segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O Sinergismo e a Depravação Total na Soteriologia Arminiana





Durante os primeiros 400 anos da História do Cristianismo, podemos afirmar com extrema convicção, pelos escritos dos Pais da Igreja, que a posição adotada pelos cristãos acerca da mecânica da Salvação, foi, na maioria dos casos, o que posteriormente seria classificado, no final do século 16, como semi-pelagianismo; e nos demais casos, o que seria chamado posteriormente de arminianismo*;em outras palavras, o entendimento de todos os Pais da Igreja Pré-Agostinho em relação à mecânica da salvação era o que posteriormente seria designado, exageradamente, no final do século 16, como“sinergismo”.[1]

O Sinergismo e a Depravação Total na Soteriologia Arminiana

A expressão “exageradamente” fora aplicada anteriormente porque o termo sinergia, significa um conjunto de ações ou esforços simultâneos associados em prol de um mesmo fim, e que sugere implicitamente uma cooperação de formas mais ou menos equivalentes ou complementares para atingir um objetivo comum. Contudo; uma coisa que nenhum Pai da Igreja, teólogo arminiano ou semipelagiano defenderia – ontem ou hoje – é que a resposta cooperativa do homem ao chamado divino para Salvação é mais ou menos equivalente a de Deus no processo – entretanto, em detrimento a visão semi-pelagianista, os arminianos afirmam de forma mais clara e contundente que a salvação é uma obra totalmente divina. [2] Tomando com base as Sagradas Escrituras, os arminianos assevera que Deus não apenas propiciou a Salvação, mas também capacitou o livre-arbítrio do homem para entender as questões espirituais possibilitando-o a responder ao chamado divino. Por tal motivo nenhum homem pode vangloria-se, pois até mesmo a sua capacidade de responder foi dada por Deus; portanto, sem a ação divina, o homem não poderia ser salvo de forma alguma, pois ele, além de não poder prover a salvação para sim mesmo, não poderia responder de forma alguma ao chamado divino por ela. Logo, a salvação é propiciada por Deus.[3] Assim sendo, o ser humano tem apenas uma pequena participação – possibilitada por Deus – de carácter mais passivo do que ativo no processo inicial de sua Salvação; na fase inicial, só confia, aceita e se submete, e mesmo, depois de salvo, quando precisará se também ativo, “operando” a sua salvação com “temor e tremor” (Fp 2.12), isso só lhe será possível devido a sua nova natureza em Cristo gerada em seu ser pelo Espírito Santo, não se esquecendo do fato de que, ele precisará também continuamente do auxílio da graça divina, caso contrário a sua santificação e perseverança seriam impossíveis (Fp 2.13).[4] Entretanto, o Semi-Pelagiano em detrimento ao arminiano afirmará que Salvação fora propiciada por Deus. O ser humano apenas recebe aquilo que de graça foi feito por Deus em seu favor, e que jamais poderia realizar por si só; contudo, ele recebe tal salvação porque Deus, pela sua misericórdia preservou o seu livre-arbítrio, possuindo capacidade por si só de responder positivamente ao chamado divino.[5] Portanto, a diferença entre os semi-pelagianos e arminianos encontra-se no campo do entendimento da Depravação Total herdada pelo homem. [6]

A depravação total para os semi-pelagianos é Parcial, diferentemente da visão defendida pelos arminianos, que seria uma depravação Total. [7] Para os semi-pelagianos o livre-arbítrio paras as coisas de Deus fora preservado por Ele, possibilitando ao homem responder o chamado divino cooperando com a graça. Para os arminianos o livre-arbítrio fora comprometido após a queda, de maneira que para o homem responder ao chamado divino é necessário que Deus restaure o livre-arbítrio do homem para as coisas espirituais.[8]
Portanto, principalmente na visão arminiana, não há uma cooperação de forças mais ou menos equivalentes ou complementares para atingir o objetivo comum. Portanto, o termo sinergismo fora aplicada incorretamente para designar a Mecânica da Salvação defendida pelos teólogos semipelagianos e arminianos. Tal termo – sinergismo – fora utilizado pelos Luteranos monergistas radicais no final do século 16 para designar pejorativamente os luteranos filipistas [9] com o intuito e propósito claro de exagerar a posição adversária e desacreditá-la.[10] Para piorar, o termo “semi-pelagiano”[11] - igualmente impróprio, além de fortemente pejorativo – foi em tal período, juntamente com o termo “sinergismo”, utilizado para designar a posição dos antigos Cassianistas opositores de agostinho – de hipótese alguma poderiam ser chamados de semipelagianos, pois nem Agostinho os via dessa forma [12] – como também a posição Não-Cassiana dos Luteranos Arminianos.[13] Devido a isto – Termos aplicados pejorativamente a Mecânica Arminiana – grandes Teólogos arminianos como J. Mattew, E.Picirilli, F. Leroy Forline, Jeremy A. Evans, Mark Ellis, William der Boer, Richards Cross, Arthur Skevington Wood – como também o Teólogo Calvinista Gregory Graybill [14] – preferem chamar o “sinergismo” arminano de “Monergismo Condicional ou Monergismo com resistibilidade a Graça”, o qual definem como uma “recepção passiva do mérito ao invés de uma ativa obra cooperativa que ganharia mérito”, pois trata-se de uma “relação na qual a vontade e obra de Deus dentro do homem são bem-vindas numa atitude de confiança e submissão”.[15]

Apesar disso, o Teólogo Arminiano Roger Olson, continua mantendo o termo impróprio “sinergismo” para designar o arminianismo; contudo, o mesmo faz duas distinções sobre o significado e aplicação deste termo, sendo elas:

1. Sinergismo Herético ou Humanista:

Neste sinergismo o pecado original é negando e “as habilidades humanas morais e naturais são elevadas” para que a pessoa possa ter uma vida espiritual completa”. (Pelagianismo) ou então, o pecado original é suavizado para que o homem possa ter a habilidade de, “mesmo em seu estado caído, iniciar a salvação ao exercer uma boa vontade para com Deus. (Semi-Pelagianismo)

2. Sinergismo Evangélico:

Já o sinergismo evangélico “afirma a preveniência da graça para que todo ser humano exerça
uma boa vontade para com Deus (Arminianismo)[16]; Não esqueçamos que todas essas especificação decorrem do fato de que o termo “sinergismo” – se tomado em seu sentido estritamente literal, que sugere implicitamente uma relação “fifty-fifty” (50% a 50%) – se torna extremamente impróprio para designar o Arminianismo, e mesmo se caso for utilizado, o seu sentido precisa ser diferenciado, como faz Olson.[17]



