Segundo Russel Sheed, o privilégio de participar da restauração de um Cristão apanhado em pecado não deverá ser dado a qualquer membro da comunidade na qual tal culpado pertence, antes “Somente os irmãos reconhecidamente espirituais devem envolver-se [...] e isso com “espírito de humildade” e cautela (Gl 6.1)[22]; Shedd continua afirmando “ Está proibido de tentar disciplinar quem não manifesta o furto do Espírito Santo [...]”[23]. Entretanto, convém salientarmos que o perdão sempre deve ser oferecido ao culpado para o bem-estar da Igreja, consequentemente barreiras serão levantadas contra as ciladas do diabo na vida do culpado “uma Igreja unida pode refletir a glória do Senhor que habita na igreja, mas uma igreja dividida, com mancha e rugas [...] nada consegue refletir além de sua carnalidade”[24].
Estudo do Caso: Disciplina de Pedro
Pedro experimentou também a graciosa disciplina restauradora do Mestre. Jesus Cristo, inicialmente, buscou despertar no coração de Pedro a autoconsciência de sua fraqueza – a disciplina exerce um papel fundamental no que diz respeito ao despertamento da sensibilidade de o Cristão a respeito de sua fraqueza carnal. No capítulo 22 do evangelho escrito pelo médico Lucas, Cristo informa a Pedro sobre o pecado que o mesmo cometeria contra ele – Jesus ao ver a possibilidade da fé de Pedro desfalecer intercedeu pelo seu discípulo – entretanto o mesmo não tirou proveito algum da advertência de Cristo, não obstante, o seu arrependimento posteriormente foi sincero “Pedro, então, saindo dali, chorou amargamente” (Lc 22. 62); devido a tal arrependimento “a autorização divina para apascentar os ‘cordeiros’ e ‘ovelhas’ do Senhor [...] confirma a eliminação de culpa”[25]. Convém salientar que Pedro não precisou de um grande período de tempo para ser admitido a comunhão, pelo contrário, segundo Sheed “ no período máximo de 50 dias, o apóstolo, que cairá tão profundamente, voltou a receber a incumbência do Senhor para pregar a primeira mensagem evangelística da Igreja Primitiva [...]”[26].
Estudo do Caso: Disciplina de Judas
Os fatos que cercam a história de Judas e a sua Traição possui algumas curiosidades extremamente marcantes; um leitor que possua uma visão errônea sobre o carácter e o tratar de Cristo para com Judas poderá interpretar Jesus, e identifica-lo, como tolerante ao pecado – Cristo sempre soube que Judas era um “diabo (Gr. Diabolos, Jo 6.70) ”. Entretanto, “[...] no caso de Judas, o Mestre revela, no campo da disciplina, que a atitude prioritária que o disciplinador deve demonstrar é ter uma espirito acolhedor, paciente e amoroso. Deus seguramente corta o ramo que não dá fruto, mas apenas após inúmeras oportunidades concedidas”[27].
Estudo do Caso: Lucas 15
Nas parábolas que se encontram no capítulo supracitado, encontraremos de forma nítida e contagiante a expressão da atitude de Jesus com respeito aos fracos e falhos – Cristo demonstra mansidão e bondade. Tal texto “sugere uma atitude de humildade, tolerância e aceitação”[28].
O ensinamento por de trás da parábola da ovelha perdida, mostra-nos que a “preocupação prioritária do Senhor será ir em busca do cristão – fora do abrigo – e devolvê-lo ao rebanho. Portanto o nosso coração deve sentir preocupação e tristeza cada vez que vemos um membro afastar-se, por outro lado, grande alegria e conforto deverá ser gerado em nosso coração ao ver a sua volta. A segunda história – A dracma perdida – transmite o mesmo ensinamento e aplicação. A terceira história de forma muita mais sublime mostra-nos o desejo de Deus revelado em 2Pe 3.9 “Que ninguém se perca”; de forma maravilhosa tal parábola – O Filho pródigo – focaliza a benignidade do pai” [...] o pai estende as mão para abraçar o caçula, ainda sujo e mal cheiroso, porque sentia os “sentimentos profundo ou compaixão [...] que Deus sente por todo filho seu” (Acréscimo nosso)[29].
Estudo do Caso: Mateus 18
O texto que se encontro em Mateus 18.15-20 especifica de forma clara os passos necessários a serem tomados no exercício da disciplina. Segundo tal texto, a disciplina se torna necessária apenas quando há algum pecado cometido, se caso o crente culpado não aceitar a exortação para que se arrependa, haverá necessidade que seja realizada uma confrontação por duas ou mais testemunhas, “para que a acusação seja confirmada”[30] – tal confrontação seria uma exposição de posições diante de um grupo [x] que representa a comunidade a qual pertence o culpado. Na última instância, o culpado deverá ser ouvido pela igreja “O supremo tribunal no plano disciplinador de Deus”[31]. Por fim, se caso o culpado continuar deliberadamente a rejeição dos conselhos, o tal deverá ser considerado “Gentio” e “Publicado”, ou seja, um descrente.
Notas
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* Todo o conteúdo textual dessa postagem se trata de um resumo do Livro "Disciplina na Igreja - Russel P. Shedd". Tal resumo foi apresentado para a conclusão da cadeira de administração eclesiástica do curso de Bacharel em Teologia, Pela Escola Teológica das Assembleias de Deus - ESTEADEB
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