam a sua Teologia exclusivamente na Torá, afirmando que tal conjunto de livros eram o único Texto canônico, e que possuíam uma maior autoridade em relação aos demais - Profetas e Salmos".


Modelo de Interpretação Bíblica

Os Fariseus se utilizavam  do método alegórico de interpretação, devido a isto,  gozavam de bastante elasticidade na aplicação dos princípios da lei às novas questões que pudessem ser levantadas. Entretanto, convém ressaltar, que no que diz respeito as interpretações, os mesmos davam importância a Lei oral/tradição, que observavam minuciosamente, que mais tarde assumiu a forma escrita do Mishna e do Talmude, vale salientar que os "Fariseus consideravam  a Lei oral/Tradições como contemporâneas a Lei Escrita, e também como igualmente obrigatórias" (Tenney; Merril C., O Novo Testamento; Sua Origem e Análise, 438 pag.).

A Lei oral/Tradição Farisaica 

Em geral o termo "lei' se refere ao aspecto legislativo do Antigo Testamento, expresso, principalmente, nos cinco primeiros livros da Bíblia – O pentateuco – entretanto os Fariseus (em detrimento os Saduceus) viam com igual simpatia a Lei oral/Tradição escrita de interpretação e aplicação das Escrituras. "Essa tradição se desenvolveu em resposta às perguntas sobre o comportamento apropriado ou assuntos não tratados de forma específica pelos textos Bíblicos ( Zuck; Roy B, Teologia do Novo Testamento, 522 pag.). Essas tradições (Gr. παραδοσις) escritas ou orais, receberam tal estima por parte dos fariseus após os exílios sofridos pelo povo Israelita, David K. Lowery comenta o seguinte:

"Os Fariseus reconheciam que os exílios nacionais passados, em parte, foram precipitados pelo fracasso de Israel de viver em fiel concordância com a lei do Antigo Testamento que receberam. A Tradição oral, afim de prevenir contra a repetição dessas tragédias e de inculcar a preocupação com o viver justo geral, também desenvolveu linhas paralelas que tentavam proteger o povo de violar a lei de Deus por ignorância ou involuntariamente"


Particularidades em Sua Teologia e liturgia


1 Acreditavam na Existência dos Anjos

2 Na imortalidade da Alma e na ressurreição do corpo²

3 Praticavam orações e jejum rituais

4 Entregavam o dízimo meticulosamente

5 Eram muitos estritos na guarda do sábado, não permitindo sequer a cura dos crentes, nem a ceifa de trigo para comer na jornada (Mt 12.12)



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Notas

¹ Jesus os censurou severamente em Mateus 23. Eles se caracterizaram de maneira marcante pela hipocrisia. A palavra fariseu tornou-se sinônima de hipócrita e fingido, até os dias de hoje.

² Eram poucos os demais grupos judeus que aceitavam esse ponto de vista. "Pelo contrário, a maioria  esposava a ideia greco-persa de que morte separava de modo permanente a alma do corpo.


Dedicatória

Dedico todo este conteúdo a Bruno Vieira, devido a sua riquíssima contribuição Editorial.




Bibliografia


O Novo Testamento; Sua Origem e Análize - Merrill C. Tenney
Teologia do Novo Testamento - Roy B. Zuck (Org.)
O mundo do Novo Testamento -  J.I.Packer, Merril C.Tenney e William White
Manual de Apologética - Ezequias Soares
Doze Homens, Uma Missão; Um Perfil Bíblico Histórico dos Doze Discípulos de Cristo - Aramis C.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fariseus
https://www.gotquestions.org/Portugues/Saduceus-Fariseus.html
http://www.abiblia.org/ver.php?id=4036







terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Deus é Amor; Uma breve exposição sobre este sublime Atributo de Deus (Part 1)






Atributo - Aplicando um conceito Teológico:

Antes de Iniciarmos uma exposição Introdutória sobre o Amor de Deus, e de suma importância conceituarmos o que queremos dizer com a palavra "Atributo"; tal palavra significa: "particularidades, qualidades e características que são próprias de alguém ou algo"; logo, a aplicação deste termo - Atributo - na Teologia corresponderia as 'qualidades que inferimos a Deus ao ler as Sagradas Escrituras'; "Atributo, pois, é uma qualidade atribuída a um ser que existe. Os atributos de Deus são: modos de atividade e qualidades do seu caráter" (A.B. Langston).


Amor, Mais que um Sentimento


Segundo Myer Pearlman, O amor é o atributo de Deus em razão do qual ele deseja relação pessoal com aqueles que possuem a sua imagem e, mui especialmente, com aqueles que foram santificados em caráter, feitos semelhantes a ele (Pearlman, Myer; Conhecendo as Doutrinas Bíblicas, 335 pg); devido a isto, é de suma importância conceituarmos o amor, e diferencia-lo de sentimentos passageiros e sem significados; A. B. Langston  tratando sobre este sublime atributo de Deus , no seu conhecido livro "Esboço de Teologia Sistemática" afirma o seguinte: 

"O amor não consiste somente em sentir. O amor, além do sentimento, envolve também certa atitude em relação ao amado. A Bíblia diz que o amor nunca se acaba. Sabemos que os sentimentos findam, pelo que convém não confundirmos o que é passageiro com o que é permanente. Amor é mais que sentimento, é a atitude firme de dar-se ao ente ou objeto amado, e de possuí-lo em íntima comunhão"

Deus é Amor 


As Sagradas Escrituras afirma que Deus ele é amor (Gr; θεος αγαπη εστιν) "Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor [...] E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele" (1 Jo 4.8,16); ou seja, o amor está intrínseco a essência do Próprio Deus,  "O seu amor é como um rio que emana dEle mesmo, que é a fonte perene desse sentimento.  Assim, a Bíblia fala do "Deus de amor" (2 Co 13.11) e também do "amor de Deus" (2 Co 13.13)" (Bérgsten, Eurico; Introdução a Teologia Sistemática, 199 pg).


O Amor exercido pela Trindade  antes da Fundação do Mundo


A Luz das Escrituras percebemos que o amor de Deus era exercido  desde a eternidade, antes de ser manisfestado ao Homem, através do relacionamento entre as pessoas da Trindade, logo toda a trindade exercia este amor antes mesmo da fundação do mundo, na eternidade “porque tu me hás amado antes da fundação do mundo” (Jo 17.24); As Sagradas Escrituras  fala do amor de Jesus Cristo "que excede todo o entendimento" (Ef 3.19), como também fala do amor do Espírito Santo "E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus" (Rm 15:30).


Amor, um Atributo Moral-Comunicável de Deus


Em 1 João 4.19 lemos o Seguinte:

ημεις αγαπωμεν αυτον οτι αυτος πρωτος ηγαπησεν ημας
Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro.

Sabendo disso subtendemos que Deus ele nos criou com a capacidade de amar. Este atributo de Deus - O Amor - é um atributo moral-comunicável, ou seja: 

"Deus comunicou aos seres humanos alguma ressonância desse amor [...] É, pois, sua vontade que nos amemos uns aos outros; é o segundo grande mandamento que Jesus declarou e que vem desde a Lei de Moisés: '[...] amarás ao teu próximo como a ti mesmo' (Lv 19.18; Mt 22.39; Mc 12.31). 'O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei [...] Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros' ( Jo 15.12,17)" (Gilberto, Antônio [Org.]; Teologia Sistemática Pentecostal,  556 pg).




Dedicatória:

Dedico todo este conteúdo a R.A, devido a sua riquíssima contribuição Editorial