Notas
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* Texto Publicado faz parte de um Resumo realizado do Livro: Arminianismo; A Mecânica da Salvação - Silas Daniel
1 Pag, 17
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3 Pag, 18
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9 (Filipistas) tal nome foi aplicado a luteranos seguidores de Felipe Melanchthon. Teólogo   Luterano Arminiano
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11 (Semi-Pelagiano) O termo fora utilizado pelo Calvinista rígido Teodoro de Beza em 1556 para se referir à doutrina católica romana esposada em seus dias. Inicialmente Beza nem pensou em aplicá-lo aos seguidores de Melanchton. Foi os Luteranos anti-arminianos que começaram a usar injustamente esse termo para se referir ao pensamento melanchthoniano, o que depois cairia no gosto Calvinista também.
12 Inúmeros especialistas asseveram o uso equivocado do termo “semi-pelagianismo” para se referir ao cassianismo e ao pessamento da maioria dos Pais da Igreja Pré-Agostinho, pois os chamados semi-pelagianos queriam ser qualquer coisa, menos “meios-pelagianos”. Seria mais correto chamá-los de “semi-agostinianos”, pois os tais se apoiaram na doutrina da graça e do pecado original de Agostinho – rejeitando explicitamente os pensamentos de Pelágio. Cassiano, por exemplo, classificou-o como herético – contudo, não desejaram seguir toda a doutrina pregada por Agostinho devido as suas consequências. (O autor, Silas Daniel, nas página 45-47, cita conteúdos de mais de 18 obras, de diferentes autores, que corrobora com tal afirmação supracitada)
13 Pag, 19
14 O autor, Silas Daniel, estará trazendo informações adicionais sobre cada Teólogo Citado; como por exemplo: formações acadêmicas e ocupações profissionais na areá da Teologia. Para obter tais informações, aconselho humildemente ao leitor
que adquira o respectivo Livro.
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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Introdução a Pneumatologia - A Divindade do Espírito Santo (Part 2)





Como poderemos saber que o Espírito Santo é Deus? Esta é uma que pergunta está explícita no Catecismo Maior de Westminter (1648). Poderemos extrair deste documento a seguinte resposta para a questão levantada, “basta olharmos para as Escrituras[...]”.

Geralmente, coloca-se o Espírito Santo como a terceira pessoa da trindade, acredito que por tal motivo o estudo sobre Espírito Santo, muitas vezes é desprezado. A expressão “terceira pessoa”, jamais deverá sair do cunho didático, pois “as três pessoas compartilham da mesma glória, do mesmo poder, compartilham o mesmo nome, Deus, e os mesmos atributos” (FERREIRA, 2015, pg. 56). Basílio de Cesareia, por exemplo, era extremamente contrário a esta enumeração, e podemos compreender o motivo. Para quem não domina a trindade, esse tipo de enumeração, torna-a possuidora de uma estrutura hierárquica entre as pessoas, logo, a sujeição de alguma para com a outra seria algo necessário, e isto é heterodoxo. Vale ressaltar que esse modo de pensar e tal “didática”, surgiu na realidade do explicar sobre as manifestações temporal da trindade. Gregório Nazianzeno detalhou esta revelação da pedagogia da “condescendência” divina da seguinte forma:


"O Antigo Testamento proclamava manifestamente o Pai, mas obscuramente o Filho. O Novo manifestou o Filho, mas fez entrever a divindade do Espírito. Agora o Espírito tem direito a cidadania entre nós e os concede uma visão mais clara de si mesmo. Com efeito, não era prudente, Quando ainda não se confessava a divindade do Pai, proclamar abertamente o Filho e, quando a divindade do ainda não admitida, acrescentar o Espírito Santo como um peso suplementar, para usarmos uma expressão um tanto ousada... É por meio de avanços e de progressões “de glória em glória” que a luz da Trindade resplandecerá em claridades mais brilhantes (NAZIANZENO, apud FERREIRA, 2015, pg. 211)"
Neste momento estaremos analisado os principais argumentos concernente a Divindade do Espírito Santo


Espírito Santo é chamado Deus e Senhor

Em At 5.3,4 o Espírito Santo é chamado Deus, vejamos:

Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. (Grifo nosso) 



Já em 2 Co 3.18, encontramos o seguinte, “E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito. Paulo citando Is 6.8,9. disse: "Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaias dizendo: Vai a este povo” (cf. At 28.25,26). Com isso Paulo identificou o Espírito Santo com Deus.

Atributos divinos são-lhe facultados

· Santidade (Jo 14.26; Is 63.10)

· Onipresença e imensidão (Sl 139.7-10; Jr 23.24)

· Onipotência (Lc 1.35; Rm 15.19)

· Onisciência (Is 40.13,14; Rm 11.34; 1Co 2.10-11; Jo 16.13; 2Pe 1.21)

· Eternidade (Hb 9.14; Gn 1.2)

· Glória (1Pe 4.14)

Realiza obras divinas

  Criação (Gn 1.2,3; Jó 33.4; Sl 33.6)

· Preserva e Governa (Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30)

· Regenera (Jo 3.5,6; Tt 3.5)

· Revela os eventos futuros (Lc 2.26; Jo 16.13; At 11.28; 1Tm 4.1)

· Ressurreição (Rm 8.11; 1Pe 3.18)

· Governa a Igreja (At 15.28; At 13.2; 20.28)

· Santifica (2Ts 2.13; 1Pe 1.2)

· Milagres (Mt 12.28)

· Iluminação (Ef 1.17,18)

· Confere Dons (1Co 12.4-11)

É adorado


Há inúmeras passagens que são claras sobre a identificação de que o Espírito Santo que proferiu a Escritura é Deus. Contudo, os trechos mais claros podem ser encontrados em At 1.6 que diz: “Homens irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus” e At 4.25,25 “E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há; Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs?

 É colocado em igualdade como pai e filho


“Quando o nome de Deus se junta com o do Filho e do Espírito Santo, assume o caráter de perfeição e de plenitude (Mt 28.19); trata-se de pensamento trinitariano ainda que falte aqui uma formulação trinitariana precisa “ BIETENHANHARD, apud MAIA, 2014, pg.471).

A igualdade entre as pessoas da trindade é confirmada em passagens que as ordens de citação de tais pessoas variam, como por exemplo em Romanos 1.21-22 e 2 Coríntios .13.13: O Filho é mencionado em primeiro lugar, depois o Pai, depois o Espírito Santo; 1 Pedro 1.2: O Pai é mencionado em primeiro lugar, depois o Espírito Santo, depois o Filho; Judas 20-21: O Espírito Santo é mencionado em primeiro lugar, depois o Pai, depois o Filho. Portanto, a divindade do Espírito Santo é clara na Bíblia.

Peca-se contra o Espírito Santo


Este é o argumento mais forte concernente a Divindade do Espírito ao nosso pensar. Em Mateus 12.31.32 está escrito: 

“e, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro”

A passagem é clara quanto a gravidade do ato de blasfemar contra o Espírito; “a imperdoabilidade deste pecado – a blasfêmia – envolve o fato dele ser Deus. Se o Espírito fosse uma força, não se pecaria contra ele; se por outro lado fosse apenas um ser pessoal finito, o pecado contra ele não seria imperdoável” (MAIA, 2014, pg. 473 – acréscimo nosso)
O substantivo βλασφημία, visto por duas vezes nos versículos citados anteriormente, origina-se do verbo βλασφημέω que tem o sentido de “injuriar”, “difamar”, “insultar”, “caluniar”, “maldizer”; tal verbo é formado por duas palavras, βλάψις derivada de βλάπω: “injuriar”, “prejudicar” e Φημί: “falar”, “afirmar”, “dar a entender”, “anunciar”. Como certa vez escreveu Calvino “A blasfêmia é um ato cometido por homens que deliberadamente guerreiam contra Deus. Essa é uma espantosa perversidade e uma monstruosa temeridade”. 





quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O Ateísmo e as Suas Implicações Existenciais (Part 3)




Na publicação anterior procuramos mostrar que se Deus não existir, a vida não possui um valor último [1]; neste momento, estaremos focando no Terceiro ponto que envolve as implicações existenciais do Ateísmo: "Se  Deus não existe, a vida não possui sentido, nem valor, nem PROPÓSITO FINAL"


Sem um propósito Final


Se Deus não existir, o Ser Humano e o Universo existem sem nenhum propósito, consequentemente a vida é algo completamente sem razão. Como Willian L. Craig salienta: 

"Se a morte nos espera de braços abertos no fim do curso da vida, qual é o objetivo da vida? Com que fim ela foi vivida? Tudo foi a troco de nada? Não há razão para a vida? E o que dizer do Universo? Ele é completamente sem razão? [...]"

O Escrito Inglês H. G. Wells anteviu essa perspectiva em seu romance a Máquina do Tempo. Um dos personagem da obra supracitada viaja no tempo afim de descobrir o destino do ser humano, e tudo o que ele encontra é a terra morta, com exceção de alguns musgos, orbitando em torno de um gigantesco sol vermelho. Os únicos sons são o sopro do vento e o marulhar das ondas do oceano. 

"O mundo estava em silêncio. Silêncio? Seria difícil descrever como tudo estava quieto. Todos os sons das pessoas, o balido das ovelhas, o canto dos pássaros, o zumbir dos insetos, o movimento que forma o plano de fundo da nossa vida - Tudo havia passado"
Quando o viajante retorna de tal ponto no futuro, percebemos que ele retornou apenas para uma fração anterior de tempo, para uma mesma agitação frenética e sem propósito em direção ao Esquecimento. Essa é a realidade de um universo sem Deus:

"Não há esperança nem propósito"

O Autor do Livro de Eclesiastes mostra no decorrer do livro a futilidade do praser, da riqueza, da instrução, da fama política e da honra em uma vida fadada a morrer. O seu veredito de forma irônica é: Que grande ilusão! Que grande Ilusão! Tudo é Ilusão" (Ec 1.2)



"Mais que isso, mesmo que a vida não terminasse com a morte, sem Deus a vida ainda careceria de propósito. Pois o ser humano e o universo seriam meros acidentes do acaso, trazidos a uma existência sem razão. Sem Deus o universo é fruto de um acidente cósmico, de uma explosão acidental. Não há uma razão para que ele exista. E o ser humano é uma aberração da natureza, produto casual de matéria mais tempo mais acaso. Se Deus não existir, então você não passa de um aborto da natureza jogado em um universo sem propósito para viver uma vida sem propósito. Portanto, se Deus não existir, isso significa que o ser humano  e o universo existem sem um propósito — uma vez que o fim de tudo é a morte — e que vieram a existir sem propósito algum, uma vez que são meras obras do acaso. Em síntese, a vicia é algo completamente

sem razão"
T.S. Eliot em um dos seus versos escreve: 


"É assim que o mundo Termina
      É assim que o mundo terminou
É assim que o mundo Termina
      Não com uma explosão; com um gemido"

Como de forma perspicaz, conclui Craig: 


"O que vale para o Universo e a raça humana também se aplica a nós como indivíduos. Enquanto seres humanos individuais, somos o resultado de certas combinações de hereditariedade e ambiente. Somos vítimas de um tipo de roleta genética e ambiental. Biólogos como Richard Dawkin consideram o ser humano uma maquína eletroquímica [...]. Se Deus não existe, você não passa de um aborto da natureza jogado num universo sem propósito para levar uma vida sem propósito"

Contudo, se Deus existe, isso significa que há uma esperança para o ser humano, há um propósito para o universo.


A Impossibilidade Prática 

Os dilemas do homem moderno é extremamente terrível. A cosmovisão ateísta é insuficiente para proporcionar uma vida feliz e coerente. Como afirma Craig: "O ser humano não pode viver de modo coerente e feliz como se a vida no fim das contas não tivesse sentido, valor ou propósito. Se tentarmos viver de modo coerente dentro da cosmovisão ateísta, acabaremos profundamente infelizes. Se, porém, conseguirmos viver felizes, será apenas contradizendo nossa cosmovisão". 
Entretanto Incapazes de viver em um universo em que tudo é produto do acaso cego, os ateus, ,como por exemplo, os físicos russos Zeldovich e Novikov, Francis Crick, Fred Hoyle, astrônomo inglês, Carl Sagan etc, às vezes começam a atribuir personalidade e motivos aos próprios processos físicos. Essa é uma maneira bizarra de falar e representa aquilo que Schaeffer denominava como um salto do andar de baixo para o de cima da Existência Humana[2];Como também  é defendido por alguns o próprio auto-engano como meio para se viver com propósito da vida. Bloch e  L. D. Rue defendem tais perspectivas, Bloch por exemplo constata que a crença de que a vida termina em nada dificilmente é, em suas palavras, “suficiente para manter a cabeça erguida e trabalhar como se não houvesse fim”. Ao se valer dos resquícios de uma crença na imortalidade, escreve Bloch, “o homem moderno não sente o abismo que o cerca por todos os lados e com certeza acabará por tragá-lo. Com esses resquícios, ele salva seu senso de identidade própria. Por meio deles surge a impressão de que o ser humano não está perecendo, mas apenas um dia o mundo terá o capricho de não mais se mostrar a ele”. O dr. L. D. Rue, defendeu corajosamente que enganemos a nós mesmos com alguma “Mentira Nobre” para que pensemos que nós e o universo ainda temos valor. Mas o que seria aquilo que ele classifica como Mentira nobre? Segundo Rue:

“É aquela que nos engana, nos ilude, nos impele além do interesse próprio, além do ego, além de família, nação [e] raça”. É uma mentira porque nos diz que o universo é dotado de valor (o que é uma grande ficção), porque alega ser uma verdade universal (o que não existe) e porque me diz que não devo viver para os meus interesses (o que é obviamente falso). “Sem essas mentiras, no entanto, não conseguimos viver.” Esse é o terrível veredicto pronunciado sobre o homem moderno. A fim de sobreviver, ele tem de viver enganando a si mesmo. Contudo, mesmo a alternativa da Mentira Nobre, no fim das contas, não funciona"

Não obstante, Steven Weinberg, ganhador do Nobel de física e reconhecidamente ateu, no seu livro ,The First Three e Minutes [Os três primeiros minutos], escreveu o seguinte:

"É quase irresistível para o ser humano acreditar que tem alguma relação especial com o universo, que a vida humana não é, grosso modo, um resultado ridículo de uma cadeia de acontecimentos acidentais que remontam aos primeiros três minutos, mas sim que fomos de alguma forma criados dese o início [...] E muito difícil descobrir que tudo isso não passa de uma minúscula parte de um universo assustadoramente hostil. O mais difícil ainda é descobrir que o universo atual evolui a partir de uma condição inicial inexplicavelmente desconhecida, e tem pela frente uma futura extinção em um frio indescritível ou um calor intolerável. Quanto mais o universo nos parece compreensível, mais parece sem propósito. Mas se não há nenhum consolo nos frutos da nossa pesquisa, ha ao menos algum consolo na pesquisa em si. Os homens e as mulheres não se contentam em se consolar com fábulas de deuses e gigantes, ou em confinar seus pensamentos nos afazeres cotidianos da vida; eles também constroem telescópios, satélites e aceleradores de partículas, e sentam-se em suas escrivaninhas por horas intermináveis para encontrar um sentido para os dados que reuniram. O esforço para entender o universo é uma das poucas coisas que eleva a vida humana acima do nível da farsa, e lhe confere um pouco da farsa e do absurdo, e lhe dá algo da graça da tragédia"


Weinberg evidentemente enxerga na vida devotada às buscas científicas algo verdadeiramente significativo, e portanto é lamentável que uma busca tão nobre seja extinta. Mas por que no naturalismo a busca da ciência deveria ser algo diferente de arrastar-se por aí, não fazendo nada? Visto que não há propósito objetivo para a vida humana, nenhuma de nossas buscas tem significado objetivo algum, por importantes e valiosas que nos pareçam subjetivamente. a tendência irresistível de tratar os avanços na carreira e a fama como se fossem fins de fato objetivamente importantes, quando na verdade não são nada.


O êxito do cristianismo bíblico

se o ateísmo fracassa nos aspectos concernente a existência humanda, o que dizer do cristianismo bíblico? De acordo com a cosmovisão cristã, Deus existe, e por isso a vida do ser humano não termina no túmulo. No corpo ressurreto, o ser humano pode desfrutar da vida eterna em comunhão com Deus. O cristianismo bíblico, portanto, proporciona ao ser humano as duas condições necessárias para uma vida com sentido:
  1. valor e propósito 
  2. Deus e a imortalidade.
Por causa disso, podemos viver de modo coerente e feliz. Assim, o cristianismo bíblico é bem-sucedido exatamente onde o ateísmo fracassa. Se Deus não existe, a vida é inútil. Se o Deus da Bíblia existe, a vida tem sentido. Somente a segunda dessas duas alternativas nos possibilita viver felizes e coerentes.





Notas
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[1] https://lucasamaciel.blogspot.com/2018/05/o-ateismo-e-as-suas-implicacoes_19.html

[2] Francis Schaeffer diz que o "homem moderno mora em um universo de dois andares. No andar de baixo está o mundo finito sem Deus; ali a vida é um absurdo, como vimos. No andar de cima estão sentido, valor e propósito. Muito bem, o homem moderno mora no andar de baixo porque acredita que Deus não existe. Só que não consegue viver feliz num mundo absurdo assim; por isso, constantemente dá saltos de fé para o andar superior para afirmar sentido, valor e propósito, apesar de não ter direito a isso por não crer em Deus. O homem moderno é totalmente incoerente quando dá o seu salto, porque esses valores não existem sem Deus, e o ser humano no andar de baixo não tem Deus."


domingo, 27 de maio de 2018

Os Pais da Igreja x Agostinho e Calvino


O Calvinismo e a História

Toda as tentativas de teólogos reformados de encontrar Pais da Igreja anteriores a Agostinho que tenham adotado uma linha calvinista é, como de se esperar, debalde. Alguns deles, mesmo assim, insistem em vender como bem-sucedidos seus resultados escandalosamente forçados, os quais foram, ignorados por especialistas, sendo populares apenas em alguns “guetos” calvinistas; vale salientar que o próprio Calvino, após uma tentativa fracassada de buscar apoio para a sua doutrina da mecânica da Salvação nos Pais da Igreja, alertou decepcionado que “todos os escritores eclesiásticos, exceto Agostinho”, lhe eram “contrários” (Institutas, II, 2, 9).


Agostinho e Calvino x Os Pais da Igreja

Como destaca o historiador e teólogo Jaroslav Pelican (1923-2006), um dos maiores especialistas no mundo em História da Igreja Antiga e Medieval, “Agostinho, foi muito 'além mesmo da tradição teológica ocidental, sem mencionar a oriental, ao postular uma doutrina da predestinação incluindo a da predestinação à condenação e da irresistibilidade da graça. Mesmo aqueles que se juntaram à oposição a Pelágio se negaram a concordar com a forma extrema assumida por essa doutrina da predestinação da graça” (PELIKAN, Jaroslav, A Tradicao Crista – Uma Historia do Desenvolvimento da Doutrina, Vol I, 2014, Sheed Publicações, Pag, 321); como assevera o historiador reformado Phillip Schaff (1819-1893), “o sistema agostiniano era desconhecido na era pré-nicenica” (SCHAFF, Phillip, History of the Christian Church, Vol III, 1997); o Teólogo alemão Bernhard Lohse (1928-1997), renomado professor de História da Igreja e de Teologia Histórica da Universidade de Hamburgo, enfatiza que “há um consenso generalizado entre os padres da igreja primitiva de que o homem é dotado de uma livre vontade e que nenhum pecado realmente pode impedi-lo de decidir-se pelo que é bom e evitar aquilo que é ruim” (LOHSE, Bernhard, A Fe Crista Atraves dos Tempos, 1972, Editora Sinodal, Pag, 111); O erudito britânico John Norman Davidson Kelly (1909-1997), em sua merecidamente louvada obra Early Christian Doctrine, recentemente republicada no Brasil com o nome Patrística: Origem e Desenvolvimento das Doutrinas Centrais da Fé Cristã, é ainda mais específico demonstrando o domínio total da visão sinergista nos escritos dos Pais Gregos “concordavam que a vontade do homem continua livre” e que “somos [totalmente] responsáveis por nossos atos”, e os Pais Latinos, em sua maioria, “mantiveram as verdades paralelas do livre-arbítrio do homem e de sua necessidade da ajuda de Deus”, com “uma ênfase cada vez maior nesta última”, manifestando “um senso mais profundo da dependência que o homem tem de Deus” (KELLY, J. N. D., Patristica – Origem e Desenvolvimento das Doutrinas Centrais da Fe Crista, 2015, Vida Nova, pp, 265 e 269). Em suma, nas palavras de Alister McGrath, “a tradição teológica pré-Agostinho é praticamente de uma única voz em asseverar a liberdade da vontade do homem”, isto é, o livre-arbítrio libertário (MCGRATH, Alister, Iustitia Dei: A History of the Christian Doctrine of Justification, 1998, Cambridge University Press, Pag, 20).


O Sinergismo nos Pais da Igreja


Os Pais da igreja eram todos eles sinergistas[1], sendo a maioria (principalmente o pais gregos) de linha semi-pelagiana[2], e os demais (principalmente os pais latinos), de uma linha que posteriormente seria denominado como Arminianismo. Tal afirmação toma como base a mecânica da Salvação aceitadas pelos mesmos. Tanto o semi pelagianismo quanto o arminianismo creem, nos seguintes aspectos referente a mecânica da salvação:

  •  Expiação Ilimitada – através da expiação de Cristo, é oferecido a todos os homens a possibilidade concreta de salvação para toda a humanidade 
  •  Eleição Condicional – a eleição para a salvação é condicional 
  •  Graça resistível – a graça divina pode ser resistida e que é possível um salvo em Cristo decair da graça e eventualmente se perder eternamente


Contudo, a única discordância entre os semi-pelagianos e arminianos é quanto ao initium fidei – início da fé. Enquanto os primeiros creem que a corrupção de Adão pelos seres humanos é parcial, podendo o ser humano, em alguns casos, vir a Deus sem uma ação preventiva da graça divina sobre a livre vontade humana, os arminianos creem que essa corrupção é total, no sentido de abranger completamente o ser humano, de maneira que este se encontra impossibilitado de vir a Cristo, exercendo sua livre vontade, a não ser que a graça divina o habilite antes, o atraindo para si. Portanto, tanto o semi-pelagiano quanto o arminiano creem na realidade do livre-arbítrio, só que o arminiano crê na necessidade de uma graça preveniente ou precedente de Deus para capacitar o livre-arbítrio humano para responder positivamente ao chamado divino, entretanto, o semi-pelagiano crê que não necessariamente o ser humano precisa de uma ação preventiva da graça para ter tal capacidade de resposta, pois Deus teria pela sua graça, preservado minimamente essa capacidade do homem após a sua queda

A crença em um livre-arbítrio preservado ou auxiliado por uma ação preveniente da graça divina é claríssima nos escritos dos Pais da Igreja pré-Agostinho. Nunca é visto uma espécie de calvinismo nesses primeiros 400 anos da história da Igreja – seja de forma implícita ou explícita; em todos os casos os pais da Igreja, irão falar entre uma cooperação entre a graça e a vontade homem no processo da Salvação, bem como uma possível resistibilidade à graça.

Além da ausência de posicionamentos calvinistas nos registros históricos desse período, o próprio fato de haver uma grande incidência de semi-pelagianismo nessa época reforça ainda mais a inexistência de uma visão calvinista nos primeiros séculos da história da Igreja;

Os dados históricos mostram uma abundância de casos de semi-pelagianismo, e estes, como sabemos, são exageros comuns apenas em contextos originalmente arminianos, onde esteja ocorrendo grande apelo ao livre-arbítrio como contraposição a ideais existente na época, e no caso, tais ideais advinham das heresias e religiões fatalistas pagas que negavam o livre-arbítrio. Portanto, nunca uma grande incidência de semi-pelagianos pode advir de um contexto onde originalmente reinava uma visão calvinista. Essa realidade lógica depõe ainda mais contra a falida tese de que a igreja primitiva detinha originalmente uma posição Calvinista.

Statements dos Pais da Igreja

Será citado[3] neste momento várias declarações e documentos dos Pais da Igreja pré-agostinho e alguns que chegaram a ser contemporâneo do mesmo sobre a realidade do Livre-Arbítrio (Dentro da duas cosmovisões citadas anteriormente), Eleição condicional, Expiação Ilimitada, Presciência (Em seu sentido original), Resistibilidade da Graça etc. Todas as citações seguirá uma sequência cronológica e não pelos assuntos supracitados.

Clemente de Roma

“Agora, pois, como seja certo que tudo é por ele visto e ouvido, temamos e abandonemos os execráveis desejos de más obras, a fim de sermos protegidos por sua misericórdia nos juízos vindouros. Porque para 'onde algum de nós poderá fugir de sua poderosa mão?' Que mundo acolherá os que deserdam de Deus?” (Clemente de Roma [35-97], 1 Coríntios, XXVIII, 1 e 2).

“Olhemos fielmente para o sangue de Cristo e vejamos qual precioso esse sangue é para Deus, que tendo sido derramado por nossa salvação, conquistou para todo o mundo a Graça do Arrependimento” (Clemente de Roma, 1 Coríntios, VII)

Didaquê

“Vigiai sobre a vossa vida; não deixai que vossas lâmpadas se apaguem, nem afrouxai vossos cintos. Ao contrário, estai preparados porque não sabeis a hora em que virá o Senhor. Reuni-vos frequentemente, procurando o que convém a vossas almas; por que de nada vos servirá o todo o tempo a vossa fé se não fordes perfeitos no último momento” (Didaquê [Primeiro Século] XVI, 1 E 2)

Epístola de Barnabé

“Portanto, eis que temos sido remodelados, como novamente Ele diz em outro profeta: 'Eis, diz o Senhor, que vou tirar destes', isto é, daqueles a quem o Espírito do senhor previu, 'os seus corações de pedra, e eu vou colocar corações de carne dentro deles', porque Ele era para ser manifestado em carne, e para peregrinar entre nós. Pois, meu irmãos, a morada do nosso coração é um templo consagrado ao Senhor” (Epístola de Barnabé [Segundo Século], VI)

Pastor de Hermas

“'Que você possa contemplar 'acrescentou', a grande misericórdia do Senhor, que é grande e glorioso, e deu Seu Espírito para aqueles que são dignos de arrependimento'. Disse Eu: 'Por que, então, senhor não fez Ele com que todos se arrependessem?'. Ele respondeu: 'Para aqueles que cujos corações Ele viu que se tornariam puros e obedientes a Ele, deu o poder de se arrependerem de todo o coração. Mas para aqueles cujo engano e maldade Ele percebeu, e viu que tinham a intenção de arrepender-se hipocritamente, ele não concedeu o arrependimento, para que não profanassem novamente o seu nome'” (O Pastor de Hermas [Segundo Século], Livro III, 8, VI).

Epístola a Diagneto

“Como Salvador O enviou, e com vocação para persuadir, não para compelir-nos; porque violência não tem lugar no caráter de Deus” (Epístola a Diogneto [120 d.C.], Exórdio, VII).

Policarpo

“Mas aquele que ressuscitou dentre os mortos nos ressuscitará também, se fizermos a sua vontade, e caminharmos e seus mandamentos e amarmos o que Ele amou, mantendo-nos afastados de toda Injustiça” (Policarpo [100-150], Filipenses, II).


Justino Mártir


“Deus, no desejo de que homens e anjos seguissem sua vontade, resolveu criá-los livres para praticar a retidão. Se a Palavra de Deus prediz que alguns anjos e homens certamente serão punidos, isso é porque ela sabia de antemão que eles seriam imutavelmente ímpios, mas não porque Deus os Criou Assim. De forma que quem quiser arrepender-se, pode obter misericórdia” (Justino Mártir [100-165], Diálogos, CXLI)

“Mas agora Ele nos persuade e nos conduz à fé para que sigamos o que lhe é grato por escolha, através das potências racionais com as quais Ele mesmo nos presenteou” (Justino Mártir, Apologia Primeira, XI, 4)

“Do que dissemos anteriormente, ninguém deve tirar a conclusão de que afirmamos que tudo o que acontece, acontece por necessidade do destino, pelo fato que afirmamos que os acontecimentos foram conhecidos de antemão. Por isso, resolveremos também essa dificuldade. Nós aprendemos dos profetas e afirmamos que esta é a verdade: os castigos e tormentos, assim como as boas recompensas, são dadas a cada um conforme as suas obras. Se não fosses assim, se tudo acontecesse por destino, não haveria absolutamente livre-arbítrio. Com efeito, se já está determinado que seja bom e o outro bom, nem aquele merece elogio, nem este vitupério. Se o Gênero humano não tem poder de fugir, por livre determinação, do que é vergonhoso e escolher o belo, ele não é irresponsável de nenhuma ação que faça. Mas que o homem é virtuoso e peca por livre escolha, podemos demonstrar pelo seguinte argumento: Vemos que o mesmo sujeito passa de um contrário a outro. Ora, se estivesse determinado ser mau ou bom, não seria capaz de coisas contrárias, nem mudaria com tanta frequência. Na realidade, nem se poderia dizer que uns são bons e outros maus, desde o momento que afirmamos que o destino é a causa de bons e maus, e que realiza coisas contrárias a si mesmo, ou que se deveria tomar como verdade o que já anteriormente insinuamos, isto é, que a virtude e maldade são puras palavras, e que só por opinião se tem algo como bom ou mau. Isso, como demonstra a verdadeira razão, é o cúmulo da impiedade e da iniquidade. Afirmamos ser destino ineludível que aqueles que escolheram o bem terão digna recompensa e os que escolheram o contrário, terão igualmente digno castigo. Com efeito, Deus não fez o homem com as outras criaturas. Por exemplo: árvores ou quadrúpedes, que nada podem fazer por determinação. Nesse caso, não seria digno de recompensa e elogio, pois não teriam escolhido o bem por si mesmo, mas nascido já bom; nem, por ter sido mau, seria castigado justamente, pois não o seria livremente, mas por não ter podido ser algo diferente do que foi” (Justino Mártir, Apologia Primeira, XLIII)

“Aqueles que foram conhecidos de antemão [Por Deus] que seriam injustos, sejam homens ou anjos, não são feitos maus por culpa de Deus, mas cada um por sua própria Culpa” (Justino Mártir, Diálogo com Trifão, CXL)

Taciano

“Viva para Deus, e apreendendo-o, coloque de lado sua velha natureza. Não fomos criados para morrer, mas morremos por nossa própria falha. Nosso Livre-Arbítrio nos destruiu, nós que fomos livres nos tornamos escravos; fomos vendidos pelo pecado. Nada de mal foi criado por Deus; nós próprios manifestamos impiedade; mas nós, que a temos manifestado, somos capazes de rejeitá-la novamente (Taciano, o Sírio [120-180], Cartas, XI)

Teófilo de Antioquia

“Deus fez o homem livre, e esse poder sobre si mesmo […] Deus lhe concede como um dom por filantropia e compaixão, quando o homem lhe obedece. Pois como o homem, desobedecendo, atraiu morte sobre si mesmo, assim, obedecendo à vontade de Deus, aquele que deseja é capaz de obter para si mesmo a vida Eterna” (Teófilo de Antioquia [120?-186], Livro a Autólico, I, 27)

Irineu de Lião


“A expressão: 'Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos […] mas vocês não quiseram' ilustra bem a antiga lei da liberdade do homem, porque DEUS o fez livre desde o início, com vontade e alma para consentir nos desejos de Deus sem ser coagido por ele. Deus não faz violência, e o bom conselho o assiste sempre, por isso dá o bom conselho a todos, mas também dá ao homem, o poder de escolha, como o tinha dado aos anjos, que são seres racionais, par que os que obedecem recebam justamente o bem, dado por Deus e guardado para eles. […] SE não dependesse de nós o fazer e o não fazer, por qual motivo o apóstolo, e bem antes dele o Senhor, nos aconselhariam a fazer coisa e anos abster de outras? Sendo, porém, o homem livre na sua vontade, desde o princípio, e livre é Deus, à semelhança do qual foi feito, foi-lhe dado, desde sempre, o conselho de se ater ao bem, o que se realiza pela obediência a Deus” (Irineu de Lião [130-202], Contra as Heresias, IV, 37, 1 e 4).

“Por isso dizia aquele presbítero: não devemos nos sentir orgulhosos nem reprovar os antigos; ao contrário, devemos temer; não ocorra que, depois de conhecermos a Cristo, façamos aquilo que não agrada a Deus e, consequentemente, já não sejam perdoados os nossos pecados, nos excluindo do seu Reino. Paulo disse a este propósito: 'Se não perdoou os ramos naturais, tampouco te perdoará, pois sois oliveira silvestre enxertada nos ramos da oliveira e recebes da sua seiva” (Ireneu de Lião, Contra as Heresias, IV, 27, 2)

“O Senhor, pois, nos remiu através de seu sangue, dando sua vida em favor da nossa vida, sua carne por nossa carne. Derramou o Espírito do Pai par que fosse possível a comunhão de Deus e do homem. Trouxe Deus aos homens mediando o Espírito, e levou os homens a Deus mediante sua encarnação” (Ireneu de Lião, Contra as Heresias, V, 1, 2).

Atenógaras de Atenas

“Justamente como homens possuem liberdade de escolha assim como virtude e defeito (porque você não honraria tanto o bom quando puniria o mau, a menos que o defeito e a virtude estivesse em seu próprio poder, e alguns são diligentes nos assuntos confiados a eles, e outro são infiéis), assim são os anjos” (Atenágoras de Atenas [133-190], Apelo em favor dos Cristãos, XXIV)

Clemente de Alexandria

“Mas nós, que temos ouvido pelas Escrituras que a escolha auto-determinadora e a recusa foram dadas pelo Senhor ao ser humano, descansamos no critério infalível da fé, manifestando um espírito desejoso, visto que escolhemos a vida e cremos em Deus através de sua voz” (Clemente de Alexandria [150-215], Stromata II, 4)

“Cristo livremente traz […] Salvação a toda a raça humana” (Clemente de Alexandria, Pedagogo, XI)

Bardesano, o Sírio

“Como é que Deus não nos fez de modo que não pecássemos e não incorrêssemos na condenação? Se o ser humano fosse feito assim, não teria pertencido a si mesmo, mas seria instrumento daquele que o moveu. […] E como, nesse navio, que outra pessoa dirige: onde o louva e a culpa residem na mão do músico ou do piloto, […] eles sendo somente instrumentos feitos para uso daquele em que está a habilidade? Mas Deus, em sua benignidade, escolheu fazer assim o ser humano; pela liberdade ele o exaltou acima de muitas de suas criaturas” (Bardesano, o Sírio [154-222], encontrado em fragmentos)

Tertuliano

“Acho, então, que o ser humano foi feito livre por Deus, senhor de sua própria vontade e poder, indicando a presença da imagem de Deus e a semelhança com ele […] você verá que, quando ele coloca diante do ser humano o bem e o mal, a vida e a morte, o curso total da disciplina está disposto em preceitos pelos quais Deus chama o ser humano do pecado, ameaça e exorta-o; e isso em nenhuma outra base senão pelo fato de o ser humano ser livre, com vontade ou para obediência ou para resistência […] Portanto, tanto a bondade quanto o propósito de Deus são revelados no dom da liberdade dado ao ser humano por Sua vontade” (Tertuliano [160-220], Contra Marcião, II, 5)

Orígenes de Alexandria


“Ora, deve ser conhecido que os santos apóstolos, na pregação da fé de Cristo, pronunciaram-se com a maior clareza sobre certos pontos que eles criam ser necessários para todo mundo (…) Isso também é claramente definido no ensino da Igreja de que cada alma racional é dotada de livre-arbítrio e volição” (Orígenes de Alexandria [185-253], Sobre os Princípios, Prefácio).

“Quando Deus se comprometeu no inicio criar o mundo, como nada que vem a ser o é sem uma causa, cada uma das coisas que haveriam de existir foram apresentadas à sua mente. Ele viu no que resultaria quando cada uma dessa coisas fossem produzidas; e quando o resultado fosse completado, o que mais iria acompanhar; e o que mais seria resultada dessas coisas quando elas fossem acontecer; e assim por diante até a conclusão da sequência de eventos, Ele sabia o que seria, sem ser totalmente a cuasa do que bem a ser de cada uma das coisas que Ele sabia que aconteceriam” (Orígenes de Alexandria, Comentários sobre Gênesis, Livro III, 6)

“Há de fato, inúmeras passagens nas Escrituras que estabelecem com extrema clareza a existência da liberdade da vontade” (Orígenes de Alexandria, Sobre os Princípios, III, 1)

Hipólito de Portus

“O homem possui a capacidade de autodeterminação, na medida que ele é capaz de querer e não querer, e é dotado com o poder de fazer as duas coisas” (Hipólito de Portus [Terceiros Século] Refutação de Todas as Heresias)

Metódio de Olimpos

“Ora, aqueles que decidem que o ser humano não possui livre-arbítrio, e afirma que ele é gonvernado penas necessidade invitáveis do destino […] são culpados de impiedade par com o próprio Deus, fazendo-o ser a causa e o autor dos males humanos” (Metódio de Olimpos [250-311], O Banquede das Dez Virgens, XVI. Lembrando que Metódio escreveu ainda uma obra inteira em defesa do livre-arbítrio do homem, intitulada Concernente ao Livre-Arbítrio)

Arnóbia de Sica

“Mais ainda, meu oponente diz que, se Deus é poderoso, misericordioso, desejando salvar-nos, que mude as nossas disposições e nos force a confiar em suas promessas. Isso, então, é violência, não é amabilidade nem generosidade do Deus supremo, mas um luta vã e pueril na busca da Obtenção do domínio. Pois o que seria tão injusto como forçar homens que são relutantes e indignos, reverter suas inclinações; imprimir forçadamente em suas mentes o que eles não estão desejando receber?” (Arnóbio de Sica [250?-330], Contra os Pagãos, Livro II, 65)

Eusébio de Cesareia

“O conhecimento não é a causa do que tenham ocorrido. As coisas não ocorrem porque Deus sabe. Quando as coisas estão para ocorre, Deus o sabe” (Eusébio de Cesareia [265-339], Preparação par ao Evangelho, IV 11)

“Era necessário que o Cordeiro de Deus fosse oferecido pelo outros cordeiros cuja natureza Ele assumiu e por toda a raça humana” (Eusébio de Cesareia, Demonstração do Evangelho, Prefácio, X) 

Atanásio de Alexandria


“Todos os homens estavam sujeitos à corrupção da morte. Substituindo a todos nós, o Verbo tomou um corpo semelhante ao nosso, entregando a si mesmo à morte por nós todos, como um sacrifício a seu Pai. (...) dessa maneira, morrendo todos nEle, poder ser abolida a lei universal da mortalidade humana. A exigência da morte foi satisfeita no corpo do Senhor, e devorante, deixa de atingir os homens feito semelhantes a Cristo. Aos homens que se haviam entregue à corrupção foi restituída a incorrupção e, mediante a apropriação do corpo de Cristo e de Sua Ressurreição, os homens são redivivos da morte” (Atanásio de Alexandria [296-373], Da encarnação, VIII)

“O Filho de Deus veio ao mundo [...] remir todos os homens [...] sofrendo em seu corpo em favor de todos os homens” (Atanásio de Alexandria, Sermão contra os Arianos)

“Portanto, desejando ajudar os homens, ele o Verbo habitou com os homens tomando forma de homem, tomando para si mesmo um corpo semelhante ao dos outros homens. Através das coisas sensoriais, isto é, mediante as ações de seu corpo, ele os ensinou que os que estavam privados de reconhece-lo, mediante a sua orientação e providência universais, podem por meio das ações do corpo reconhecer a palavra de Deus encarnada e através dEle vir ao conhecimento do Pai” (Atanásio de Alexandria, da Encarnação, XVI)

Cirilo de Jerusalém


“Não há um tipo de alma pecando por natureza e outro de alma praticando Justiça por natureza; ambas agem por escolha, a substância da alma sendo de uma espécie somente e igualmente em tudo” (Cirilo de Jerusalém [313-386], Leituras, IV)

“A alma é autogovernada: e embora o demônio possa sugerir, ele não tem o poder de obrigar a vontade. Ele lhe pinta o pensamento da fornicação: mas você pode rejeitá-lo se quiser. Pois se você fosse fornicador por necessidade, por que razão Deus preparou o inferno? Se você fosse praticante da justiça por natureza, e não pela vontade, por que preparou Deus coroas de glória inefável – cortês;amável ? A ovelha é afável, mas ela nunca foi coroada por sua afabilidade; visto que sua qualidade de ser afável lhe pertence por natureza, não por escolha” (Cirilo de Jerusalém, Leituras IV)

“Sois feitos participantes de uma videira santa: se permaneces na videira, crescerás como um cacho frutífero; porém, se não permaneces, serás consumido pelo fogo [...] Por isso, não desprezes a graça de Deus: Guardai-a piedosamente quando a receberdes” (Cirilo de Jerusalém, Cataquese, I, 4)

“Não maravilha se o mundo todo foi resgatado, porque Ele não foi apenas um homem, mas o Unigênito Filho de Deus” (Cirilo de Jerusalém, Cataquese, XIII, 2) 

Basílio Magno 

“Eles, então, que foram selados pelo Espírito até o dia da redenção e preservaram puros e intactos os primeiros frutos que receberam do Espírito ouvirão as palavras: ‘Muito bem, servos bons! Como fostes fiéis no mínimo, tomais o governo de muitas coisas’. Da mesma forma, os que ofenderam o Espírito Santo pela maldade de seus caminhos, ou não forjaram para si o que ELE lhes deu, serão privados do que receberam e sua graça será dada a outros; ou conforme um dos evangelistas, serão totalmente cortados em pedações, cujo significado é ser separado do Espírito” (Basílio Magno [329-379], Sobre o Espírito Santo, XVI, 40)

“Mas uma coisa foi encontrada que era equivalente a todos os homens, [...] o santo e precioso sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual foi derramado por nós todos” (Basílio Magno, Sobre Salmos 49, VII, 8, seção 4)

Gregório de Nazianzo

“...os detratores de tudo o que é louvável entenebrecedores da luz, inculturados em relação à sabedoria, por quem Cristo morreu em vão” (Gregório de Nazianzo [329-389], Sermão 45, Segundo sermão da Páscoa, XXVI)

“O Sacrifício de Cristo é uma expiação imperecível pelo mundo inteiro” (Gregório de Nazianzo, Sermão 2 para Páscoa)

Gregório de Nissa

“Sendo à imagem e semelhança [...] do Poder que governa todas as coisas, o ser humano manteve também na questão do Livre-Arbítrio esta semelhança a ele cuja vontade domina tudo” (Gregório de Nissa [330-395], Sobre a Virgindade, XVII)

Ambrósio de Milão


“Por isso o Apóstolo Diz: ‘os que dantes conheceu, também os predestinou’ (Rm 8.29). Ele não os predestinou-os antes de os conhecer, mas Ele predestinou à recompensa aqueles cujos méritos de antemão ele conheceu” (Ambrósio de Milão [337-397], Sobre a Fé, Livro V, 6, 82)

“Este místico Sol da Justiça foi levantado por Todos, veio para todos; Cristo padeceu por todos e Ressuscitou por Todos. Mas se alguém não crê em Cristo, está privando a si mesmo desde benefício universal [...] Cristo veio para salvação de todos, Ele empreendeu a redenção para todos, na mesma medida em que Ele trouxe um remédio pelo qual todos pudessem escapar, apesar de haver alguns [...] que não desejam ser curados” (Ambrósio de Milão, Sobre Salmos 118, Sermão VIII)

“Apesar de Cristo ter padecido por todos, Ele padeceu especialmente por nós” (Ambrósio de Milão [337-397], Sobre a Fé, Livro V, 6, 82)

João Crisóstomo

“Porquanto Deus, pôs em nosso poder o bem e o mal, deu-nos o livre-arbítrio da escolha, e quando não queremos não nos força, quando, porém, queremos, nos abraça” (João Crisóstomo, Homilia sobre a Traição de Judas, 1,3).

“Para respondermos a todos que insistem em perguntar ‘Como podemos ser salvos sem contribuir com nada nessa Salvação?’, Paulo nos mostra que, de fato, temos uma grade dose de contribuição nela: entramos com a nossa fé!” (João Crisóstomo [347-407], Homílias em Efésios).

Cirilo de Alexandria

“Tal qual uma pena utilizada para escrever ou uma flecha que precisa de um agente que dela faça uso, também a graça de Deus tem a necessidade de corações crente” (Cirilo de Alexandria [375-444], Leituras Catequéticas, 1, 1)

“A morte de uma carte é suficiente para o resgate de todas a raça humana, porque aquela pertenceu ao Logos, O Unigênito de Deus Pai” (Cirilo de Alexandria, Sermão sobre a “Recta Fide”, II, 7)

“A parte de Deus é derramar graça, mas a vossa é aceita-la e guardá-la” (Cirilo de Alexandria, Leituras Catequéticas, 1,1)

Ambrosiaster

“Esses são chamados de acordo com a promessa são aqueles que Deus sabia que seriam verdadeiros crentes no futuro, pois eles antes mesmo de crerem já eram conhecidos [Por Deus]. [...] Da mesma forma, [Deus] condenou faraó pelo Seu pre-conhecimento, pois sabia que este não se concertaria [...]” (Ambrosiaster 370 d.C.], Comentário às Treze Epístolas de São Paulo, ao comentar Romanos 8.28 e 9.14)

Teodoreto de Cirro

“Quando o cabeça da raça [adão] foi condenado, toda a raça foi condenada com ele; e então, quando o Salvador destruiu a maldição, a natureza humana ganhou liberdade” (Teodoreto de Cirro, Diálogos, III)

“Aqueles Cuja intenção Deus previu, Ele predestinou desde o princípio. Aqueles que predestinou, Ele chamou e justificou pelo Batismo. Os que foram justificados, Ele glorificou, chamando-os filhos. [...] Que ninguém figa que a presciência de Deus foi a causa unilateral dessas coisas. Não foi sua presciência que justificou as pessoas, mas Deus sabia o que aconteceria, porque Ele é Deus” (Teodoreto de Cirro [393-466], Interpretação de Romanos, trecho onde comentar romanos 8.30)”

Jerônimo 

“[...] Adão não pecou porque Deus sabia que ele faria assim, mas Deus, justamente pelo fato de ser Deus, sabia de antemão o que Adão faria pela sua livre-escolha” (Jerônimo [347-426] Contra os Pelagianos, Livro III, 6)







Notas
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[1] O termo sinergia, significa um conjunto de ações ou esforços simultâneos associados em prol de um mesmo fim, e que sugere implicitamente uma cooperação de formas mais ou menos equivalentes ou complementares para atingir um objetivo comum. Contudo; uma coisa que nenhum Pai da Igreja, teólogo arminiano ou semipelagiano defenderia – ontem ou hoje – é que a resposta cooperativa do homem ao chamado divino para Salvação é mais ou menos equivalente a de Deus no processo – entretanto, em detrimento a visão semi-pelagianista, os arminianos afirmam de forma mais clara e contundente que a salvação é uma obra totalmente divina; o ser humano tem apenas uma pequena participação – possibilitada por Deus – de carácter mais passivo do que ativo no processo inicial de sua Salvação; na fase inicial, só confia, aceita e se submete, e mesmo, depois de salvo, quando precisará se também ativo, “operando” a sua salvação com “temor e tremor” (Fp 2.12), isso só lhe será possível devido a sua nova natureza em Cristo gerada em seu ser pelo Espírito Santo, não se esquecendo do fato de que, ele precisará também continuamente do auxílio da graça divina, caso contrário a sua santificação e perseverança seriam impossíveis (Fp 2.13)


[2] O termo “semi-pelagiano”é extremamente impróprio, e fortemente pejorativo, Inúmeros especialistas asseveram o uso equivocado do termo “semi-pelagianismo” para se referir ao cassianismo e ao pensamento da maioria dos Pais da Igreja Pré-Agostinho, pois os chamados semi-pelagianos queriam ser qualquer coisa, menos “meios-pelagianos”. Seria mais correto chamá-los de “semi-agostinianos”, pois os tais se apoiaram na doutrina da graça e do pecado original de Agostinho – rejeitando explicitamente os pensamentos de Pelágio, Cassiano por exemplo, classificou-o como herético – contudo, não desejaram seguir toda a doutrina pregada por Agostinho devido as suas consequências. (O autor, Silas Daniel, no seu Livro "Arminianismo, A mecânica da Salvação" nas página 45-47, realiza citações diretas de mais de 18 obras acadêmicas, de diferentes autores, que corrobora com tal afirmação supracitada)

[3] Todas as Citações foram retiradas do Livro, "Arminianismo - A mecânica da Salvação" -  Silas Daniel